quinta-feira, 28 de junho de 2018

O Sagrado Masculino


Um masculino curado é aquele que com muita coragem, conseguiu resgatar a essência do feminino sagrado dentro de si, e por isso consegue honrar e proteger o feminino que se manifesta fora, na forma de mulher, na forma da Mãe Terra.
       Mesmo já tendo nascido com suas camisas de futebol e jogos de lutinha, estes homens decidem conscientemente ser ou não competitivos, pois compreendem os princípios da irmandade, da cooperação e respeito. 
     Mesmo que durante toda a sua vida tenham visto o corpo da mulher sendo propaganda de todo tipo de produto (de carro a cerveja), não escolhem suas parceiras pela medida do silicone, pelos músculos definidos do abdome ou por uma bunda perfeita... mas pelo gosto, pelo cheiro, pelo ritmo, pela frequência e conexão da alma, mente e coração. 
   Mesmo que a pornografia tenha regido os primeiros movimentos desta sexualidade, o masculino curado já não mais se alimenta de uma psicogênese de fantasias, mas sim de verdadeiras sensações, o que permite que ele realmente se empenhe em conhecer seu corpo e o corpo de uma mulher. 
       Ao se relacionar intimamente, o Masculino Curado se aceita vulnerável; mesmo que "homem não chore", este é capaz de entrar em contato com suas emoções, é capaz de externalizar o que sente e de receber os processos internos de outros.
   Assim, é totalmente auto responsável na cura e manutenção de suas relações. Estes homens, ao terem filhos, sabem que o cuidado não é de exclusividade da mãe; mesmo tendo tido uma infância de carrinho para meninos e bonecas para meninas.
       Ao ver sua mulher parideira, o masculino curado honra e admira ainda mais sua parceira, mesmo que tenham dito a ele que a medicina faz o trabalho mais bem feito. 
    Mesmo não tendo sido estimulados a se conectar com a Mãe Terra, estes homens são cuidadores, prezam pela sustentabilidade, pelo consumo consciente. 
    Por conhecer da Mãe Terra, se tornam capazes de honrar e respeitar os movimentos cíclicos das mulheres. Compreendem os ciclos de impermanência da vida, desenvolvendo consciência, estabilidade e equanimidade em seus processos. Compreendem seus próprios ciclos de vida; assumindo seus papéis e as responsabilidade de cada novo momento.
      Indo além da ditadura da juventude, este homem cíclico se permite também envelhecer; não precisa de mulheres mais jovens e nem de carros maiores. Ele sabe o momento de se retirar, e sabe de sua importância como pilar de manutenção da sabedoria na família e em toda a sociedade.
       Eu honro e me curvo diante deste masculino sagrado, que se cura, que tanto se arrisca a reinventar-se, a criar uma nova história, a romper as crenças e padrões. E convido a todas as mulheres a fazerem o mesmo, abrindo espaço e dando coragem para que estes amigos, filhos, pais e companheiros possam se redescobrir dentro desta sociedade... de homens e mulheres patriarcais. 
por Morena Cardoso

A sabedoria oculta do nosso útero


No nosso interior há uma força invisível, uma energia que nos balanceia, nos acompanha, nos convida a dançar, a mover e, acima de tudo, a conhecer partes de nós que descansam escondidas … O CICLO MENSTRUAL.
Muitas mulheres morrerão sem saber que têm um Tesouro, uma maravilha que lhes dá poderes e muita sabedoria sobre si mesmas e sobre o mundo à sua volta.
Vivem cegamente, evitando saber, esquecendo-se de conhecer.

… E vão dando encontrões e mais encontrões, contra si, contra o mundo, contra os seus parceiros, os seus trabalhos, algo está errado com elas. Porquê eu? Perguntam-se …
Como uma borboleta que quer sair do seu casulo, chegou o momento de conhecer a nossa natureza feminina e viver a nossa vida cíclica, uma vida conectada com as antigas forças da natureza, do nosso corpo e do mundo.

