quinta-feira, 18 de junho de 2009

O SIMBOLISMO DA ARANHA



A aranha, como uma epifania lunar, é dedicada à tecelagem e fiação. Seu fio evoca as Moiras ou Parcas, mas seu simbolismo é um pouco diferente. Sua teia é uma imagem do mundo criado e como tecelã se faz senhora do destino. Mas quem é ela? Seria a aranha a artesã do tecido do mundo, ou do véu da ilusão que dissimula a suprema Realidade?

Seu simbolismo encontra-se em muitas culturas do mundo, dependendo do lugar ela pode vir a ser uma criadora cósmica, uma divindade superior ou um demiurgo.

Considerado o criador do mundo, mistificador da mitologia do oeste africano, respeitado pela sua rara inteligência, possui muitos nomes entre eles: Anansi ou Anansê. Esse deus-aranha é conhecido pelo nome popular de "Mister Spider" (Senhor das Aranhas). As façanhas deste personagem criaram contos populares na África Ocidental, que alcançaram às Antilhas, o Haiti e à América do Sul. Anansi engana outros animais e os homens (pode tomar qualquer forma), mas seu maior trunfo é o seu profundo conhecimento psicológico de suas vítimas. Confirmando assim, um antigo provérbio: "A sabedoria da aranha supera a o mundo". Originalmente, foi Anansi que criou os primeiros humanos, assim como o Sol, a Luz e as Estrelas.

A aranha, aparece como mito para os ameríndios Navajos, no qual Nayenezgani (matador de monstros) e Tobadzistsini (Nascido das águas), os gêmeos heróicos, em sua viagem com o deus Sol encontram a Mulher-aranha, que os advertem sobre os perigos futuros e lhes presenteia com penas mágicas para ajudá-los em sua procura.


Na mitologia do povo que habita a Ilha Banks (Melásia), Marawa, o espírito-aranha, é amigo e adversário de outro grande espírito, Qat, o benevolente. Em versões conhecidas, Marawa representa a morte ou é ele que traz a morte para o mundo.

Algumas vezes a aranha é um animal que representa a alma. Na Sibéria ela é a alma liberta. Para os muícas da Colômbia, a aranha, em um barco feito de teia, transporta através dos rios das almas os defuntos que devem ir para o Inferno. Entre os astecas ela é o símbolo do deus dos Infernos. Para os montanheses do Vietnã do Sul, a aranha também é uma forma da alma, que escapa do corpo durante o sono. Matar uma aranha é portanto, arriscar-se a matar também um corpo que encontra-se adormecido.

Na cultura popular de algumas regiões da França, a aranha algumas vezes traz bom agouro e pode ser presságio de dinheiro extra. As superstições são variáveis, há quem diga que ao se ver uma aranha logo pela manhã, é sinal de chegada de uma tristeza. Mas, se ela for vista à noite, é esperança.

Os feiticeiros do Congo e de Gana recolhem cuidadosamente suas teias, pois por ser elásticas e muito resistentes, protegem contra os ferimentos e os venenos.

Na baixa Bretanha, afirmava-se que existiam aranhas-duendes, as quais, de dia, eram aranhas comuns, mas à noite, tornavam-se grandes e podiam até estrangular um homem, ou se tornarem forma de duende.