“O mistério do Mundo está no visível, não no invisível”
Oscar Wilde
Introdução:
A alquimia é uma ciências ocultas que sempre despertou muito interesse, dadas as inúmeras publicações e escritos que foram achados ao longo do tempo sobre a Arte Hermética, e também a curiosidade de saber algo sobre a chamada Pedra Filosofal(também conhecida por Medicina Universal).
Foram escritos milhares de livros sobre a Arte. Desde o final da Idade Média até ao século XIX, a alquimia esteve na moda, e não só os gentis homens, nobres e cavaleiros, religiosos, clérigos e até alguns reis e papas, não só escreveram tratados sobre a Arte de Hermes, como também a praticaram. Como esperado, isso deu origem a que fossem escritos muitos livros que nada têm a ver com a verdadeira alquimia.
O que também ocorreu foi o fato de que por um grande período de tempo, a alquimia foi sinônimo de charlatanismo. Isso ocorreu devido à falta de publicações sérias, muitas delas sendo imitações grosseiras, feitas por sopradores (falsos alquimistas) dos verdadeiros e antigos textos, nas quais se une o absurdo e a ignorância.
Hoje em dia, temos um grande número de traduções das obras clássicas mais importantes dos grandes Mestres, o que fez com que a opinião de muitas pessoas mudasse. Os livros sobre a Arte Hermética são muito procurados porém, infelizmente, paralelos às obras clássicas existem no mercado muitos livros que aparentam ser obras sérias, mas não passam de pura especulação. Mesmo assim, são adquiridos não só por curiosidade, mas também pelo desejo de deles se poderem ser extraídos alguns conhecimentos que nos permitam descobrir algo novo.
Com esse trabalho, pretendo explorar mais as obras dos grandes e dos novos mestres, deixando de lado os chamados “sopradores”.
Um panorama geral...
A alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. No sentido restrito do termo, a alquimia sendo uma técnica é, por isso, uma arte prática. Como tal, ela se baseia em um conjunto de teorias relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias inanimadas e vivas, entre outras coisas.
A alquimia tem dois arcanos (mistérios), sendo o primeiro a busca da pedra filosofal, ou seja, a aplicação direta da alquimia teórica - alquimia operativa. Ela reveste-se de dois aspectos principais: a medicina universal e a transmutação dos metais, sendo uma, a prova real da outra. O segundo arcano são as três substâncias. Assim, para um alquimista, a matéria é composta por três substâncias, ou princípios fundamentais: Enxofre, Mercúrio e Sal, os quais poderão ser combinados em diversas proporções, para formar novos corpos.
Tivemos muitos alquimistas na história, sendo um alquimista normalmente também um médico, filósofo e astrólogo, tal como Paracelso, Alberto Magno, Santo Agostinho, Frei Basílio Valentim, Roger Bacon, que dizia no Espelho da Alquimia, «...A alquimia é a ciência que ensina a preparar uma certa medicina ou elixir, o qual, sendo projetado sobre os metais imperfeitos, lhe comunica a perfeição...». Todos eles acreditavam que em breve, no fim de mais um ciclo terrestre, haveria uma grande catástrofe que seria um novo começo para a humanidade. Restaria uma consciência coletiva, a mesma que deu origem a alquimia em outros ciclos. Tantos outros grandes Mestres hoje são conhecidos pelas suas obras reputadas de verdadeiras.
Cada Mestre tinha os seus discípulos a quem iniciava na Arte, transmitindo-lhes os seus conhecimentos. Além disso, para que esse conhecimento durasse pelos tempos, transmitiram-no também por escrito, nos livros que atualmente conhecemos, quase sempre escritos sob pseudônimo, por meio de símbolos ou figuras. O fato da alquimia ser “hieróglifa” dificulta o seu estudo porque esses símbolos e figuras não têm um sentido uniforme. Tudo era, e atualmente é, deixado à obra e imaginação dos seus autores.
O alquimista não é um fazedor de ouro como muita gente pensa. A transmutação só terá lugar, como já dissemos, como prova provada da veracidade da medicina universal ou pedra filosofal. O principal objetivo dos alquimistas é a medicina universal que, segundo a tradição, permitiria ao homem viver em perfeita saúde para alem da idade normal em um ser humano e não o ouro. Essa medicina seria muito mais valiosa do que todo o ouro do mundo.
Origem da Palavra Alquimia:
Para alguns, Alquimia é um nome com origem árabe. Al corresponde ao artigo o, com raiz grega elkimyâ; Kimyâ deriva de Khen (ou chem), que significa "o país negro" (nome dado ao Egito na antigüidade). Outra possibilidade de origem da palavra é dada por outros que acham que ela corresponde ao vocábulo grego derivado de chyma, que se relaciona com a fundição de metais. Outros ainda acham que kymia é um “símbolo” da palavra árabe AL KYMIA, que é traduzido como “pedra filosofal”- o primeiro Arcano (mistério) da Alquimia. Outra abordagem que eu encontrei para esse nome é que ele vem do árabe e tem o mesmo significado de química, só que trata-se de uma química antigamente designada por espagíria, uma química transcendental e espiritualista e que não corresponde à química atual (aquela que conhecemos). Al, em árabe, designa Ser supremo o Todo-Poderoso, como Al-lah. O termo alquimia, designa desde os tempos mais recuados, a ciência de Deus, ou seja a química de Al.
*Em latim, Alquimia chama-se Solue et Coagula.*
O histórico:
Oscar Wilde
Introdução:
A alquimia é uma ciências ocultas que sempre despertou muito interesse, dadas as inúmeras publicações e escritos que foram achados ao longo do tempo sobre a Arte Hermética, e também a curiosidade de saber algo sobre a chamada Pedra Filosofal(também conhecida por Medicina Universal).
Foram escritos milhares de livros sobre a Arte. Desde o final da Idade Média até ao século XIX, a alquimia esteve na moda, e não só os gentis homens, nobres e cavaleiros, religiosos, clérigos e até alguns reis e papas, não só escreveram tratados sobre a Arte de Hermes, como também a praticaram. Como esperado, isso deu origem a que fossem escritos muitos livros que nada têm a ver com a verdadeira alquimia.
O que também ocorreu foi o fato de que por um grande período de tempo, a alquimia foi sinônimo de charlatanismo. Isso ocorreu devido à falta de publicações sérias, muitas delas sendo imitações grosseiras, feitas por sopradores (falsos alquimistas) dos verdadeiros e antigos textos, nas quais se une o absurdo e a ignorância.
Hoje em dia, temos um grande número de traduções das obras clássicas mais importantes dos grandes Mestres, o que fez com que a opinião de muitas pessoas mudasse. Os livros sobre a Arte Hermética são muito procurados porém, infelizmente, paralelos às obras clássicas existem no mercado muitos livros que aparentam ser obras sérias, mas não passam de pura especulação. Mesmo assim, são adquiridos não só por curiosidade, mas também pelo desejo de deles se poderem ser extraídos alguns conhecimentos que nos permitam descobrir algo novo.