A DANÇA DO CICLO MENSTRUAL

A fase pré-ovulatório, A PRIMAVERA.
Eu sou pura energia e vitalidade!
Sinto-me renovada, com vontade de fazer mil coisas,
direta, determinada, extrovertida, …
Como uma planta que germina em busca do sol,
cheia de força, eu posso, eu SOU!
A fase ovulatória, O VERÃO.
Sinto-me completa, fértil, tranquila, empática.
Gosto de compartilhar o que eu sou e o que eu tenho.
Como uma macieira entrega as suas frutas
Eu entrego-me à vida.
A fase pré-menstrual, O OUTONO.
Sinto-me sensível, é hora do recolhimento,
ir lentamente até ao meu interior, à minha gruta.
Reflito sobre mim mesma, sobre a vida, sobre o mundo.
Começo a ver o que está oculto, o que não se vê.
Agora eu vejo com os olhos do útero
e posso conhecer a escuridão.
A fase menstrual, O INVERNO.
Estou tranquila, em paz, serena.
Respeito a minha energia baixa e descanso.
Sonho, conecto-me com o mais profundo do meu ser.
Como uma semente, como uma estrela,
a pulsar lentamente e a brilhar internamente.
Existo apenas para mim, só para mim, só para mim.
E este é apenas o começo, há mais, muito mais para saber sobre cada fase menstrual e desta dança ancestral feminina… recorda… escuta… para e sente…
Nós, mulheres necessitamos de recordar, necessitamos de viver em sintonia com a nossa natureza cíclica e compartilhá-lo, com outras mulheres, com as nossas filhas, com os nossos parceiros, com todo o mundo. As mulheres somos a metade do mundo ou mais e já é tempo de que se respeitem as nossas mudanças, os nossos ciclos e que se reconheçam e valorizem os nossos dons.
"Que corra o sangue!
Somente dos nossos úteros,
apenas uma vez por mês,
placidamente em direção ao chão, criando raízes,
atingindo o centro da terra,
para me conectar,
para me renovar.
Passa a palavra!"
Carla Trepat

A Lua no Organismo


Organização do tempo
No ocidente, dividimos o tempo em semanas…
Cada semana possui 7 dias e representa uma unidade do calendário lunar, que corresponde aos 29 dias e meio que a lua leva para completar seu ciclo de rotação em torno da Terra. A cada passo, uma posição diferente: nova, crescente, cheia e minguante.
Mudanças corporais
Durante cada fase lunar, Lua e Terra atraem-se mutuamente a partir da força gravitacional. Esta força na Terra é sentida mais sobre os líquidos do que os sólidos. A razão disso é simples: oceanos se movem muito mais facilmente do que montanhas.
Toda vez que ocorre a subida nas águas, sabemos que a lua atingiu o ponto mais alto do céu em relação a um determinado ponto da terra. Isso identifica que a lua está onde a água é mais atraída, ao ponto de aumentar de volume e se acumular. Assim, formam-se as marés.
Talvez pouca gente perceba, mas nós humanos também somos influenciados pela porção 70% de água que somos. Todos nossos líquidos corporais possuem as suas próprias marés.
Somos compostos internamente por água e possuímos em comum uma força interna que a expande, retrai e muda de posição, no mesmo ritmo e tempo das marés apresentadas pelos rios, mares e oceanos.
Por que é bom cortar cabelo na lua crescente?
Quando a força do sol se combina à da lua, é percebida a mudança de intensidade nas marés, que são classificadas como marés vivas e marés mortas.
As marés vivas ocorrem nos equinócios de primavera e outono. Ocorrem na lua nova ou cheia. Quando sol e lua estão em linha reta, as marés ficam mais fortes e os líquidos corporais se expandem. Cortar cabelo em maré viva significa perder sais minerais e outras substâncias essenciais ao desenvolvimento da raiz dos cabelos.
Nas marés mortas, as forças de atração entre sol, lua e Terra, se opõem entre si. As marés ficam mais fracas na lua crescente e minguante, momento em que os líquidos corporais se retraem.
Desse modo, cortar o cabelo nestes períodos é menos danoso, pois não haverá perdas de nutrientes tão significativas.
Lua nas Mulheres
Os ciclos lunares também estão presentes na feminilidade e nos fetos. Mulheres possuem ciclos menstruais de 28 dias e engravidam após 9 meses e meio, que correspondem a 9 e ½ ciclos de 28 dias.
Mulheres que vivem juntas e não são expostas à iluminação artificial excessiva, menstruam juntas, pois têm seus organismos sincronizados com a lua. A influência deste corpo celeste sobre as mulheres estaria ligada à luminosidade.
Você sabe em qual lua você menstrua?
Eu, particularmente, me observo e sinto a minha menstruação mudar a cada duas luas. Seguindo em transformação para as fases lunares subseqüentes.
Então, se eu menstruo na lua nova. Após dois ciclos menstruais seguidos nesta fase da lua, eu passo a sangrar nas luas crescentes. Depois das crescentes, sangro duas luas cheias… Até retornar à lua nova novamente.
A vida é cíclica! Independente da época em que vivemos e das modernidades que inventamos. Ela permanece cíclica e sagrada.
E quando tudo muda na sua vida…já reparou a lua da menstruação muda também?
Influência nos vegetais
 Do mesmo modo se explicam os ciclos da seiva nos vegetais…
Os ciclos lunares estariam a indicar o melhor momento para plantar folhas ou raízes, fazer podas e colheitas.
Quanto mais cheia a lua, mais seiva corre pelo corpo da planta, o que indica bom momento para podar os galhos quando se quer ver a planta mais viçosa.
Lua crescente, para plantar ervas e verduras.
Lua crescente quase cheia, ótima para plantar frutos.
Quanto menos cheia a lua, menos seiva nas plantas…
Lua minguante, melhor para fazer podas de galhos;
Lua nova, ótima para plantar raízes.
Promete que vai olhar a lua hoje? rs
Para saber mais, conheçam o livro: Eneida Duarte Gaspar. O Organismo Humano e os ritmos da Natureza. Editora Pallas.
Aline Chaves

