terça-feira, 26 de maio de 2015

Kundalini: A poderosa Serpente de Luz

Kundalini: a poderosa serpente de luz


Kundalini Shakti, na mitologia hindu, é o nome da deusa que possui o poder de gerar a vida. Ela é a deusa esposa de Shiva, que representa a força masculina criadora, onde se encontra a semente da vida. Kundalini é a força que representa o poder feminino sagrado, maternal e sexual de criação.


Essa energia dorme profundamente e está enrolada no primeiro chacra, chamado pelos hindus de Muladhara, que se localiza na região do períneo (extensão de pele localizada entre o ânus e os órgãos sexuais). Essa energia é simbolizada por uma serpente que permanece enrolada três vezes e meia e, quando desperta, sobe através dos chakras até se encontrar com sua força complementar, Shiva.
Cada um de nossos chacras emanam energia e funcionam como uma roda; cada um deles é um centro de consciência que possui uma missão específica de nos despertar para as diversas etapas do processo de ascensão.
Toda vez que um chacra se ilumina e domina as tarefas de sua missão, nós evoluímos e damos mais um passo em direção a nossa ascensão. E Kundalini Shakti, por meio desse processo, percorre um caminho ascensional através de nossa medula – ou canal Sushumna – e dos nossos chacras.
Existem milhões de chacras no corpo humano, mas os principais são sete somente, que estão vinculados às glândulas endócrinas principais, e que gerenciam todos os outros chacras secundários.

O Caminho de evolução de Kundalini Shakti no corpo Humano

Primeiro estágio – 1º Chacra ou Muladhara:

É conhecido como a base ou a raiz. A missão que devemos cumprir nesse chacra é aprender a andar sobre a Terra de forma leve, feliz e harmoniosa.
É o chacra vinculado às glândulas suprarrenais e à produção de adrenalina. Quando equilibrado, produz o espectro vermelho. Ele corpo se desequilibra quando não conseguimos desenvolver nossa caminhada porque falta estrutura, por não conseguirmos suprir nossas necessidades básicas. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças nos ossos, no sangue, na coluna vertebral, nas pernas e nos pés.
Aqui se concentra a força básica e primordial da Kundalini Shakti não desperta, dormindo profundamente com suas raízes introduzidas no elemento Terra. Nesse estágio, ela permanece em sono, enrolada três vezes e meia.
Essas três voltas representam as três gunas, que são as qualidades do mundo fenomênico ou material: Sattva, Rajas e Tamas.
  • Sattva representa o conhecimento e a espiritualidade;
  • Rajas representa as emoções desenfreadas, as paixões e desejos; e
  • Tamas representa o adormecimento, a ignorância, a confusão, o primitivismo.
A meia volta final da Kundalini representa a liberação da ilusão e das três gunas. Nesse chacra, Kundalini assume a forma do elemento Terra.

Segundo estágio – 2º Chacra ou Swadhistana:

É conhecido como o chacra sexual. A missão deste plexo é o sucesso e a harmonia nos relacionamentos, em nossa autoestima e em ter prazer de viver a vida.
Vinculado às glândulas sexuais e à produção de testosterona, nos homens, e progesterona, nas mulheres. Quando está equilibrado, produz o espectro laranja. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos nos relacionar de forma harmoniosa com as outras pessoas e conosco. Quando fica por muito tempo desequilibrado, podem se manifestar doenças físicas na região dos órgãos sexuais e do baixo ventre.
Quando a Kundalini é desperta e ascende até o esse chacra, ela assume a forma de uma serpente de água, que representa o líquido amniótico do útero materno, assumindo a condição de criadora da vida através do ato sagrado da relação sexual.

Terceiro estágio – 3º Chacra ou Manipura:

Esse chacra é conhecido como umbilical, e sua missão é exercer o poder pessoal sobre a Terra de forma equilibrada, não permitindo que o ego negativo vença, mas também impedindo que exista vitimização e autopiedade. Poderíamos dizer que a missão desse chacra é contribuir para que vivamos a vida com sabedoria, trilhando o caminho do meio, através da compaixão, da tolerância e do contexto de eternidade.
O 3º chacra é vinculado aos órgãos do sistema digestivo e à produção de insulina, e a diversos ácidos e outras substâncias estomacais. Quando em equilíbrio, produz o espectro amarelo, a cor vinculada ao poder e à sabedoria. Esse corpo se desequilibra quando não conseguimos exercer nosso poder de forma harmoniosa e nos descontrolamos nas emoções, produzindo raiva, medo, mágoa, ansiedade, compulsão, paixões obsessivas e tantas outras emoções negativas.
Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem aparecem doenças físicas nos órgãos vinculados à digestão: fígado, estômago, intestinos, baço e pâncreas.
Nesse estágio de ascensão, a Kundalini assume a forma de uma poderosa serpente de fogo, pois incorpora as características das paixões, obsessões e desejos desenfreados. É a força mais difícil de ser equilibrada, pois o fogo é um elemento volátil, que quando em desequilíbrio pode se apagar ou causar um incêndio com grandes danos ao nosso corpo, mente e espírito.
Esse fogo que rege o chacra, se estiver equilibrado, é como uma fogueira que é capaz de nos aquecer e nos auxiliar no cozimento de nossos alimentos. Esse fogo representa nossa vontade incendiada, equilibrada ou apagada.