Com esse trabalho, pretendo explorar mais as obras dos grandes e dos novos mestres, deixando de lado os chamados “sopradores”.
Um panorama geral...
A alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. No sentido restrito do termo, a alquimia sendo uma técnica é, por isso, uma arte prática. Como tal, ela se baseia em um conjunto de teorias relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias inanimadas e vivas, entre outras coisas.
A alquimia tem dois arcanos (mistérios), sendo o primeiro a busca da pedra filosofal, ou seja, a aplicação direta da alquimia teórica - alquimia operativa. Ela reveste-se de dois aspectos principais: a medicina universal e a transmutação dos metais, sendo uma, a prova real da outra. O segundo arcano são as três substâncias. Assim, para um alquimista, a matéria é composta por três substâncias, ou princípios fundamentais: Enxofre, Mercúrio e Sal, os quais poderão ser combinados em diversas proporções, para formar novos corpos.
Tivemos muitos alquimistas na história, sendo um alquimista normalmente também um médico, filósofo e astrólogo, tal como Paracelso, Alberto Magno, Santo Agostinho, Frei Basílio Valentim, Roger Bacon, que dizia no Espelho da Alquimia, «...A alquimia é a ciência que ensina a preparar uma certa medicina ou elixir, o qual, sendo projetado sobre os metais imperfeitos, lhe comunica a perfeição...». Todos eles acreditavam que em breve, no fim de mais um ciclo terrestre, haveria uma grande catástrofe que seria um novo começo para a humanidade. Restaria uma consciência coletiva, a mesma que deu origem a alquimia em outros ciclos. Tantos outros grandes Mestres hoje são conhecidos pelas suas obras reputadas de verdadeiras.
Cada Mestre tinha os seus discípulos a quem iniciava na Arte, transmitindo-lhes os seus conhecimentos. Além disso, para que esse conhecimento durasse pelos tempos, transmitiram-no também por escrito, nos livros que atualmente conhecemos, quase sempre escritos sob pseudônimo, por meio de símbolos ou figuras. O fato da alquimia ser “hieróglifa” dificulta o seu estudo porque esses símbolos e figuras não têm um sentido uniforme. Tudo era, e atualmente é, deixado à obra e imaginação dos seus autores.
O alquimista não é um fazedor de ouro como muita gente pensa. A transmutação só terá lugar, como já dissemos, como prova provada da veracidade da medicina universal ou pedra filosofal. O principal objetivo dos alquimistas é a medicina universal que, segundo a tradição, permitiria ao homem viver em perfeita saúde para alem da idade normal em um ser humano e não o ouro. Essa medicina seria muito mais valiosa do que todo o ouro do mundo.
Origem da Palavra Alquimia:
Para alguns, Alquimia é um nome com origem árabe. Al corresponde ao artigo o, com raiz grega elkimyâ; Kimyâ deriva de Khen (ou chem), que significa "o país negro" (nome dado ao Egito na antigüidade). Outra possibilidade de origem da palavra é dada por outros que acham que ela corresponde ao vocábulo grego derivado de chyma, que se relaciona com a fundição de metais. Outros ainda acham que kymia é um “símbolo” da palavra árabe AL KYMIA, que é traduzido como “pedra filosofal”- o primeiro Arcano (mistério) da Alquimia. Outra abordagem que eu encontrei para esse nome é que ele vem do árabe e tem o mesmo significado de química, só que trata-se de uma química antigamente designada por espagíria, uma química transcendental e espiritualista e que não corresponde à química atual (aquela que conhecemos). Al, em árabe, designa Ser supremo o Todo-Poderoso, como Al-lah. O termo alquimia, designa desde os tempos mais recuados, a ciência de Deus, ou seja a química de Al.
*Em latim, Alquimia chama-se Solue et Coagula.*
O histórico:
No ocidente, tudo começou no Egito. Os alquimistas relacionam a sua origem ao deus egípcio Tote, que os gregos chamavam de Hermes (Hermes Trimegisto). Alguns alquimistas o consideravam como um rei antigo que realmente teria existido, sendo o primeiro sábio e inventor das ciências e do alfabeto. Por causa de Hermes a alquimia também ficou conhecida como arte hermética ou ciência hermética.
No Egito a alquimia teria surgido no século III d.C. e demonstrava uma influência do sistema filosófico-religioso da época helenística misturando conhecimentos médicos com metalúrgicos. A cidade de Alexandria era o reduto dos alquimistas. O alquimista grego mais famoso foi Zózimo (século IV), que nasceu em Panópolis e viveu em Alexandria, escreveu uma grande quantidade de obras. Nesta época, várias mulheres dedicavam-se a alquimia, como por exemplo Maria, a judia, que inventou o um banho térmico com água muito utilizado atualmente, o "banho-maria", Kleopatra que possivelmente não seria a Rainha Cleópatra, Copta e Teosébia. Outras técnicas interessantes atribuídas aos Egípcios: A mumificação dos corpos, fabricação de objetos cerâmicos através do cozimento da argila, a extração de corantes de certos animais e vegetais, a obtenção de vinagre e bebidas alcoólicas não-destiladas (vinho, cerveja) e a produção de vidro e de alguns metais.
Os persas conheciam a medicina, magia e alquimia. A alquimia possuía um pouco da imagem da população de Alexandria, era uma mistura das práticas helenísticas, caldaicas, egípcias e judaicas.
A alquimia deixou muitas contribuições para a química, como subproduto de seus estudos, dentre eles podemos citar: a pólvora, a porcelana, vários ácidos (ácido sulfúrico), gases (cloro), metais (antimônio), técnicas físico-químicas (destilação, precipitação e sublimação), além de vários equipamentos de laboratório. Na China produzia-se alumínio no século II; os chineses foram também os inventores dos fogos de artifício e a eletricidade era conhecida pelos alquimistas de Bagdá desde o século II a.C.
Os árabes tiveram a sua participação na alquimia, com dois nomes muito importantes: Jabir, quem preparou o carbonato de chumbo (a ele eram atribuídos muitos escritos - quase 3 mil distintos- o que faz com que alguns achem que ele foi uma lenda) e Razes, quem originou a iatroquímica com a preparação dos elixires.
A arte floresceu muito durante a Idade Média com os chamados Alquimistas Cristãos. Assim, os grandes nomes da ciência medieval estão ligados a ordens religiosas pois era nos mosteiros que estavam os poucos letrados de então. Sua dupla preocupação, como já conhecemos, era com o elixir da longa vida, que garantiria a imortalidade e a cura das doenças do corpo e com a transmutação, um método para a transformação de metais comuns em ouro, que ocorreria na presença de um agente, a pedra filosofal. A transmutação não teria fins lucrativos; ela era um dos objetivos pois o ouro com a sua resistência à corrosão, representava a perfeição.
