Por Bruno Matsushita
Ritual de Autoconhecimento
Tome uma demorada ducha morna e sinta a água que cai do chuveiro purificando e relaxando todo o seu corpo. Por fim, jogue uma infusão de alecrim e lavanda do pescoço para baixo e deixe-se secar naturalmente. Faça um círculo de velas lilás e incensos de rosas brancas no ambiente que executará o ritual e dê início aos procedimentos:
Feche os olhos, respire calma e profundamente por sete vezes. Inspire e veja uma luz branca entrando por suas narinas; expire e veja uma fumaça acinzentada que sai por sua boca. Abra os olhos e acenda as velas e os incensos. Posicione-se no centro do círculo e unte o corpo com óleo de amêndoas com algumas gotas de óleo essencial de lavanda ou laranja.
Feche os olhos. Mentalize o seu corpo. Veja cada detalhe do seu corpo, ainda com os olhos fechados. Veja a cor de sua pele, o formato de seus olhos, a textura de seu cabelo, o comprimento de suas pernas e braços. Agora veja-se envolto por uma luz violeta que circunda todo o seu corpo. Massageie as suas pernas calmamente, uma de cada vez. Massageie também o abdômen, o tórax, os braços, os ombros e a nuca. Sinta toda a tensão do seu corpo sair e unir-se à luz violeta que circunda o teu corpo, instantaneamente essa tensão se transforma em luz violeta também.
Acaricie cada parte de seu corpo com a ponta dos dedos e não tenha medo (ou vergonha) de sentir prazer. O prazer é apenas uma resposta positiva de bem-estar que seu corpo está desfrutando. Simplesmente curta o momento e relaxe. Sinta cada curva do teu corpo, cada parte de você mesmo.
Respire profundamente três vezes e agora veja-se envolto por uma luz rósea e morna. Essa luz penetra em teu corpo e você sente uma profunda paz interior. Respire profundamente por mais sete vezes e abra os olhos.
Apague as velas e os incensos e dê o ritual por encerrado. Repita-o durante uma semana para estimular a percepção corporal e o amor próprio, podendo ser utilizado também em momento de tensões como catarse.
O autoconhecimento é importantíssimo dentro da Magia, pois é através dele que formamos nossa identidade. Quando nos conhecemos profundamente passamos a ser os senhores do nosso próprio destino, pois sabemos o que realmente queremos (e o que não queremos!) para nossas vidas, desenvolvemos o amor próprio e fortalecemos nossa autoestima.
O próximo ritual é um exercício de continuidade, vamos continuar a nossa jornada pelo autoconhecimento. É aconselhável executá-lo depois do Ritual de Auto-conhecimento por sete dias consecutivos.
Exercício de Autoconhecimento
Acenda um incenso de madeira do oriente em um ambiente claro e bem ventilado. Pegue uma caneta e escreva em um papel completamente branco dez coisas que você gosta em você mesmo e depois dez coisas que você não gosta em si mesmo ou que gostaria de mudar.
Muitas pessoas têm dificuldade em listar as coisas que mais gostam em si mesmas por acreditarem que isso é vaidade ou egocentrismo, mas é necessário conhecermos todo o nosso ser (seus pontos positivos e negativos) para que possamos alterar aquilo que não nos agrada e valorizar o que nos faz bem.
Agora você tem uma lista com algumas de suas qualidades e alguns "defeitos". A partir do momento que reconhecemos nossos defeitos, somos capazes de transformá-los. Acredite em sua força interior e transforme o seu ser. Quando todos os seus defeitos forem superados, queime o papel na chama de uma vela branca e sopre as cinzas ao vento.
Depois de ter praticado os dois rituais descritos nesta matéria, com certeza você estará mais confiante e reconhecerá o valor e sacralidade do próprio corpo.
Um ritual deve ser praticado em uma consciência ritual, pois é uma das maneiras que encontramos de nos re-ligarmos com as nossas divindades. Sempre que praticar um ritual, faça-o de coração aberto e sinta-se confortável. Se não se sentir confortável ao praticar um ritual vestido de céu, não o faça; mas atente para o motivo. Você pode estar tamponando a nudez ritual por preconceitos de uma sociedade católica apostólica romana, se for esse o motivo, aconselho a praticar os exercícios descritos acima. Deixe de fazer os rituais vestido de céu por qualquer motivo, menos por preconceito, medo, vergonha ou falta de auto-conhecimento.
A resistência que as bruxas modernas têm até mesmo para falar sobre a nudez ritual está vinculada à não aceitação do corpo. Somos muito tímidos e isso se reflete em nossas relações sociais e com o contato com o nosso corpo. Procuramos desesperadamente sermos seres evoluídos e trabalhamos demasiadamente com o espiritual, mas esquecemos da dualidade, para sermos evoluídos temos que ser equilibrados; atingiremos o equilíbrio mantendo uma relação saudável tanto com o físico quanto com o espiritual. Nossa sociedade tem ficado cada vez mais fria e o contato com outro corpo, como um abraço, por exemplo, tem ficado cada vez mais raro. Mudemos essa realidade. Voltemos à um tempo onde éramos livres para expressar nossas crenças, satisfazer nossos desejos mais profundos e acostume-se com o toque. Não há nada mais gostoso que um abraço – não há o que temer, é apenas um abraço...
Infelizmente, estamos tão acostumados às nossas roupas que estranhamos quando vemos nossos próprios corpos nus...