"Eu sou a sombra mais profunda, o caminho a ser trilhado e a própria magia. Reverencie-me nas encruzilhas triviais e em todas as faces da Lua e eu lhe darei a chave dos mistérios universais!"
NO INÍCIO DE TUDO, HÉCATE FALA:
Quando o Universo atravessou os umbrais da existência
Em um fogo cósmico brilhante como um raio
Eu, Hécate, testemunhei o primeiro nascimento
Eu, Hécate, observava de soslaio
Enquanto a escuridão se tornava firmamento
Enquanto "O Nada" paria "O Tudo", que ainda haveria de ser
Eu existi entre os dois, caótica, poderosa, potente
Sol e Lua, Terra e Céus, Hades e o Olimpo ainda a nascer
Existo no entremundos, no crepúsculo, e no Sol poente
Sou o sopro que deixa seus pulmões vazios
Sou o grito desesperado do recém-nascido
Moro nas juras de amor sussurradas ao ouvido
E nas lágrimas da verdade, ricas em sal
Pois sou a zona cinzenta entre o bem e o mal
Ah... mas o que se criou há de se destruir
Tudo é cinza, e reino absoluta. Não há mal ou bem
Meu é o reino que não tem Rainha ou Rei
Meu é tudo o que não pertence a ninguém
Como portadora da chave, eu permaneci e permanecerei
E quando o Universo deixar de existir, aqui estarei.
Em um fogo cósmico brilhante como um raio
Eu, Hécate, testemunhei o primeiro nascimento
Eu, Hécate, observava de soslaio
Enquanto a escuridão se tornava firmamento
Enquanto "O Nada" paria "O Tudo", que ainda haveria de ser
Eu existi entre os dois, caótica, poderosa, potente
Sol e Lua, Terra e Céus, Hades e o Olimpo ainda a nascer
Existo no entremundos, no crepúsculo, e no Sol poente
Sou o sopro que deixa seus pulmões vazios
Sou o grito desesperado do recém-nascido
Moro nas juras de amor sussurradas ao ouvido
E nas lágrimas da verdade, ricas em sal
Pois sou a zona cinzenta entre o bem e o mal
Ah... mas o que se criou há de se destruir
Tudo é cinza, e reino absoluta. Não há mal ou bem
Meu é o reino que não tem Rainha ou Rei
Meu é tudo o que não pertence a ninguém
Como portadora da chave, eu permaneci e permanecerei
E quando o Universo deixar de existir, aqui estarei.
Extraído do livro A Magia de Hécate - Uma Roda do Ano com a Rainha das Bruxas
Por Naelyan Wyvern e Dylan Siegel, Ed. Madras
Hécate é a Titã Grega da magia, da feitiçaria, do parto, do tempo, do fogo, da proteção, da iluminação, do conhecimento, dos mistérios, da noite, do Submundo, do destino, da Lua, dos ciclos femininos, da maternidade, da fertilidade, do inconsciente, dos limiares, dos animais, dos desafios, da sabedoria, das encruzilhadas, das estradas, das viagens, da riqueza, da vitória, dos jogos, da eloquência na política, das escolhas, da religião, do lar, das ervas venenosas, da necromancia, dos espíritos infernais, dos fantasmas, da vidência, da profecia, da alucinação, da vingança, das maldições, da cura, da dualidade, da transformação, da purificação, da vida e da morte. Filha de Perses e Asteria (e prima de Apolo e Ártemis) ou de Tártaro e Nyx, dependendo da fonte, o significado de seu nome é bem obscuro e algumas suposições foram feitas: de uma palavra grega que significa “verdade”; de Hekatos, um epíteto de Apolo, podendo significar “A que remove ou move”, “A que opera à distância” ou ainda “A que lança dardos longe”; ou ainda pode derivar do nome da Deusa egípcia Heket que significa “Todo o Poder”.
Pouco se sabe acerca de seus mitos. Não porque fosse uma Titã pouco cultuada na Grécia Antiga, mas porque com a cristianização do mundo ocidental inúmeros documentos a seu respeito foram destruídos e sua imagem deturpada. Desta forma, pouco se sabe quem foi Hécate. Mas, ainda assim, Hécate é identificada como tendo um papel principal num dos mitos gregos mais importantes: a descida de Koré ao Submundo. Pois foi Hécate a propulsora de toda a história quando Koré lhe pediu ajuda, ocasionando assim na transformação da Deusa da Primavera para a Rainha do Submundo, Perséfone.