A pedra filosofal nunca deixou de ser procurada pelos alquimistas, mas por volta de 1500 D.C. aconteceu na Europa uma profunda reforma social causada pela burguesia emergente, jovem, progressista, antítese do feudalismo, necessitando para sua perpetuação fomentar a produção de manufaturados e o seu comércio. Para tal necessitava de um método mais eficiente de comunicação e de manutenção de seu pensamento, e assim, surgiu a imprensa. O aumento da população nas cidades aumentava as necessidades das pessoas, principalmente no ramo da medicina, na época reduzida a um receituário de poções extraídas de vegetais.
Nessa sociedade em transformação nascia em Einsiedeln, Suíça, em 1493, Phillipus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais tarde auto- denominado Paracelsus (melhor do que Celsus, romano) , que popularizou o "princípio fundamental" da refractabilidade entre os alquimistas, representada pelo "sal". Paracelsus, o Grande, tinha como princípio que a Pedra Filosofal da alquimia não devia ser tão somente para a procura do ouro e da prata, mas também de medicamentos para melhorar as condições de saúde do corpo humano, e assim, providenciar a forma de alcançar a vida eterna. Em sua filosofia, o homem dividia-se em sal (o corpo), mercúrio (alma) e enxofre (o espírito), e qualquer enfermidade seria o resultado da falta de um desses componentes fundamentais. De fato, tanto o sal quanto o mercúrio e o enxofre, para Paracelsus, tinham um significado muito diferente do que podemos atribuir a tais elementos hoje em dia. Para Paracelsus e sem dúvida para muitos alquimistas da época a palavra enxofre, por exemplo, reunia um sem-número de substâncias capazes de sofrer algum tipo de combustão. Não obstante, o sucesso alcançado pelos tratamentos médicos de Paracelsus em pacientes vindos de toda a Europa medieval baseava-se no princípio que ele mesmo desenvolvera, o do "igual trata igual", ou seja, se um composto causa uma doença, então doenças relacionadas devem ser tratadas com a administração de pequenas doses do mesmo composto. Esse princípio é o empregado hoje em dia pela farmacologia homeopática, e existem historiadores que consideram Paracelsus como sendo o Pai da Farmacologia. Paracelsus morreu em 1541 aos 48 anos, provavelmente auto-envenenado por uma de suas poções, mas não sem antes formar toda uma escola de seguidores que reformaram a medicina da época, passando a administrar compostos inorgânicos medicinais além dos extratos orgânicos tradicionais. Os seguidores de Paracelsus se autodenominavam iatroquímicos (do grego iatros, médico), abandonando o nome de alquimistas.
Os alquimistas geralmente utilizavam a luz como um símbolo do espírito, e portanto eles estavam especialmente interessados na luz que parecia estar contida na matéria. Isso estava também acoplado com a idéia do "fogo perpétuo". Existiam idéias antigas sobre a existência de luzes "perpétuas", supostamente encontradas em tumbas ou cofres subterrâneos, como o descrito na monografia Rozacruciana "Fama Fraternalis", de 1614. Em sua procura, alquimistas encontraram na natureza certos materiais brilhantes, obtidos de matéria animal ou vegetal. O interesse em materiais luminescentes culminou, no século XVII com a descoberta do fósforo elementar, em 1669, portanto dentro da era iatroquímica, por um médico alquimista alemão, Hennig (ou Henning) Brand de Hamburgo. Ninguém sabe o que fez esse zeloso alquimista esperar que na urina humana haveria um fluido capaz de converter prata em ouro, mas é sabido que seus estranhos experimentos produziram resultados tão inesperados quanto bonitos: o material branco, ceroso, obtido na retorta daquele alquimista brilhava no escuro, iluminando seu laboratório! uma vez que sua descoberta ficou conhecida por outros alquimistas, não foram raros os casos de queimaduras graves provocados por essa forma de fósforo elementar, que entra em ignição expontânea quando em contato com o ar. (Uma amostra do zelo alquímico pode ser notada a partir da preparação do fósforo, relatada por William Y-Worth, em "Chymicus Rationalis" aonde está contida "Uma descrição Filosófica do Astrum Lunare Microcosmicum, ou Phospheros, de 1692).
No campo da mineração e metalurgia teve grande impacto o livro "De Re Metallica" escrito pelo alquimista alemão Georgius Agricola (1494- 1555). Naquele livro, Agrícola reuniu todas as técnicas de metalurgia conhecidas, e ainda relatou resultados de suas próprias experiências no campo da extração e purificação de metais, introduzindo conceitos que eram tão avançados que resultaram na renovação de toda a indústria metalúrgica européia da época.
O período do domínio do Flogíston:
A teoria dos quatro elementos, após ter tido a mais longa história de todas as filosofias que a sucederam, estava no fim, mas o terreno filosófico da química permaneceu estéril por quase um século. A metalurgia, é claro, desempenhava uma peça chave na economia da época, pela sua capacidade financeira, de gerar empregos, status social... A prática era alquímica: misturava-se o mineral desejado, por exemplo um contendo ferro, com carvão, aquecia-se, e obtinha-se o metal puro no final do processo. Hoje se sabe que o mineral contém o metal na forma de um de seus óxidos, que o carvão e o calor decompõem, formando gás carbônico e liberando o metal em um bom grau de pureza. Mas no início do século XVIII, Georg Ernst Stahl (e Johann Joachim Becher, dois estudiosos dos processos metalúrgicos e de combustão), concluíram que todos os corpos suscetíveis à combustão ou oxidação continham um componente etéreo, que eles chamaram de "flogiston" (do grego phlogistos, combustível).
De acordo com Stahl, um mineral seria uma substância já oxidada, teria pouco flogiston; misturada com carbono (oxidável, combustível, muito flogiston) e aquecido, iria produzir o metal correspondente (um composto, com muito flogiston), que por sua vez poderia oxidar-se novamente (perder flogiston), reformando parte do mineral do qual havia sido retirado. Essa teoria teve muito sucesso, pois reunia os processos metalúrgicos conhecidos em uma forma fácil de ser compreendida, e seu domínio se estendeu por 100 anos.
