quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nome Mágico


A Lenda do Nome Mágico

Contam os mitos egípcios que há muito tempo atrás, quando os Deuses e os homens já existiam, governou no mundo um poderoso Deus. Ninguém conseguiu descobrir o seu verdadeiro nome, pois ele transformava-se continuamente para não ser reconhecido. Ele era possuidor de muitas formas, nomes e aparências, e por isso era conhecido pelo nome de Deus Oculto.
Um dia a Deusa Isis decidiu desvendar esse segredo e utilizou a sua sabedoria e Magia para realizar o tal feito. Isis sabia que o Deus Oculto era o condutor da barca do Sol. E assim, numa iluminada manhã, Ela seguiu o barqueiro e descobriu que ele caminhava pelos céus ate desaparecer nos confins do mundo, a Oeste.
No dia seguinte, Isis esperou onde o Sol se punha, e quando o Deus oculto parou para descansar, a Deusa esperou que o seu suor pingasse de sua face e o misturou ao barro, formando uma massa com a qual modelou uma serpente venenosa...
No dia seguinte, quando o Deus novamente saiu para percorrer o firmamento com a sua barca, Isis soltou a serpente mágica, e quando o Deus Oculto parou para descansar ao meio-dia, foi picado por ela.
O Deus começou a gritar clamando por todos os Deuses, chamando-os para que viessem cura-lo. Uma delas foi Isis, a Senhora da Magia e conhecedora de todos os venenos das serpentes.
Ao chegar na presença do Deus Oculto, Isis perguntou o que tinha acontecido e ele respondeu:
- Eu fiz tudo o que existe, de mim, dependem o dia e a noite. Eu criei os homens e os animais, mas jamais tinha visto uma serpente igual como essa.
Isis então olhou profundamente nos olhos do Deus e disse: - Diz-me, Deus soberano, qual é o teu verdadeiro nome?
O Deus Oculto gritava com tanta dor e exclamou:
- Muitos são os meus nomes. Eu sou o Deus do céu, Atum, o Deus do não ser. Somente o meu pai me chama pelo meu verdadeiro nome. Ele deu-me esse nome para que ninguém pudesse me enfeitiçar com Magias e assim se apoderasse da minha eterna sabedoria.
Isis não se dava por vencida e insistia:
- Qual é esse verdadeiro nome, então, aquele que teu pai te deu?
O Deus Oculto não dizia o seu nome verdadeiro de maneira nenhuma. E cada vez mais os seus gritos ecoavam entre os mundos. No entanto, nenhum Deus intervinha. Isis insistiu mais uma vez:
- Diz-me, Deus Oculto, qual o teu verdadeiro nome, e eu ajudar-te-ei com as minhas palavras mágicas. Meu encantamento só será eficaz se me revelares o teu nome secreto. Com um feitiço lançado com o teu nome secreto, poderei para sempre retirar o veneno do teu corpo.

O Deus não aguentava mais de tanta dor e sussurrou no ouvido da Deusa:
- Meu nome secreto é Rá. Este é o nome que meu pai me deu.
Na mesma hora, um poderoso encantamento saiu dos lábios de Isis e o corpo de Rá ficou livre do veneno.
A Deusa curou-o, mas Rá pagou o preço. Isis passou a exercer poder eterno sobre Ele. E, assim, Isis tornou-se superiora a todos os outros Deuses.


A Escolha de Nome Mágico

Uma das etapas mais importantes da vida de um bruxo é a escolha de seu nome mágico. Existem dois tipos de nomes mágicos, o chamado Nome da Arte, que é seu nome perante a comunidade pagã; e o nome mágico secreto, um... nome usado apenas entre você e seus Deuses de culto. Alguns Covens ou Tradições costumam definir um nome mágico interno, mas isso não é obrigatório. Em outras tradições o postulante recebe um nome mágico secreto quando se inicia.
Seu nome mágico é a chance de trazer para a sua vida as energias compatíveis com o que você quiser se tornar. Ele deve refletir algum aspecto importante para você, algo que é ou deseja ser, um animal com quem você se sente sintonizado, uma forma da natureza, um conceito ou ideia que você quer trazer para a sua vida. Ele será um foco de seu poder. Você pode tanto escolher seu nome racionalmente, quanto pedir à Deusa que te inspire um nome por meio de sonhos ou sinais.

Outra função do nome da arte é proteger sua vida fora da comunidade mágica, protegendo sua identidade. Ao manter seu nome civil mais resguardado você estará também resguardando sua família contra energias indesejáveis e até contra pessoas indesejáveis. Muitas pessoas assumem um nome da arte espetacular esperando com isso varrer para debaixo do tapete seus medos e inseguranças. Não é para isso que ele serve. O nome da arte faz parte da construção de sua identidade mágica.