Vulnerabilidade é Poder


O que em mim é sensível, o que em mim se permite abrir, perceber, ultrapassar as fronteiras da segurança ilusória e enfrentar o medo do desconhecido, é a mesma parte de mim capaz de conectar-se com o todo, capaz de expandir-se a ponto de sentir “ser Deus”.
Ali onde me sinto pequena e vulnerável, onde a minha criança chora porque se sente assustada demais para pedir ajuda, ali onde tudo parece grande demais e os medos crescem de debaixo da cama como sombras na parede do quarto, ali, exatamente ali, reside também o meu poder.
É nesse ponto, no enfrentar o monstro que se ergue, no tremer diante dele e ali poder chamar o guia interior para manter-me em pé: é nesse exato segundo que podemos colher o milagre se estamos atentos. Somente permitindo-me estar presente no meu instante de maior terror poderei ver que o monstro que me assusta é um brinquedo, cuja sombra foi amplificada pelo meu espelho. Somente ali, poderei olhar pela janela e perceber que é o escuro da noite a permitir que possamos ver as estrelas e redimensionar o universo nos parâmetros da sua grandeza. Saio do meu pequeno para me lembrar que de cima, sou parte de um grande quadro, de uma grande dança, e que meu grito sentido não perturbará o navegar dos astros. Ao contrário, se o interrompo antes que ele estilhace o meu pequeno ecossistema, antes que ele possa comunicar às minhas células o seu sinal de alarme, em mensagem de pânico e caos, será o átimo de contemplação da grandeza, o movimento da harmonia, a comunicar-lhe algo. Será então o universo a dizer, “repara quanta paz existe no girar de um planeta”, “observa com qual aceitação uma estrela fugaz explode no céu e desaparece, com qual desapego doa suas cinzas à imensidão vazia sem se perguntar sequer sobre a morte, sem ter percebido sequer um dia haver um corpo, e sem então sofrer na sua trasmutação porque toda a sua consciência apenas habita o existir.”
No meu medo há uma porta, e quando ele vem agradeço então a possibilidade de vê-la, e farei ainda melhor se abraçar a ocasião para passar por ela. Na vulnerabilidade recolho meus cacos, todo o meu ser que se alongara, se perdera, até não se reconhecer mais em si, recolho todo esse material inutilizado para reuni-lo de novo na extensão de meu umbigo, no centro de meu corpo, ali onde com um movimento vigoroso de músculos reúno toda a minha força para chamar a consciência para a matéria de novo e perceber num movimento simples o potencial de contração presente na origem de toda vida, de todo ser. Eu habito o meu centro, e mais do que isso habito cada parte de mim, toda a extensão de meu corpo, para não deixar entrar nada que não venha de minha suprema consciência. Sou a guardiã do castelo, e nesse momento defino, anuncio com firmeza na voz, que nada entrará aqui sem as minhas boas vindas, sem o meu consentimento, nada entrará aqui que não seja para preencher de luz e cor as flores que já desabrocham no meu jardim. São bem-vindas crianças com luz a brotar da alma que corram e preencham de som e alegria as bancadas entre as folhas, são bem-vindos pássaros, que com seu canto me concedam a contemplação do puro espírito em minha alma, são bem-vindas borboletas, telas vivas da arte do criador, espelhos para o meu infinito potencial de criação.
Aqui, no castelo de meu ser, de minha existência, eu habito em amor ao universo que existe em mim, que sou eu, e escolho que a lei que impera aqui é a lei do amor. Nenhuma folha se moverá e nenhuma palavra ecoará que não seja movida pelo sopro de amor do que em mim é eco do criador. Que assim seja, pois assim me  aproximo de novo da minha soberana identidade, vasta como tudo que existe.
"Sendo terra, sendo água, sendo mulher, aprendi que sou também abundância, e deixo correr os rios de minhas entranhas em mim."