Sabe-se também que sua importância no mundo Helênico era tamanha que, mesmo com o fim do matriarcado, um de seus mitos permaneceu: caso uma oferenda fosse deitada em terra e o ofertante não destinasse a mesma para nenhuma divindade, automaticamente aquela oferenda seria de Hécate. Isso se dava, pois Hécate é a Rainha de tudo que não tem domínio, donos ou que não tem definição própria e, por isso mesmo, as encruzilhadas e as portas (umbrais) eram considerados reinos Dela, visto que a primeira não faz parte de nenhum dos caminhos e a segunda não está nem dentro e nem fora de casa (o mesmo valendo para os círculos mágicos e o período de Dedicação, pois no primeiro você não está em nenhum mundo e no segundo você é um sacerdote sem ser um sacerdote ainda). Hécate também tem papel importante no retorno das almas a Terra, pois durante a primavera e o verão, que Perséfone se ausenta do Submundo para ficar com sua mãe Deméter, Hécate assume o posto de Rainha do Submundo e todas as funções de Perséfone naquele reino.
Seu reino é tanto o Submundo quanto o céu, a terra e o mar e sua influência se dá em todas as esferas. Mesmo não sendo uma Deusa do Dodecatheon, Ela é extremamente respeitada e temida por todas as divindades. Tem o poder de criar ou reter com tempestades, o que fez com que caísse nas graças dos marinheiros e pastores. Hécate também é a instrutora, a guia, a mestra da magia, a Rainha das Bruxas (epíteto atribuído a Ela recentemente pelo movimento neopagão), mas Ela também é a Titã da Sabedoria. Ela nos ensina que o que é conquistado é muito mais valorizado do que aquilo que é dado, por conseguinte, nunca entrega nada gratuitamente. Por isso mesmo, caso queira algo em troca Ela sempre traz um desafio que, sendo superado, vem junto a uma recompensa.
Por vezes era chamada de Mãe dos Anjos como uma alusão a ser a líder dos Daimons: seres que acompanham os seres humanos e que são guias das almas encarnadas (semelhante aos espíritos lares em Roma e aos Malakl adotados pelo cristianismo). Vale ressaltar ainda que um de seus epítetos, Angelos, a determina como A Mensageira e Senhora dos Oráculos, a ponte de comunicação entre os Deuses e os homens; um papel também compartilhado com outros Deuses, como Hermes e Íris. Outro de seus epítetos, Epiphanestate, a classifica como a pura Alma do Mundo Cósmico, ou seja, Ela sendo considerada o próprio universo e o mistério que a tudo permeia – tamanha sua força e imponência perante os Antigos.
Por ter sido a única Titã a ficar ao lado dos Deuses na Titanomaquia (Guerra entre os Deuses e os Titãs), Ela foi presenteada por Zeus com as Lâmpades: ninfas do Submundo que carregam archotes, também chamadas de nymphae avernales (Ninfas do Submundo). Suas tochas tem o poder de levar pessoas à loucura e fazem parte do séquito de Hécate por onde quer que a Deusa vá em suas viagens e peregrinações.
É representada de várias formas. Suas primeiras imagens a retratam como uma Donzela com trajes curtos e botas de caça, enquanto que nas representações mais tardias A vemos como uma Anciã com mantos longos ou como uma mulher tripla: três donzelas ou ainda uma donzela, uma mãe e uma anciã; raras representações a mostram como tendo quatro faces. A primeira vez que foi representada em forma tripla, pelo escultor Alcamenes e relatado por Pausânias, foi em uma estatueta em frente à Deusa Nike. Esta Deusa sempre era representada acompanhando Athena e, sendo Hécate posta à frente de Nike, pode-se interpretar que formava uma trindade com essas Deusas: Atena representando a estratégia nas batalhas, Nike a vitória sobre os inimigos e Hécate àquela que não desamparada nenhuma alma e que por isso leva os mortos em combate para o Submundo – Hécate Psychopompe.
