segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A face ‘mulher’ da Deusa e a relação do feminino com os ciclos da Lua


Assim como a natureza, a mulher é movida por ciclos. Detentora da capacidade de gerar, tem no ventre o seu poder criativo. A fase “mulher” ou “mãe” é representada pela Lua cheia: remete a poder, a proteção e ao carinho maternal. É o momento de celebração, onde as flores e frutos estão no apogeu.

Na coluna anterior eu trouxe a ancestralidade como uma das faces da deusa que é construída por cada mulher ao longo da vida. Nesta jornada de descobertas e transformações, a fase “mulher” ou “mãe” é marcante e fundamental e para entendermos mais sobre o Sagrado Feminino, esse tema é o nosso assunto de hoje.

Os ritos reforçam a semelhança da mulher com a mãe natureza e seus ciclos e são cruciais na construção de nossa deusa interior, que passa por três fases: Jovem ou Donzela, Mulher ou Mãe, Sábia ou Anciã.

A fase “mulher” é o auge da magia que acontece diariamente dentro do corpo da mulher, muito semelhante aos ciclos na natureza. Pela natureza a mulher se guia e a natureza passeia pela orgânica da mulher. É possível traçar referências com a lua, com os trânsitos astrológicos ou com o funcionamento biológico.

A mulher é sagrada pelo simples fato de ser mulher e detentora da capacidade de gerar, tem no ventre o seu poder criativo. A mulher gera filhos, ou gera grandes projetos. Gera a cura, gera energia. A mulher pode gerar o que desejar. Pode escolher o caminho e desenvolver a capacidade intuitiva feminina. E a intuição é muito importante, é poder ouvir o sussurro da sua voz interior. É o sopro da deusa no seu ouvido.

O Ciclo Menstrual

O ciclo menstrual faz da mulher um ser cheio de particularidades e sensibilidade. Conhecer o funcionamento do seu corpo é fundamental para entender emoções, sentimentos e despertar o sagrado que há dentro de si.

Quando se observa seu ciclo, é possível definir um padrão de sentimentos, comportamentos, atitudes e ânimos e definir uma possível repetição e em que épocas acontecem, ou seja, verificar as fases da lua e a interferência no dia a dia, por exemplo.

Você pode ficar sempre mal humorada na lua minguante, ou comilona na lua cheia, e por isso o sagrado é um trabalho de autoconhecimento, pois traça paralelos dos ciclos da natureza com os ciclos naturais femininos.
Somos energia em movimento. Donzela, Mãe e Anciã fazem parte do ciclo de nascimento, vida e morte e representam as forças de criação, manutenção e destruição que constituem o ciclo da vida e da Natureza.

A fase Mulher ou Mãe é tempo de Lua cheia: representa o poder, a proteção e o carinho maternal. É o momento de celebração, onde as flores e frutos estão no apogeu. Momento criativo onde o máximo da cor e da beleza se manifestam.

A fase “Mulher” tem um papel diferente para cada mulher. Mesmo com vivências semelhantes, cada uma tem a sua experiência e o seu aprendizado.

A Grávida

Assim como a água sempre corre para o fundo, a grávida fica em maior proximidade e intimidade com os processos inconscientes. Ela deixa seu corpo físico e emocional fluir, entrega-se e se reposiciona sobre a base de sustentação, o apoio de seu substrato natural, ligado à Mãe-Terra.

Na era religiosa matriarcal, a Grande Deusa Mãe como Mãe-Lua, Mãe-Terra ou Mãe-Natureza, era o poder generativo, seu útero e seios eram venerados. Era a Deusa Criadora, mãe de tudo o que existe. O universo era visto como uma mulher dando à luz a todas as formas de vida. Na imagem da Deusa-Mãe, mulheres de tempos antigos encontravam o reflexo de sua natureza mais profunda.

O Sagrado e o Corpo

Muitas mulheres questionam essa questão do Sagrado Feminino valorizar o funcionamento do corpo feminino. Mas as que não tiveram filhos? As que tiveram que se submeter a cirurgias de mama, por exemplo, de útero, trompas, ovário e retirar esses órgãos?! Elas são menos mulheres por isso?

Obviamente que não. Toda dor, todo desafio, obstáculo a ser superado deve ser encarado como aprendizado, deve ser uma lição para evolução espiritual e não uma prisão para se viver em sofrimento. O Sagrado está além do corpo físico.

O foco deve estar sempre na solução e não no problema. Quando a mulher toma consciência desse padrão de pensamento, aos poucos supera e entende como aquele aspecto, inicialmente negativo, pode ser um instrumento de crescimento e pode fazer esta mulher especial e vencedora.

Você pode ver muitas mulheres com histórias semelhantes às suas, mas muitas vezes não tem entendimento porque encontraram soluções diferentes para problemas semelhantes. O entendimento só vem a partir da empatia e do não julgamento. Se colocar no lugar da outra antes de julgar qualquer comportamento é um grande aprendizado e, com certeza, leva ao crescimento, já que é um desafio.

Refletir sempre e filtrar emoções pode nos deixar mais relaxadas e capazes de construir opiniões verdadeiras a respeito de nós mesmas, a partir de outras mulheres. Empatia sempre.

Conheça as fases da Lua e a relação com as fases Femininas

Desde primórdios são três faces da lua consideradas como as três faces femininas: crescente, cheia e minguante, representando donzela, mãe e anciã. A Lua Nova é considerada a lua-sombra, que permeia as três faces. Mas como a lua é uma só, somos os quatro aspectos e também a unidade.

Lua Nova

A Lua Nova é a dos seres e dos aromas que correspondem ao elemento AR – É a infância e também o arquétipo da mulher-musa que alimenta a imaginação, misteriosa e encanta. Assim como o ar, não se revela.

Lua Crescente

Esta é a face da lua semelhante ao elemento FOGO – É a adolescente e a mulher impetuosa, guerreira – está em busca de se conhecer.

Lua Cheia

Esta é a noite ÁGUA – redonda, as emoções estão à flor da pele. É a maturidade e também a mulher grávida/mãe, intuitiva, sensível, amorosa.

Lua Minguante

Elemento TERRA, a mulher sábia, a matriarca, a anciã.


✏Tânia Jeferson
📷Mariam Sitchinava