Nessa grandeza, agradeço o medo que me abriu os portões de meu majestoso reino, ali quando eu pensava que só existia o frio de uma parede de pedras. A cada vez que existir em mim um prisioneiro, da dúvida, do medo, do rancor, da amargura, da raiva, do desacerto, da desesperança, do desamor… a cada vez que existir em mim um prisioneiro eu o farei trasnformar-se de novo em soberano, lembrando-lhe que poderá criar um castelo tão real quanto sua presente prisão. De seu ser vulnerável nasce o impulso de vôo, de oração. E é contactar o criador em sua bondade infinita para ter um vislumbre de como remover com um sopro as pedras de sua prisão.
Vulnerabilidade é poder. É a mesma abertura, a mesma natureza, a apresentar-se a nós como um presente de amor. É ela que bate à minha porta quando meu útero se derrama em sangue, dizendo-me do cosmo desconhecido que habita dentro de mim. “Olha-te dentro.” ela me diz. “Não vês que na matéria de teu sangue –  o mesmo que associastes à dor, ao sacrifício, ao sofrimento, à perda e à morte – está o potencial maior da própria vida? Não vês que bem ali, onde os outros te podem ferir e te feriram, está também a tua medicina, a tua única cura? Que do teu ponto de escuridão onde todas as dores se reúnem, onde todas as mulheres que choraram ainda choram, onde todos os gritos de desespero ainda ecoam, a fênix banha as asas em teu sagrado sangue e alça vôo rumo à libertação.” É assim que o nosso corpo nos ensina, é assim que a Grande Mãe falou a todas as mulheres em todos os tempos e fala ainda, porque nós somos filhas e aceitamos em nosso útero a semente da sabedoria da vida, porque um dia dissemos “sim”  à possibilidade desse milagre, dissemos “sim, eu aceito ser casa, porto seguro, para que o espírito que me deu vida renasça em mim e continuemos a compor a magnífica dança da criação.
“Não vês que na matéria de teu sangue – o mesmo que associastes à dor, ao sacrifício, ao sofrimento, à perda e à morte – está o potencial maior da própria vida?"
Com meu sangue dancei, com meu sangue chorei, com meu sangue pintei as paredes de meu altar, aceitando a harmonia em mim, aceitando a morte até na dor, rezando em voz alta à Mãe do Universo para que nos ensine a fazê-lo sem sofrimento, em ressonância com sua natureza de paz, complascência, amor e paciência infinita. Que possamos aprender a reconhecer em nós a vossa natureza de pura abundância, Mãe, e que possamos nos lembrar, a cada vez que nos sentirmos ameaçadas e vulneráveis, que já temos tudo, e que por sermos filhas, por habitarmos desde sempre em ti, nada, nunca, nos faltará. E é justamente a abertura que nos faz sentir medo que nos permite ser tudo.
Sendo terra, sendo água, sendo mulher, aprendi que sou também abundância, e deixo correr os rios de minhas entranhas em mim. Sinto-os percorrendo as minhas pernas, vejo-os em cor de lava quando se depositam de novo na terra fria e ali se consolidam e criam rochas que serão sustentação a nossas casas, em dois ou dois milhões de anos, como nos recorda a natureza dos vulcões, não importa realmente quando, se tudo existe já aqui. Rios de água cristalina, grandes erupções, água que navega para retornar ao oceano de onde nasce toda a criação. Repetimos em nós os mesmos milagres há mihares e milhares de vidas e ainda não nos deslumbramos o bastante… Como pode o ser humano ser tão ínfimo e infinito ao mesmo tempo, sem entrar em contradição?
Gratidão pelo que em mim, como mulher, ainda chora, e pelo que em mim, como mulher, escolhe a cura. Gratidão ecoa de mim na cor de minha caverna, de meu ventre rubro-sangue. Gratidão por poder sentir gratidão por receber o meu sangue. Gratidão de poder vivê-lo pelo que é. Eu ofereço uma de minhas lágrimas ao ventre de cada mulher que ainda não experimentou sentir essa gratidão. Nessa manhã, em que a verdadeira tinta de minha escritura é o meu sangue, esse é o presente que ofereço ao mundo. Com as mãos em concha recolho de meu útero o filhote que se prepara a seu primeiro vôo e, mesmo reconhecendo em suas pequenas asas o medo, ofereço-o à imensidão.
Por nós, mulheres, para que abracemos de novo o nosso poder. E pela nossa cura.
Larissa Lamas Pucci

