A mulher quando desperta para seus dons naturais tem o poder de ao mesmo tempo encantar e amedrontar, de iluminar e ofuscar.
A mulher quando desperta para sua natureza selvagem (não entenda selvagem como sem controle, mas como pura), percebe que tudo ao seu redor acontece a partir de seus desejos e sonhos, se desperta criadora de sua própria estrada, e tece sua própria teia de vida, sendo a bordadeira de seus sonhos mais íntimos.
A mulher quando desperta sua loba, seu animal interior e sua força, percebe que as pegadas deixadas por ela, são tão importantes quanto às pegadas seguidas até seu despertar, pois a partir daquele momento ela também faz parte da história consciente do feminino.
A mulher quando desperta o animal que anda de quatro patas no chão, pisando firme e sem medos, compreende que as sombras nada mais são do que aspectos do seu ser interior que precisam ser iluminados e aceitos, pois são importantes partes de sua alma e deve respeitá-las, pois é o alimento para sua coragem de mulher selvagem.
A mulher quando desperta para sua consciência profunda, sente-se profundamente conectada aos ciclos da natureza, as fases da lua, a água e sua fluidez, as árvores e suas raízes e frutos, a vida e a morte, as mudanças, pois sabe que estar viva está diretamente ligado a dança, que movimenta o corpo, pois estático é o corpo já sem o pulsar da vida.
A mulher que desperta sua força, não tem apego e dessa forma troca de pele, abandona os ossos que roídos, só lhe serviam de peso em sua jornada.
A mulher quando deserta fareja, intui, sonha e vê do alto de sua sabedoria o desenho da existência que vai se formando nas marcas de sua pele, rugas que são mapas de sua história sendo talhados, pelos amores que se permitiu viver, pelos atos corajosos que teve, pelas palavras que soprou ao vento, tal quais sementes lançadas ao ar, aguardando o momento de caírem em solo fértil.
A mulher quando desperta, sai da caverna do medo, uiva para a lua, corre solta pelas florestas fechadas e banha-se no rio em noite de lua cheia.
A mulher que desperta a alma, abre suas asas e, como a águia senhora dos ares, voa livre e encontra o infinito de suas possibilidades e somente pousa, quando vê um vale verde, onde suas flores possam brotar!
Rose Kareemi Ponce, Inspirado em Mulheres que Correm com Lobos