A procura do flogiston levou os cientistas a divisarem um sem número de experimentos. A partir dos meados do século XVIII foram descobertos quase todos os gases naturais, a maioria dos metais, seus óxidos e sais, que foram submetidos a estudos minuciosos. Porém tais estudos apontavam sempre para as contradições da teoria do flogiston: se a madeira se oxida (queima), então a perda do flogiston faz com que a massa das suas cinzas seja menor do que a massa da madeira original; entretanto, se um metal (por exemplo, o ferro) se oxida e perde flogiston (isso é, forma ferrugem), então a massa do seu mineral (óxido) só pode ser maior do que a massa do metal original caso o flogiston perdido tenha massa negativa! esse "pequeno" impasse não desestimulava, entretanto, os seguidores dessa teoria, que também não se importavam com o fato de que o elusivo flogiston mostrava-se impossível de ser obtido. Assim, tornava-se cada vez maior o número de descobertas que não se encaixavam dentro dos limites dessa teoria, e os que concordavam com ela o faziam graças a postulados distintos suplementares que frequentemente estavam em contradição com a própria teoria. Nas palavras do próprio Stahl (1723 d.C.), em seu livro "Fundamenta Chymiae Dogmaticae et Experimentalis": "o fato de que os metais, quando transformado em seus cais (óxidos) aumentam de peso, não desmente a teoria do flogiston, mas ao contrário a prova, porque o flogiston é mais leve que o ar, e, combinando-se com as substâncias, tende a levantá-las, e dessa forma, as torna leves; consequentemente, uma substância que tenha perdido flogiston deve ser mais pesada". Assim sendo, já perto do fim de seu domínio quase secular, essa teoria, que serviu no início como impulsionadora da química e das demais ciências naturais, pelas buscas a respostas que propiciou, acabou se tornando um empecilho para o desenvolvimento científico.
A Lavoisier cabe o mérito de ter rebatido definitivamente a teoria do flogiston: com suas experiências entre 1772 e 1777, demonstrou que as reações de combustão não são reações de decomposição, onde a substância perde flogiston, mas sim uma reação de combinação, onde um metal reage com o oxigênio do ar para formar óxidos. Ao mesmo tempo que o elusivo flogiston tornava-se desnecessário para explicar relações ponderais entre reagentes e produtos em reações químicas, as próprias concepções básicas da química sofriam uma mudança radical: os metais, que eram tidos como compostos (contendo o metal e flogiston) resultaram ser na verdade elementos, e os seus óxidos, tidos como elementos, mostraram-se ser na verdade, compostos (contendo o metal e o oxigênio). Invertendo o sistema do flogiston de ponta-cabeça, Lavoisier elaborou as bases para a sistematização da química, sendo por isso devidamente reconhecido como o Pai da Química Moderna. Tendo sido o destruidor da teoria do flogiston, Lavoisier contudo acreditava que certas coisas imateriais, como calor e luz (duas formas de energia) também tivessem caráter elementar. Assim, o grande sucessor de Bacon e Boyle continuava acreditando em preceitos oriundos da prática alquímica. Lavoisier foi, sem dúvida, um grande cientista e seu trabalho sistematizou a ciência hoje chamada de Química. Era entretanto de uma família nobre francesa, e detinha o cargo de cobrador de impostos do Rei. Por isso, seus desafetos o condenaram à morte quando da revolução francesa. Foi decapitado em 1794.
Assim, a alquimia continua presente nos dias de hoje, não é coisa do passado como muitos pensam. O nosso histórico não é muito amplo pois muito da alquimia ficou em segredo.
Alguns aspectos importantes na alquimia e o que eles
representam
* A transmutação = Na natureza, a terra contém "sementes" que dão origem aos metais (um processo de evolução e aperfeiçoamento). Todos os metais, com o tempo, se transformarão em ouro que contém o equilíbrio perfeito dos quatro elementos. Na alquimia não existe matéria morta e todas as substâncias, animal, vegetal ou mineral, são dotadas de vida e movimento, ou seja, possuem suas energias características.
Assim, podemos fazer as seguintes relações:
Ouro - representado pelo Sol.
Prata - representado pela Lua.
Mercúrio - representado pelo planeta Mercúrio.
Estanho - representado por Júpter.
Chumbo - representado por Saturno, por ser considerado pesado e lento
Cobre - representado por Vênus, maleabilidade, sossego, beleza e prazer.
Ferro - representado por Marte.
***Postulado fundamental da alquimia "Omnia in unum" (Tudo é Um).***
*O dualismo sexual
A energia original é criada pela junção dos princípios masculino e feminino (sol e lua). Muitos alquimistas constituem casais na busca da Grande Obra, porém para que ocorra uma perfeita união alquímica este casal, ou seja, estas duas metades devem ser complementares formando um único ser (como a figura alquímica do andrógino - sal). Contudo é muito difícil encontrar um par que produza uma união tão perfeita.
*O Cosmo
O cosmo é visto como um ser vivo sendo que seus constituintes tem espírito e propósito definido. As estrelas exalam um campo de energia que pode ser sentido e utilizado pelo homem e assim obter as transformações.
*A vida
Existe uma crença na alquimia da criação artificial de um ser humano, o homúnculo ou Golem, porém estes relatos de alguns alquimistas célebres, como Paracelso por exemplo, poderia referir-se de forma figurada ao processo de fabricação da pedra filosofal, onde o homúnculo representaria a matéria prima para a fabricação da pedra ou então uma fase da iniciação em que o homem ressurge após a morte do outro já degradado.
Na concepção alquímica tudo o que existe é vivo,(como já dito anteriormente) até mesmo os minerais. Tudo vive, cresce, reproduz-se e evolui. Portanto qualquer metáfora sobre seres vivos podem estar referindo-se também ao reino mineral.
A natureza e todos os seus constituintes devem ser respeitados para que a harmonia perfeita possa ser mantida. Esta consciência opõe-se claramente a forma de encarar a natureza até hoje, em que esta deve ser explorada o máximo possível e ainda consideram isto a evolução da humanidade. Reaprender a ver, sentir e ouvir a natureza, significa incorporar-se a ela, para relembrar o remoto passado quando fazíamos parte dela integralmente.
*O amor
Todo o conhecimento alquímico está alicerçado no amor e por isso inacessível aos processos científicos atuais, dos quais muitos visam ao lucro e sucesso na carreira do cientista.
A união pelo amor está sempre presente em qualquer obra alquímica representando uma energia que une dois princípios ou dois materiais, tornado-os um só. De forma figurada é descrita como o casamento do Sol e da Lua, do enxofre e do mercúrio, do Rei e da Rainha, do Céu e da Terra ou do irmão e da irmã, por terem vindo da mesma raiz ou mesma substância.
*Astrologia
Na alquimia a astrologia exerce um papel fundamental desde a escolha do momento certo para o início da obra, da colheita dos materiais utilizados, até o momento mais propício para o alquimista trabalhar.
*Secretum secretorum, uma marca divisória entre a alquimia e a química. Este artifício consiste, metaforicamente, em capturar um raio de sol, condensá-lo, aprisioná-lo em um frasco hermeticamente fechado e alimentá-lo com o fogo. A terra fica em baixo enquanto o espírito sobe. Esta etapa completa a primeira obra e quando concluída corretamente pode se ver a formação de uma estrela dentro do frasco.