Alguns de Seus símbolos são: trono, tochas, chave, lobo, cães, serpentes, sapos, éguas, vacas, corujas, doninha, porcos, lagartos, salmonetes, ovelhas negras, cânforas, punhais, caveiras, trívias, Triluna, Strophalos, foice, chicote, corda, máscara, portas e espelhos. Dentre os símbolos atribuídos a Ela, um deles é equivocado: Cérberus. Cérberus é o cão de três cabeças, Guardião dos Portões do Submundo, e presta obediência primeiramente à Hades para depois se curvar à Perséfone e/ou Hécate. Ainda assim, é um animal mitológico que trabalha muito bem em conjunto com Hécate. Para suas oferendas os devotos erigiam um altar com pedras em alguma encruzilhada e deitavam, dentre várias coisas: vinho, água, alho, bolos, mel, manga, carnes cruas, teixo e açafrão. Algumas outras plantas relacionadas à Deusa são o acônito, beladona, ditamno, mandrágora, abrunheiro, alho, azaleia, açafrão, louro, olíbano, patchouli, sálvia, mirra, cipreste, arruda, absinto, artemísia e o carvalho. Seu templo mais importante, e único conhecido, ficava na cidade de Lagina e seu culto era presidido por eunucos, mas também era muito honrada na cidade de Atenas como protetora dos lares num culto conjunto com Zeus, Hermes, Héstia e Apolo.
Seu culto ocorria durante o deipnon, ou seja, um dia antes da Lua Nova (também chamada de Lua Negra) em que se fazia uma refeição para Hécate e os mortos numa encruzilhada com o objetivo de aplacar o desejo de vingança dos mortos. A refeição consistia em ovos crus, bolos, alho, alho-poró, cebola, peixe e incenso. No dia seguinte, na Noumenia, era realizado um sacrifício a Ela com o objetivo da expiação, em que se sacrificava um cão para que qualquer ofensa contra Hécate fosse esquecida. Por fim, lia-se as entranhas do animal para verificar se o sacrifício tinha aplacado qualquer ato de ofensa. E, ao terceiro dia, no Agathos Daimon (seguinte a Noumenia), era feita uma purificação da casa que consistia em duas etapas: a primeira uma fumigação e a segunda uma remoção das sobras de oferendas e sacrifícios anteriores, onde se pegava o prato da fumigação (que era considerado uma sobra), cinzas de incensos, cinzas de sacrifícios, sangue, resíduos e quaisquer alimentos que haviam caído ao chão. Estes eram levados a um santuário de Hécate ou encruzilhada e deixado lá pelo peticionário, ao que este deveria ir embora sem olhar para trás. Os romanos A cultuavam em todo dia 29 de cada mês, enquanto que os gregos A cultuavam no dia 30 de Novembro.
Por ser representada como a Deusa da Lua foi confundida com algumas deidades como Ártemis, de onde pode ter surgido força para a interpretação de que seu nome tem relação com o epíteto de Apolo, já que, como Ártemis, Hécate seria irmã de Apolo e a Lua Crescente seria seu arco para “lançar dardos”. Também equiparada à Deusa Selene, que também é vista como a própria Lua e, portanto, casada em alguns tipos de culto com o Deus Grego Pã (já que Ele desposou Selene).
Os neopagãos ainda a cultuam no dia 13/08, porém, esta data nunca foi confirmada como sendo tradicionalmente separada para a adoração à Hécate. O conhecimento acerca da data é de que a Deusa Diana, também representada pela Lua, era cultuada neste dia, mas de acordo com Ruickbie, Hécate realmente era adorada neste tempo. Pode-se então supor que a data foi pega emprestada, na reconstrução do seu culto, para que os novos adoradores tivessem uma época do ano em específico para relembrá-la. Também está sendo realizado em todo 25/05, desde 2010, por alguns neopagãos um ritual chamado Rites of Her Sacred Fire (Rito das Suas Chamas Sagradas) que visa honrar e engrandecer o nome de Hécate.
Também foi correlacionada com a Deusa Egípcia Ísis por Lucius Apuleio na obra Asno de Ouro, por todas as variáveis correspondências que as duas Deusas possuem em comum, como: Deusa da Magia, Rainha dos Céus, Chefe dos Poderes Divinos, Progênie Inicial dos Mundos, etc. Também foi vista como Erishkigal na Babilônia, pois ambas presidem como Rainhas do Submundo e são Aquelas que punem na vida após a morte.