Conectar e Expandir


"São palavras que aguçam a memória de um chamamento que já está feito, que está aqui e ali, espalhado, explicito ou camuflado no ar..."

Há palavras que tocam-me profundamente, pela imagem que evocam, por suas cores e sons, pela vibração que ecoa no corpo, por recordar-me o Grande Mistério…Sagrado, Natureza, Prazer, Mulher, Corpo, Ritual, Mãe, Terra, Ancestralidade são alguns exemplos que arrepiam; remontam e conectam algo dentro, acendem uma lembrança da existência de algo maior, mais real, mais puro e vivo. Creio que muitos também sentem esta força, ao ler, escrever, falar ou ouvir. E para trocar palavras de poder, em silêncio ou canção, nos encontramos.

São palavras que aguçam a memória de um chamamento que já está feito, que está aqui e ali, espalhado, explicito ou camuflado no ar. E quantas vezes eu paro, escuto e deixo-me levar? Quando e onde eu aplico a conexão que acredito? Quando onde eu ainda tenho medo, desacredito da minha intuição, desmereço meu poder, procuro um culpado do lado de fora ou quem possa se responsabilizar por meus atos frágeis? Alguma vezes, algumas tantas vezes, algumas raras vezes, por vezes, as vezes…

E então ouço novamente, outra onda de oportunidade para Amor, Celebração, Alegria, Raiz, Vida, Arte, Poesia, Partilha, Experiência, Teia, Feminina, Sexual, Profundo e respiro palavras que alimentam, envolvo-me nas sensações que elas transmitem, abraço a Lua, entrego-me ao Sol, horizonteio-me no Mar, conecto com o mais Divino e o mais Profano, assumo meus humores, minhas dores, minha morte e fico grata pela vida que pulsa, pelos ciclos que se repetem, pela Roda da Vida, que gira e gira, e Dança e Canta. Quando expando conexões, conto minhas histórias, estudos, vivências, insights, as palavras mágicas ganham formas e inspiram saltos e rodopios, assim como quando as ouço e as conforto em calmaria ou em explosão. Estar em Rede é permear e deixar-se permear, ser Nutriz e nutrida, beber o néctar das suas tetas e acalentar-se no seu colo, ser mestre e ser aprendiz, ser irmã, irmão e recordar… lembrar o que sou, o que sei, o tenho para oferecer…Despertar!
Marjorie As - Terapeuta e professora dedicada a Medicina Oriental, Massagens tradicionais e Artes de cura. Doula, Guardiã do Nascer, Mãe.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sou uma bruxa porque