*Os quatro elementos e os três princípios
A alquimia além do aspecto espiritual, constituí uma verdadeira ciência que tem como finalidade compreender a matéria e o cosmo, ou seja, o microcosmo e o macrocosmo, além de tentar reproduzir de forma mais rápida o que a natureza leva milênios para conseguir. Como em qualquer área de conhecimento, a alquimia possuía uma linguagem própria. Para tentar transmitir conhecimentos que não haviam palavras específicas para expressar eles utilizaram termos conhecidos, que transmitia uma idéia rudimentar de algum evento. Assim utilizavam os termos Água, Terra, Ar e Fogo para explicar os quatro elementos, correlacionando-os respectivamente com o estados líquido, sólido, gasoso e a energia. O fogo simbolizava todos os tipos de energia, inclusive a energia imaterial dos corpos, o "éter", ou estado "etéreo". O conceito de estado gasoso não ficou conhecido pelo ocidente até o século XVIII com as pesquisas de Lavoisier. Isto demonstra o quanto os Alquimistas estavam adiantados em relação aos sábios de seu tempo.
A Linguagem hermética - exemplos
*Animais normalmente tem um significado especial, como por exemplo, a representação dos quatro elementos. O unicórnio ou o veado representam a terra, peixes a água, pássaros o ar e a salamandra o fogo.
* Uma luta entre o dragão alado contra o dragão áptero, de um cão com uma cadela ou da salamandra com a rêmora, representam o combate entre o volátil e o fixo, o feminino e o masculino, ou o mercúrio e o enxofre, os dois princípios que estão contidos na matéria. Enquanto que a união entre estes dois princípios é representada pelo casamento do rei e da rainha, do homem de vermelho com a mulher de branco , do irmão com a irmã (pois eles provém de uma mesma matéria mãe), de Apolo e Diana, do sol e da lua ou juntar a vida à vida. Normalmente a este casamento precede morte e tristeza.
Apanhar um pássaro significa fixar o volátil.
O leão verde normalmente é associado ao sal.
A pessoa iniciável ou a substância inicial (matéria-prima) pode ser representada pelo filho mais jovem de uma viúva (que representa Ísis) ou de um rei, um soldado que já cumpriu o serviço militar, um aprendiz de ferreiro, um jovem pastor, o filho de um rei em idade de se casar e outros casos semelhantes.
O abismo, um recife e outros perigos de uma viagem representam os cuidados ou os perigos que o fogo conduzido inadequadamente podem causar.
O dissolvente universal tanto é associado ao sal como ao mercúrio normalmente é representado por uma fonte, leão verde, água da vida ou da morte, água ígnea, fogo aquoso, água que não molha as mãos, água benta, vento, espada, lanterna, cervo, um velho, um servidor, o peregrino, o louco, mãe louca, dragão, serpente, Diana, cão, dentre outros.
Os alquimistas utilizam também alfabetos secretos, codificados, anagramas e criptografia. Além de simples sinais que identificam uma operação, substância ou objeto.
Algumas das principais obras de alquimia
* O Arcano Hermético (de Jean d'Espagnet)
* Anfiteatro da Sabedoria Eterna (de Heinrich Khunrath)
* Atalanta Fugiens (de Michael Maier)
* Aurora Consurgens (de São Tomás de Aquino)
* A Aurora dos Filósofos (de Paracelso)
* A Carruagem Triunfal do Antimônio (de Basilio Valentim)
* As Seis Chaves (de Eudoxus)
* Coelum Philosophorum (de Paracelso)
* A fabricação de Ouro (de Francis Bacon)
* Histoire de I'Alchimie au moyen - âge: Nicolas Flamel (de Albert Poisson)
* Museu Hermético
* Rosarium Philosophorum
* Tabela Esmeralda (de Hermes Trismegistus)
* Teorias e símbolos dos Alquimistas (de Albert Poisson)
* O Tratado Dourado (de Hermes Trismegistus)
* Mutus Liber (editado por Eugene Canseliet)
* As Moradas dos Filósofos (de Fulcanelli)
Alquimistas famosos
* Albert Poisson
* Alberto, O Grande
* Basilio Valentim
* Eugene Canseliet
* Francis Bacon
* Fulcanelli
* Geber
* Isaac Newton
* Johann Conrad Dippel
* John Dee
* Maria, a Judia
* Michael Maier
* Michael Sendivogius
* Nicolas Flamel
* Nostradamus
* Paracelso
* Raimundo Llulio
* Roger Bacon
* Samael Aun Weor
* Tomás de Aquino
* Leandro de Alques
Juramento do alquimista
Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pelas trevas; Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anúbis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três cabeças, Cérbero, guardião do inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas.
No entanto, os alquimistas tradicionais, "metálicos", continuam a existir e agora apresentam os seus trabalhos na Web, em sites, forums e blogs, incluindo fotografias das substâncias necessárias ou que vão obtendo, ou dos seus equipamentos, bem como os seus próprios comentários à obra de outros autores, clássicos e contemporâneos.
Acima de tudo, a alquimia deixou uma mensagem poderosa de busca pela perfeição. Em um mundo tomado pelo culto ao dinheiro a à aparência exterior, em que pouco o homem busca a si próprio e ao seu íntimo, as vozes dos antigos alquimistas aparecem como um chamado para que o homem reencontre seu lado espiritual e superior; ou a que, na mais simples das análises, tenha um qualquer objectivo na vida, ainda que longínquo, através do viver uma aventura que se pode cumprir numa divisão esquecida da casa.
“Escuro e Nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim.”
Kalil Gibran Kalil
No Egito a alquimia teria surgido no século III d.C. e demonstrava uma influência do sistema filosófico-religioso da época helenística misturando conhecimentos médicos com metalúrgicos. A cidade de Alexandria era o reduto dos alquimistas. O alquimista grego mais famoso foi Zózimo (século IV), que nasceu em Panópolis e viveu em Alexandria, escreveu uma grande quantidade de obras. Nesta época, várias mulheres dedicavam-se a alquimia, como por exemplo Maria, a judia, que inventou o um banho térmico com água muito utilizado atualmente, o "banho-maria", Kleopatra que possivelmente não seria a Rainha Cleópatra, Copta e Teosébia. Outras técnicas interessantes atribuídas aos Egípcios: A mumificação dos corpos, fabricação de objetos cerâmicos através do cozimento da argila, a extração de corantes de certos animais e vegetais, a obtenção de vinagre e bebidas alcoólicas não-destiladas (vinho, cerveja) e a produção de vidro e de alguns metais.
Os persas conheciam a medicina, magia e alquimia. A alquimia possuía um pouco da imagem da população de Alexandria, era uma mistura das práticas helenísticas, caldaicas, egípcias e judaicas.