Quarto estágio – 4º Chacra ou Anahata:

Conhecido como chacra cardíaco. A sua missão é promover o equilíbrio entre nosso “eu terreno” e nosso “eu divino”. Esse chacra também está ligado ao sentimento de amor, compaixão, sabedoria, paz, equilíbrio e cura.
O 4º chacra é associado aos órgãos do sistema cardíaco e respiratório e à produção de hormônios da glândula timo. Quando está em equilíbrio, produz o espectro verde, a cor vinculada ao equilíbrio, à cura e ao amor universal. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos amar com equilíbrio e quando nos deixamos levar pelos apegos e pelo materialismo excessivo.
Quando esse centro de energia fica em desequilíbrio por muito tempo, podem ocorrer doenças físicas nos órgãos vinculados ao sistema cardíaco e respiratório: coração, sistema vascular e pulmões.
Chegando até aqui, Kundalini Shakti assume o formato de uma serpente de ar, que revela o poder sublime do amor verdadeiro, incondicional e compassivo. Essa forma da Kundalini nos revela uma sensibilidade romântica, sutil e amorosa.

Quinto estágio – 5º Chacra ou Vishudda:

Conhecido como chacra laríngeo, tem a missão possibilitar a comunicação e a expressão de nosso “eu divino”. Também está vinculado à realização de projetos, metas, objetivos e colocar na prática aquilo que se deseja.
Esse chacra é associado à garganta, à glândula tireóide e paratireóide e à produção de tiroxina, um hormônio que purifica o sangue e regula o peso do corpo físico. Quando está em equilíbrio, produz o espectro azul claro, a cor vinculada à paz celeste e à tranquilidade.
O desequilíbrio do quinto chacra acontece quando não conseguimos expressar nossos ideais, seja por meio da fala, dos gestos, da escrita ou das artes, quando bloqueamos nossas formas de expressão por vergonha ou timidez. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas na região da garganta, dos ombros, dos braços e das mãos – que são extensões de nossa garganta.
Quando a Kundalini consegue subir até este estágio, ela se transforma em uma serpente de som, que emana para o universo o sinal sonoro correspondente a tudo o que desejamos materializar e realizar. É a força da materialização que reside em nossa garganta (através das palavras que proferimos) e em nossas mãos (através das ações que realizamos), para captar uma energia imaterial e transformá-la em realização material.

Sexto estágio – 6º Chacra ou Ajna:

Ele também é chamado de chacra frontal e tem a missão de sincronizar nossa mente com os ideais e os objetivos da Mente Divina para que possamos realizar, por meio de nossos pensamentos, os projetos divinos. Está vinculado à consciência espiritual e à criação de realidades supremas.
Esse chacra é vinculado ao lobo frontal, aos olhos, aos ouvidos e às narinas, conectando-se ao corpo físico por meio da glândula hipófise ou pituitária, controlando a produção das glândulas de todos os chacras antes citados. Quando está em equilíbrio, produz o espectro azul índigo, a cor vinculada à consciência, à Mente Divina, ao conhecimento e ao discernimento.
Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos organizar nossos pensamentos, quando há confusão mental e ideias fúteis, desconectadas da Mente do Grande Criador. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas na região dos ouvidos, do nariz, dos olhos e do cérebro.
Quando a Kundalini Shakti chega no ajna, ela se transforma em uma serpente de luz, o que pode ocorrer em práticas muito profundas, meditativas e contemplativas. Nesse estágio, a mente se torna una com a mente de Deus, e os poderes mentais adquirem aspectos divinos.
Dificilmente a Kundalini chega até esse nível, salvo por praticantes muito disciplinados, pois o psiquismo contaminado da Terra, somado à mente agitada do homem moderno, causa bloqueios tão grandes, que dificilmente a força de Kundalini consegue permear o 6º chacra livremente sem encontrar nenhum bloqueio. Existem relatos de gurus e grandes iniciados, que mencionam essa experiência como o encontro com a “Mãe Divina”.