Ao longo de sua vida você ouviu de muitas pessoas o que podia ou não fazer, o que é ou não possível. “Você não é forte o suficiente.” “Você não é magro o suficiente.” “Você não é bonito o suficiente.” “Você é desajeitado.” “Magia não existe.” “Deixe de lado essas besteiras esotéricas, você é inteligente demais para acreditar nessa baboseira.” Essas e outras afirmações foram sendo implantadas em sua mente ao longo dos anos. E foram colocando limites e barreiras para o que se pode ser e conseguir.

Você é o que você acredita ser e, infelizmente, temos a tendência de acreditar muito mais em opiniões alheias do que na nossa própria. Quando você assume um nome da arte, você se livra de tudo isso. A pessoa que recebeu aquele nome acabou de nascer, ninguém tem uma opinião sobre ela, ela é livre para construir em sua identidade exatamente o que deseja.

Isso não significa varrer para debaixo do tapete quem você era, e sim, acrescentar algo mais, um algo que será unicamente o que você quiser. O Fernando pode não ser disciplinado o suficiente para meditar todos os dias, mas o Corvo Noturno, com certeza vai, afinal, ele pode ser o que quiser.
Muita gente escolhe o nome de uma divindade como nome da arte. Quantas Morganas e Perséfones você já encontrou? Quantos Gwydions e Lughs? As pessoas sentem uma ligeira atração por um determinado Deus ou Deusa e já resolvem usar este nome. Quando alguém vem me dizer que escolheu o nome de uma divindade para seu nome da arte a primeira coisa que eu pergunto é: Como foi o ritual em que você obteve a permissão da Deusa ou Deus para usar o nome dele ou dela? A maioria nem sabia que deveria fazer isso. E tem mais uma coisa que a maioria das pessoas não sabe: quando você adota o nome de uma divindade você se torna um avatar dele ou dela. A partir daquele momento, existe uma grande chance de que você venha a viver em sua vida parte ou todo o mito daquela divindade.

Conheço uma sacerdotisa que optou por usar o nome de Rhiannon e se viu vivendo ciclos curtos de felicidade seguidos por ciclos de sete anos de sofrimentos e problemas. Foi apenas no segundo ciclo que ela se tocou que estava vivendo um dos grandes mitos de sua Deusa. Isso significa então que toda pessoa que usar o nome de Hera está condenada a ser traída? Que toda Ártemis será solteira para sempre? Não necessariamente, mas estas são possibilidades que não devem ser ignoradas.

Não tente usar o nome de uma divindade que esteja associada a algo completamente alheio à sua natureza. Se você tem pavor de violência, não assuma o nome de uma divindade guerreira. Se você tem medo de cães não assuma o nome de uma divindade que tenha o cão como um de seus símbolos. A menos, é claro, que você esteja justamente buscando uma forma de lidar com este novo aspecto. Se esse for um caso, faça um ritual para a divindade explicando o motivo da sua escolha e peça Sua ajuda para lidar com a superação desses aspectos.

Se você realmente quiser usar o nome de um Deus ou Deusa, faça isso do jeito certo. Primeiro estabeleça um contato com a divindade em questão, monte um altar para ela, faça oferendas, medite, pesquise. Apenas então, faça um ritual pedindo as bênçãos daquela divindade para que você use o nome dela. Peça permissão para usar o nome. Se a permissão não for concedida, ficará muito claro para você. Se você tiver dúvidas, peça um sinal que você consiga identificar.
Se você receber a permissão, ótimo, já sabe que poderá usar o nome, a questão será lembrar de que sempre existe a possibilidade de você se tornar um avatar daquela divindade e começar a viver aspectos daquele mito. É importante também manter um culto mínimo a ela.

Após escolher seu Nome da Arte acostume-se com ele, faça com que as pessoas te conheçam por ele, assine com ele quando estiver falando com outros pagãos, em listas de discussão, eventos, etc. Se você preferir ter apenas um nome mágico secreto, assine seus juramentos pessoais e seu Livro das Sombras com ele, apresente-se com ele para os quadrantes e os Deuses.

É preciso lembrar que seu nome da arte vem com uma carga de desafios por si só e mais, você não se livrou da carga de desafios que tinha antes. Pense bem antes de escolher seu nome mágico, assuma o nome apenas para você por uns dias e aguarde para ver como você se sente com ele. Se depois, quando você tiver certeza de sua escolha, faça um ritual para assumir aquele nome mágico perante os Deuses e perante os elementos.
Honre seu nome mágico, não permita apelidos, desvios ou gozações. Se você usa o nome de um animal, honre o animal em questão. Faça de seu nome um tributo, não apenas à sua magia, mas à sua palavra e à sua ética.

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