A alquimia deixou muitas contribuições para a química, como subproduto de seus estudos, dentre eles podemos citar: a pólvora, a porcelana, vários ácidos (ácido sulfúrico), gases (cloro), metais (antimônio), técnicas físico-químicas (destilação, precipitação e sublimação), além de vários equipamentos de laboratório. Na China produzia-se alumínio no século II; os chineses foram também os inventores dos fogos de artifício e a eletricidade era conhecida pelos alquimistas de Bagdá desde o século II a.C.
Os árabes tiveram a sua participação na alquimia, com dois nomes muito importantes: Jabir, quem preparou o carbonato de chumbo (a ele eram atribuídos muitos escritos - quase 3 mil distintos- o que faz com que alguns achem que ele foi uma lenda) e Razes, quem originou a iatroquímica com a preparação dos elixires.
A arte floresceu muito durante a Idade Média com os chamados Alquimistas Cristãos. Assim, os grandes nomes da ciência medieval estão ligados a ordens religiosas pois era nos mosteiros que estavam os poucos letrados de então. Sua dupla preocupação, como já conhecemos, era com o elixir da longa vida, que garantiria a imortalidade e a cura das doenças do corpo e com a transmutação, um método para a transformação de metais comuns em ouro, que ocorreria na presença de um agente, a pedra filosofal. A transmutação não teria fins lucrativos; ela era um dos objetivos pois o ouro com a sua resistência à corrosão, representava a perfeição.
A pedra filosofal nunca deixou de ser procurada pelos alquimistas, mas por volta de 1500 D.C. aconteceu na Europa uma profunda reforma social causada pela burguesia emergente, jovem, progressista, antítese do feudalismo, necessitando para sua perpetuação fomentar a produção de manufaturados e o seu comércio. Para tal necessitava de um método mais eficiente de comunicação e de manutenção de seu pensamento, e assim, surgiu a imprensa. O aumento da população nas cidades aumentava as necessidades das pessoas, principalmente no ramo da medicina, na época reduzida a um receituário de poções extraídas de vegetais.
Nessa sociedade em transformação nascia em Einsiedeln, Suíça, em 1493, Phillipus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais tarde auto- denominado Paracelsus (melhor do que Celsus, romano) , que popularizou o "princípio fundamental" da refractabilidade entre os alquimistas, representada pelo "sal". Paracelsus, o Grande, tinha como princípio que a Pedra Filosofal da alquimia não devia ser tão somente para a procura do ouro e da prata, mas também de medicamentos para melhorar as condições de saúde do corpo humano, e assim, providenciar a forma de alcançar a vida eterna. Em sua filosofia, o homem dividia-se em sal (o corpo), mercúrio (alma) e enxofre (o espírito), e qualquer enfermidade seria o resultado da falta de um desses componentes fundamentais. De fato, tanto o sal quanto o mercúrio e o enxofre, para Paracelsus, tinham um significado muito diferente do que podemos atribuir a tais elementos hoje em dia. Para Paracelsus e sem dúvida para muitos alquimistas da época a palavra enxofre, por exemplo, reunia um sem-número de substâncias capazes de sofrer algum tipo de combustão. Não obstante, o sucesso alcançado pelos tratamentos médicos de Paracelsus em pacientes vindos de toda a Europa medieval baseava-se no princípio que ele mesmo desenvolvera, o do "igual trata igual", ou seja, se um composto causa uma doença, então doenças relacionadas devem ser tratadas com a administração de pequenas doses do mesmo composto. Esse princípio é o empregado hoje em dia pela farmacologia homeopática, e existem historiadores que consideram Paracelsus como sendo o Pai da Farmacologia. Paracelsus morreu em 1541 aos 48 anos, provavelmente auto-envenenado por uma de suas poções, mas não sem antes formar toda uma escola de seguidores que reformaram a medicina da época, passando a administrar compostos inorgânicos medicinais além dos extratos orgânicos tradicionais. Os seguidores de Paracelsus se autodenominavam iatroquímicos (do grego iatros, médico), abandonando o nome de alquimistas.
Os alquimistas geralmente utilizavam a luz como um símbolo do espírito, e portanto eles estavam especialmente interessados na luz que parecia estar contida na matéria. Isso estava também acoplado com a idéia do "fogo perpétuo". Existiam idéias antigas sobre a existência de luzes "perpétuas", supostamente encontradas em tumbas ou cofres subterrâneos, como o descrito na monografia Rozacruciana "Fama Fraternalis", de 1614. Em sua procura, alquimistas encontraram na natureza certos materiais brilhantes, obtidos de matéria animal ou vegetal. O interesse em materiais luminescentes culminou, no século XVII com a descoberta do fósforo elementar, em 1669, portanto dentro da era iatroquímica, por um médico alquimista alemão, Hennig (ou Henning) Brand de Hamburgo. Ninguém sabe o que fez esse zeloso alquimista esperar que na urina humana haveria um fluido capaz de converter prata em ouro, mas é sabido que seus estranhos experimentos produziram resultados tão inesperados quanto bonitos: o material branco, ceroso, obtido na retorta daquele alquimista brilhava no escuro, iluminando seu laboratório! uma vez que sua descoberta ficou conhecida por outros alquimistas, não foram raros os casos de queimaduras graves provocados por essa forma de fósforo elementar, que entra em ignição expontânea quando em contato com o ar. (Uma amostra do zelo alquímico pode ser notada a partir da preparação do fósforo, relatada por William Y-Worth, em "Chymicus Rationalis" aonde está contida "Uma descrição Filosófica do Astrum Lunare Microcosmicum, ou Phospheros, de 1692).
No campo da mineração e metalurgia teve grande impacto o livro "De Re Metallica" escrito pelo alquimista alemão Georgius Agricola (1494- 1555). Naquele livro, Agrícola reuniu todas as técnicas de metalurgia conhecidas, e ainda relatou resultados de suas próprias experiências no campo da extração e purificação de metais, introduzindo conceitos que eram tão avançados que resultaram na renovação de toda a indústria metalúrgica européia da época.
O período do domínio do Flogíston:
A teoria dos quatro elementos, após ter tido a mais longa história de todas as filosofias que a sucederam, estava no fim, mas o terreno filosófico da química permaneceu estéril por quase um século. A metalurgia, é claro, desempenhava uma peça chave na economia da época, pela sua capacidade financeira, de gerar empregos, status social... A prática era alquímica: misturava-se o mineral desejado, por exemplo um contendo ferro, com carvão, aquecia-se, e obtinha-se o metal puro no final do processo. Hoje se sabe que o mineral contém o metal na forma de um de seus óxidos, que o carvão e o calor decompõem, formando gás carbônico e liberando o metal em um bom grau de pureza. Mas no início do século XVIII, Georg Ernst Stahl (e Johann Joachim Becher, dois estudiosos dos processos metalúrgicos e de combustão), concluíram que todos os corpos suscetíveis à combustão ou oxidação continham um componente etéreo, que eles chamaram de "flogiston" (do grego phlogistos, combustível).