Sétimo estágio – 7º Chacra ou Sahashara:

Conhecido como coronário ou da coroa, e também como chacra akáshico. Isso quer dizer que nesse chacra reside nosso akasha, a morada do espírito, onde constam nossos registros, nossas memórias, nosso inconsciente e nosso DNA espiritual. A missão do 7º chacra é conectar-se com a Fonte Divina, com o sentimento de amor divino e a fé, e cuidar do nosso relacionamento espiritual.
Ele é vinculado ao cérebro, e se conecta ao corpo físico por meio da glândula epífise ou pineal, controlando a produção das glândulas de todos os corpos antes citados. Quando está em equilíbrio, produz o espectro violeta, branco ou dourado, cores vinculadas à divindade.
O 7º chacra se desequilibra quando não conseguimos desenvolver a espiritualidade, quando existe ceticismo, falta de fé e de relação com o Divino. Quando se encontra desequilibrado por muito tempo, podem ocorrer doenças degenerativas do cérebro, síndrome do pânico, depressões e tendência suicida.
Quando a Kundalini chega nesse estágio pouco conhecido (raros são os relatos), ela assume a forma de uma serpente de energia cósmica, e transita livremente pelo nosso espírito, proporcionando o processo ascensional de libertação da matéria, pois há a completa compreensão e realização da missão da alma. Raros são os que já atingiram este ápice, que só se dá com gurus, santos e Grandes Mestres da Humanidade.

O Papel dos chacras na ascensão da Kundalini


Analisando cada um dos chacras, podemos perceber que cada um deles representa uma das muitas partes do nosso “eu”, e unidas formam o ser humano integral, possuindo muitos desafios a cumprir em cada um desses centros de energia.


Tudo o que acontece nesses sete centros não materiais é refletido no corpo físico. E tudo aquilo que fazemos ao nosso corpo físico é gravado nos chacras e ecoa pela eternidade. Embora abandonemos nosso corpo físico no final de cada vida, ele deve ser honrado, cuidado e preservado, para que os corpos sutis estejam sempre saudáveis e para que a força de Kundalini Shakti consiga fluir livremente pelos chacras com equilíbrio e propósito.
O trabalho com a Fitoenergética vem ao encontro de manter a saúde dos nossos corpos físico e sutis, e curar todos os desequilíbrios que estejam instalados.

Mitos e Erros sobre Kundalini e Sexualidade


Muitas pessoas com conhecimento superficial sobre a cultura da Índia associam a Kundalini à energia sexual apenas.
Como as maiores descrições dos fenômenos da Kundalini se encontram no Tantra, o texto sagrado hindu, que é monista e coloca a energia sexual como sagrada e geradora da vida, o Ocidente “profano” considera o tantra uma tradição apenas sexual, o que difere totalmente do que é ensinado na Índia. E é por isso que muitos “especialistas” ocidentais advertem quanto ao perigo de praticar a Kundalini Yoga e despertar esta energia adormecida no momento inadequado ou de forma forçada.
O Tantra considera o corpo humano um templo sagrado, onde todas as manifestações de Kundalini Shakti, seja de forma sexual, mental, emocional, espiritual, são as formas sagradas de encontrarmos a Deus dentro de nós mesmos.
A visão tântrica também considera que o ser humano é parte integrante da natureza e que assim deve viver: como um ser natural, integrado, ecológico e que sente prazer pela vida, em respirar, em viver e desenvolver a plenitude de sua integração com Deus através de um caminho equilibrado e consciente da Kundalini Shakti que habita em cada um de nós.
O tantra considera que a força masculina Shiva vem do céu, e que a força feminina Kundalini Shakti vem da terra. Essas duas energias serpenteiam os chacras, encontrando-se e fazendo amor o tempo inteiro dentro de cada um de nós. Isso acontece se essas duas forças não encontrarem bloqueios emocionais, mentais, físicos e espirituais.
Em uma relação sexual, quando um homem e uma mulher que possuem a prática de meditar, limpar e equilibrar seus chacras, eles conseguem reproduzir em si mesmos a força sublime de Shiva e Kundalini Shakti, e costumam atingir um grande ápice de prazer. Mas, para isso, é preciso prática, disciplina e pureza de sentimentos para que a sexualidade seja considerada como um caminho sagrado de encontro consigo mesmo, e não um ato corriqueiro e banal de uma energia que só circula nos chacras inferiores.
Yoga, meditação, pranayamas e práticas orientais como Reiki, Tai-Chi-Chuan e outros, são bons exemplos de caminhos que podem levar a um despertar equilibrado dessas energias sagradas.


Patrícia Cândido