"Sou uma bruxa porque:
Sempre que abro os olhos, ao despertar, me emociono por mais um dia para viver, livre e comprometida com as coisas e as causas da Grande Mãe. Neste momento, procuro refletir a respeito dos tantos dias que nos foram tirados, por inveja, injúria e cobiça, e peço luzes e força a Deusa Mãe para o dia de hoje.
Sou uma bruxa porque, ao abrir as janelas e respirar o ar da manhã, agradeço à Deusa pelo dom da vida e celebro o Pai ar pela sua presença em mim.
Sou uma bruxa porque, ao me alimentar, celebro aquele bendito alimento e bendigo todos aqueles que contribuíram com seu trabalho para que o mesmo chegasse à minha mesa.
Sou uma bruxa porque, sempre de alguma forma renasce o amor em mim, e minha alma agradecida transmite luz.
Sou uma bruxa porque sempre me envolvo e me comprometo a serviço da justiça e da paz no mundo.
Sou uma bruxa porque estou sempre insistindo em abrir as portas do meu coração, para transmitir os ensinamentos dos antigos e facilitar o despertar da grande arte nos corações dos que me cercam.
Sou uma bruxa porque estou sempre acendendo um fósforo sem maldizer a escuridão.
Sou uma bruxa porque busco a verdade sem jamais me conformar com a mentira e o subterfúgio.
Sou uma bruxa porque sempre renuncio ao egoísmo e procuro ser generosa.
Sou uma bruxa quando sorrio para alguém, mesmo estando muito cansada, pois conheço o valor do sorriso.
Sou uma bruxa quando preparo um chá que vai curar, ou pelo menos amenizar a enxaqueca daquela vizinha chata.
Sou uma bruxa quando tomo um animal em meu colo para lhe amenizar a dor. Quando planto e colho uma erva e agradeço a Gaia por tamanha dádiva.
Sou uma bruxa quando persigo a luz de uma estrela com o olhar e o coração nas trevas que nos circundam. Quando levo a fé nos Deuses por entre linhas, apenas com minhas ações.
Sou uma bruxa quando, em rijo, sinto o rio do sangue da vida que escoa nas minhas entranhas. Quando sou fogo que estimula o coito, e água que transforma e modifica cursos.
Sou uma bruxa porque me aconchego no seio sagrado da terra, voltando ao colo sagrado. Quando abro o círculo invocando os ventos do norte, buscando no canal dos antigos o néctar do renascer.
Sou uma bruxa porque quando falo em liberdade me sinto águia. Quando falo de sabedoria me sinto coruja, e quando falo do belo me sinto arara.
Sou uma bruxa porque estou sempre atenta ao perfume, que não posso derramar no próximo sem que também me atinja, e a lei tríplice se faz em mim.
Sou uma bruxa quando vivencio o sabor do pão partilhado. Quando procuro pedir perdão e recomeçar.
Sou uma bruxa quando me recolho ao silêncio perante um julgamento preconceituoso ou injusto a meu respeito, e entrego ao tempo, o único pólo óptico da verdade imutável.
Sou bruxa quando desenvolvo em meu ser a humildade de viver e morrer como o grão de trigo, para depois frutificar searas de luz, de tenacidade e de esplendor.
Sou uma bruxa porque estou sempre ressurgindo das cinzas como Fênix. E assim, retomo a minha vivência concreta, cujo itinerário principal é a minha Deusa interior, forte, guerreira, translúcida, serena e amorosa a despertar em mim.
Por tudo isso sou uma bruxa!" 

Graça Lúcia Azevedo / Senhora Telucama