De acordo com Stahl, um mineral seria uma substância já oxidada, teria pouco flogiston; misturada com carbono (oxidável, combustível, muito flogiston) e aquecido, iria produzir o metal correspondente (um composto, com muito flogiston), que por sua vez poderia oxidar-se novamente (perder flogiston), reformando parte do mineral do qual havia sido retirado. Essa teoria teve muito sucesso, pois reunia os processos metalúrgicos conhecidos em uma forma fácil de ser compreendida, e seu domínio se estendeu por 100 anos.
A procura do flogiston levou os cientistas a divisarem um sem número de experimentos. A partir dos meados do século XVIII foram descobertos quase todos os gases naturais, a maioria dos metais, seus óxidos e sais, que foram submetidos a estudos minuciosos. Porém tais estudos apontavam sempre para as contradições da teoria do flogiston: se a madeira se oxida (queima), então a perda do flogiston faz com que a massa das suas cinzas seja menor do que a massa da madeira original; entretanto, se um metal (por exemplo, o ferro) se oxida e perde flogiston (isso é, forma ferrugem), então a massa do seu mineral (óxido) só pode ser maior do que a massa do metal original caso o flogiston perdido tenha massa negativa! esse "pequeno" impasse não desestimulava, entretanto, os seguidores dessa teoria, que também não se importavam com o fato de que o elusivo flogiston mostrava-se impossível de ser obtido. Assim, tornava-se cada vez maior o número de descobertas que não se encaixavam dentro dos limites dessa teoria, e os que concordavam com ela o faziam graças a postulados distintos suplementares que frequentemente estavam em contradição com a própria teoria. Nas palavras do próprio Stahl (1723 d.C.), em seu livro "Fundamenta Chymiae Dogmaticae et Experimentalis": "o fato de que os metais, quando transformado em seus cais (óxidos) aumentam de peso, não desmente a teoria do flogiston, mas ao contrário a prova, porque o flogiston é mais leve que o ar, e, combinando-se com as substâncias, tende a levantá-las, e dessa forma, as torna leves; consequentemente, uma substância que tenha perdido flogiston deve ser mais pesada". Assim sendo, já perto do fim de seu domínio quase secular, essa teoria, que serviu no início como impulsionadora da química e das demais ciências naturais, pelas buscas a respostas que propiciou, acabou se tornando um empecilho para o desenvolvimento científico.
A Lavoisier cabe o mérito de ter rebatido definitivamente a teoria do flogiston: com suas experiências entre 1772 e 1777, demonstrou que as reações de combustão não são reações de decomposição, onde a substância perde flogiston, mas sim uma reação de combinação, onde um metal reage com o oxigênio do ar para formar óxidos. Ao mesmo tempo que o elusivo flogiston tornava-se desnecessário para explicar relações ponderais entre reagentes e produtos em reações químicas, as próprias concepções básicas da química sofriam uma mudança radical: os metais, que eram tidos como compostos (contendo o metal e flogiston) resultaram ser na verdade elementos, e os seus óxidos, tidos como elementos, mostraram-se ser na verdade, compostos (contendo o metal e o oxigênio). Invertendo o sistema do flogiston de ponta-cabeça, Lavoisier elaborou as bases para a sistematização da química, sendo por isso devidamente reconhecido como o Pai da Química Moderna. Tendo sido o destruidor da teoria do flogiston, Lavoisier contudo acreditava que certas coisas imateriais, como calor e luz (duas formas de energia) também tivessem caráter elementar. Assim, o grande sucessor de Bacon e Boyle continuava acreditando em preceitos oriundos da prática alquímica. Lavoisier foi, sem dúvida, um grande cientista e seu trabalho sistematizou a ciência hoje chamada de Química. Era entretanto de uma família nobre francesa, e detinha o cargo de cobrador de impostos do Rei. Por isso, seus desafetos o condenaram à morte quando da revolução francesa. Foi decapitado em 1794.
Assim, a alquimia continua presente nos dias de hoje, não é coisa do passado como muitos pensam. O nosso histórico não é muito amplo pois muito da alquimia ficou em segredo.
Alguns aspectos importantes na alquimia e o que eles
representam
* A transmutação = Na natureza, a terra contém "sementes" que dão origem aos metais (um processo de evolução e aperfeiçoamento). Todos os metais, com o tempo, se transformarão em ouro que contém o equilíbrio perfeito dos quatro elementos. Na alquimia não existe matéria morta e todas as substâncias, animal, vegetal ou mineral, são dotadas de vida e movimento, ou seja, possuem suas energias características.
Assim, podemos fazer as seguintes relações:
Ouro - representado pelo Sol.
Prata - representado pela Lua.
Mercúrio - representado pelo planeta Mercúrio.
Estanho - representado por Júpter.
Chumbo - representado por Saturno, por ser considerado pesado e lento
Cobre - representado por Vênus, maleabilidade, sossego, beleza e prazer.
Ferro - representado por Marte.
***Postulado fundamental da alquimia "Omnia in unum" (Tudo é Um).***
*O dualismo sexual
A energia original é criada pela junção dos princípios masculino e feminino (sol e lua). Muitos alquimistas constituem casais na busca da Grande Obra, porém para que ocorra uma perfeita união alquímica este casal, ou seja, estas duas metades devem ser complementares formando um único ser (como a figura alquímica do andrógino - sal). Contudo é muito difícil encontrar um par que produza uma união tão perfeita.
*O Cosmo
O cosmo é visto como um ser vivo sendo que seus constituintes tem espírito e propósito definido. As estrelas exalam um campo de energia que pode ser sentido e utilizado pelo homem e assim obter as transformações.
*A vida
Existe uma crença na alquimia da criação artificial de um ser humano, o homúnculo ou Golem, porém estes relatos de alguns alquimistas célebres, como Paracelso por exemplo, poderia referir-se de forma figurada ao processo de fabricação da pedra filosofal, onde o homúnculo representaria a matéria prima para a fabricação da pedra ou então uma fase da iniciação em que o homem ressurge após a morte do outro já degradado.
Na concepção alquímica tudo o que existe é vivo,(como já dito anteriormente) até mesmo os minerais. Tudo vive, cresce, reproduz-se e evolui. Portanto qualquer metáfora sobre seres vivos podem estar referindo-se também ao reino mineral.
A natureza e todos os seus constituintes devem ser respeitados para que a harmonia perfeita possa ser mantida. Esta consciência opõe-se claramente a forma de encarar a natureza até hoje, em que esta deve ser explorada o máximo possível e ainda consideram isto a evolução da humanidade. Reaprender a ver, sentir e ouvir a natureza, significa incorporar-se a ela, para relembrar o remoto passado quando fazíamos parte dela integralmente.