No culto atual à Hécate dentro de religiões como a Wicca, a Titã assumiu o papel de Rainha e Madrinha das Bruxas, sendo representada pela Lua e tendo domínio sobre todas as artes mágicas. É vista como uma Donzela na fase Crescente da Lua, como Mãe na fase Cheia e como Velha na fase Minguante. Existe ainda a face oculta da divindade cultuada apenas na Lua Nova ou Negra. Nas formas como é cultuada hoje pelos neopagãos Hécate é vista através de uma Trindade, em que se correlaciona Ela com Ártemis e Selene, sendo a primeira a representação da Lua Crescente e a segunda da Lua Cheia; Hécate, então, seria a Lua Minguante. Ou, quem sabe, pode-se visualizá-la como complemento das Deusas Perséfone e Deméter: sendo a primeira a Deusa Donzela e a segunda a Deusa Mãe; Hécate, por fim, seria a representação da Deusa Anciã (nas visões mais clássicas Hécate era a Donzela, Perséfone a Mãe e Deméter a Anciã). De toda forma, no mundo moderno é vista principalmente como uma Deusa Anciã, com um cajado na mão e o Cérberus na outra e que aguarda os feiticeiros nas encruzilhadas para os abençoar.
HINO À HÉCATE
"Vai-se o dia, sobe a Lua
Álgida treva no arco celeste
Olhai de frente a sombra nua
Pés ao caminho do bosque agreste
Álgida treva no arco celeste
Olhai de frente a sombra nua
Pés ao caminho do bosque agreste
Ladra lá longe, augúrio da Sorte
Cães do abismo, porteiro da Morte
Árvore egrégia na encruzilhada
Gélido altar na bruma estrelada
Cães do abismo, porteiro da Morte
Árvore egrégia na encruzilhada
Gélido altar na bruma estrelada
À fria luz do silêncio astral
Sibilam os ventos por entre as pragas
Conclave na névoa da Hoste Espectral
Mais trasgos e bruxas, corujas e magas
Sibilam os ventos por entre as pragas
Conclave na névoa da Hoste Espectral
Mais trasgos e bruxas, corujas e magas
Urdindo sortilégio
Pedindo privilégio
À Vingadora
Aterradora
Pedindo privilégio
À Vingadora
Aterradora
Pálida face de lívido plasma
Em trono augusto de funda caverna
Tríplice Rainha da Corte Fantasma
Reina Suprema na Noite Eterna"
Em trono augusto de funda caverna
Tríplice Rainha da Corte Fantasma
Reina Suprema na Noite Eterna"
Suas Equivalências Divinas
Deusa Hécate
Deusa Ártemis
Deusa Diana
Deusa Selene
Deusa Ísis
Deusa Heket
Deusa Erishkigal
Epítetos
Perseis (Filha de Perses)
Brimo (Terrível)
Aidônaia (Senhora do Inferno)
Triphormis (De três formas / De três faces)
Triodia / Trioditis (Das encruzilhadas / Dos três caminhos)
Enodia / Einodia / Ennodia (Dos caminhos)
Zerynthia (Da Montanha de Zerynthia)
Nyktipolos (Caminhante da Noite)
Atalos (Carinhosa)
Khthonia (Do Submundo)
Kourotrophos (Enfermeira das Crianças)
Skylakagetis (Líder dos Cães)
Kouré Mounogenês (Donzela Unigênita)
Liparokrêdemnos (De véu brilhante)
Eneroi Anassa (Rainha dos Mortos)
Angelos (Mensageira / A do oráculo / Sobrenome de Ártemis, mas segundo relatos, o nome original de Hécate)
Pheraea (Sobrenome de Hécate)
Phosphorus (Da luz)
Crateis (Poderosa)
Antania (Inimiga da Humanidade)
Antea (Guardiã dos Sonhos e das Visões)
Propylaia (Protetora das portas, casas e famílias)
Propolos (Conselheira)
Soteira (Salvadora)
Prytania (Rainha dos Mortos)
Kleidouchos (Guardiã das Chaves)
Tricefala (De três cabeças)
Hekateris (Das mãos dançantes)
Adamanthea (Inconquistável)
Agrotera (Caçadora)
Apotropaia (A que espanta/protege)
Argiope (Medonha / De rosto selvagem)
Arkula (Ursa)
Basileia (Rainha das Serpentes)
Boukolos (Pastora de bois)
Despoina (Amante)
Eileithyia (Parteira)
Epaine (Incrível)
Epiphanestate (Manifestação da Deusa)
Lampadophoros (Portadora das Tochas)
Lycania (Dos lobos)
Phileremon / Phileremona / Philermonia (Amante da Solidão)
Phryne (Dos sapos)
Prothegetis (Líder)
Psychopompe (Guia das Almas)
Tergeminus (Três vezes nascida)
Krataus (Forte)
Triglathena (significado obscuro, mas que imagino ser de um culto triplo das Deusas Hécate, Atena e Nike)
Clavigera (Portadora das Chaves)
Dallan Chantal