*O amor
Todo o conhecimento alquímico está alicerçado no amor e por isso inacessível aos processos científicos atuais, dos quais muitos visam ao lucro e sucesso na carreira do cientista.
A união pelo amor está sempre presente em qualquer obra alquímica representando uma energia que une dois princípios ou dois materiais, tornado-os um só. De forma figurada é descrita como o casamento do Sol e da Lua, do enxofre e do mercúrio, do Rei e da Rainha, do Céu e da Terra ou do irmão e da irmã, por terem vindo da mesma raiz ou mesma substância.
*Astrologia
Na alquimia a astrologia exerce um papel fundamental desde a escolha do momento certo para o início da obra, da colheita dos materiais utilizados, até o momento mais propício para o alquimista trabalhar.
*Secretum secretorum, uma marca divisória entre a alquimia e a química. Este artifício consiste, metaforicamente, em capturar um raio de sol, condensá-lo, aprisioná-lo em um frasco hermeticamente fechado e alimentá-lo com o fogo. A terra fica em baixo enquanto o espírito sobe. Esta etapa completa a primeira obra e quando concluída corretamente pode se ver a formação de uma estrela dentro do frasco.
*Os quatro elementos e os três princípios
A alquimia além do aspecto espiritual, constituí uma verdadeira ciência que tem como finalidade compreender a matéria e o cosmo, ou seja, o microcosmo e o macrocosmo, além de tentar reproduzir de forma mais rápida o que a natureza leva milênios para conseguir. Como em qualquer área de conhecimento, a alquimia possuía uma linguagem própria. Para tentar transmitir conhecimentos que não haviam palavras específicas para expressar eles utilizaram termos conhecidos, que transmitia uma idéia rudimentar de algum evento. Assim utilizavam os termos Água, Terra, Ar e Fogo para explicar os quatro elementos, correlacionando-os respectivamente com o estados líquido, sólido, gasoso e a energia. O fogo simbolizava todos os tipos de energia, inclusive a energia imaterial dos corpos, o "éter", ou estado "etéreo". O conceito de estado gasoso não ficou conhecido pelo ocidente até o século XVIII com as pesquisas de Lavoisier. Isto demonstra o quanto os Alquimistas estavam adiantados em relação aos sábios de seu tempo.
A Linguagem hermética - exemplos
*Animais normalmente tem um significado especial, como por exemplo, a representação dos quatro elementos. O unicórnio ou o veado representam a terra, peixes a água, pássaros o ar e a salamandra o fogo.
* Uma luta entre o dragão alado contra o dragão áptero, de um cão com uma cadela ou da salamandra com a rêmora, representam o combate entre o volátil e o fixo, o feminino e o masculino, ou o mercúrio e o enxofre, os dois princípios que estão contidos na matéria. Enquanto que a união entre estes dois princípios é representada pelo casamento do rei e da rainha, do homem de vermelho com a mulher de branco , do irmão com a irmã (pois eles provém de uma mesma matéria mãe), de Apolo e Diana, do sol e da lua ou juntar a vida à vida. Normalmente a este casamento precede morte e tristeza.
Apanhar um pássaro significa fixar o volátil.
O leão verde normalmente é associado ao sal.
A pessoa iniciável ou a substância inicial (matéria-prima) pode ser representada pelo filho mais jovem de uma viúva (que representa Ísis) ou de um rei, um soldado que já cumpriu o serviço militar, um aprendiz de ferreiro, um jovem pastor, o filho de um rei em idade de se casar e outros casos semelhantes.
O abismo, um recife e outros perigos de uma viagem representam os cuidados ou os perigos que o fogo conduzido inadequadamente podem causar.
O dissolvente universal tanto é associado ao sal como ao mercúrio normalmente é representado por uma fonte, leão verde, água da vida ou da morte, água ígnea, fogo aquoso, água que não molha as mãos, água benta, vento, espada, lanterna, cervo, um velho, um servidor, o peregrino, o louco, mãe louca, dragão, serpente, Diana, cão, dentre outros.
Os alquimistas utilizam também alfabetos secretos, codificados, anagramas e criptografia. Além de simples sinais que identificam uma operação, substância ou objeto.
Algumas das principais obras de alquimia
* O Arcano Hermético (de Jean d'Espagnet)
* Anfiteatro da Sabedoria Eterna (de Heinrich Khunrath)
* Atalanta Fugiens (de Michael Maier)
* Aurora Consurgens (de São Tomás de Aquino)
* A Aurora dos Filósofos (de Paracelso)
* A Carruagem Triunfal do Antimônio (de Basilio Valentim)
* As Seis Chaves (de Eudoxus)
* Coelum Philosophorum (de Paracelso)
* A fabricação de Ouro (de Francis Bacon)
* Histoire de I'Alchimie au moyen - âge: Nicolas Flamel (de Albert Poisson)
* Museu Hermético
* Rosarium Philosophorum
* Tabela Esmeralda (de Hermes Trismegistus)
* Teorias e símbolos dos Alquimistas (de Albert Poisson)
* O Tratado Dourado (de Hermes Trismegistus)
* Mutus Liber (editado por Eugene Canseliet)
* As Moradas dos Filósofos (de Fulcanelli)
Alquimistas famosos
* Albert Poisson
* Alberto, O Grande
* Basilio Valentim
* Eugene Canseliet
* Francis Bacon
* Fulcanelli
* Geber
* Isaac Newton
* Johann Conrad Dippel
* John Dee
* Maria, a Judia
* Michael Maier
* Michael Sendivogius
* Nicolas Flamel
* Nostradamus
* Paracelso
* Raimundo Llulio
* Roger Bacon
* Samael Aun Weor
* Tomás de Aquino
* Leandro de Alques
Juramento do alquimista
Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pelas trevas; Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anúbis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três cabeças, Cérbero, guardião do inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas.
No entanto, os alquimistas tradicionais, "metálicos", continuam a existir e agora apresentam os seus trabalhos na Web, em sites, forums e blogs, incluindo fotografias das substâncias necessárias ou que vão obtendo, ou dos seus equipamentos, bem como os seus próprios comentários à obra de outros autores, clássicos e contemporâneos.
Acima de tudo, a alquimia deixou uma mensagem poderosa de busca pela perfeição. Em um mundo tomado pelo culto ao dinheiro a à aparência exterior, em que pouco o homem busca a si próprio e ao seu íntimo, as vozes dos antigos alquimistas aparecem como um chamado para que o homem reencontre seu lado espiritual e superior; ou a que, na mais simples das análises, tenha um qualquer objectivo na vida, ainda que longínquo, através do viver uma aventura que se pode cumprir numa divisão esquecida da casa.
“Escuro e Nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim.”
Kalil Gibran Kalil