Avalon: Terra dos Deuses
Avalon, a terra dos Deuses, a ilha das maçãs... Reino perfeito de amor e beleza, a busca constante de todo o ser humano que, apesar de todas as desilusões, ainda tem a esperança de fazer deste mundo uma lenda real, ou seja, um lugar melhor para se viver.
A maçã representa a imortalidade, o conhecimento e a magia. Existem vários relatos referentes a sua simbologia e às viagens célticas, conhecidas como Immran, ao Outro Mundo, supostamente, uma realidade contígua à realidade comum.
Os Immram, são jornadas místicas, nas quais um herói é atraído por uma fada, que lhe entrega um ramo de maçã e o convida para ir para o Outro Mundo, como em "A Viagem de Bran", Filho de Febal. Outro Immram, relata "A Viagem de Maelduin", que trata da busca do herói pelos assassinos de seu pai. Ele passa por uma ilha onde encontra uma macieira e dela corta um ramo com três maçãs. Estes frutos são capazes de saciar a sua fome e a de seus companheiros por quarenta dias sem ingestão de qualquer outro alimento. (Jean Markale, 1979:246).
Tor em Glastonbury - Inglaterra
Avalon também recebe o nome de Ilha Afortunada, pois suas colheitas são fartas e abundantes. Diz a lenda que, era governada por Morgana e suas nove irmãs, sacerdotisas guardiãs do caldeirão do renascimento, símbolo da Grande Deusa, capaz de curar todos os males. Além de evocar as brumas para adentrarem à ilha encantada.
Avalon está associada a Caer Siddi (Fortaleza das Fadas), o Outro Mundo ou Annwn, a Terra da Eterna Juventude. Ilha feérica, onde apenas o povo das fadas e os nobres cavalheiros de alma pura podiam adentrar.
Existia em Caer Siddi uma fonte que jorrava vinho doce e onde o envelhecimento e a doença eram desconhecidos. Entre os seus tesouros havia um caldeirão mágico, tema diretamente ligado à abundância existente na Ilha das Maçãs. (Ellis, 1992:25; Geoffroy de Monmouth, Vita Merlini e Jean Markale, A Grande Epopeia dos Celtas).
Na mitologia céltica existem dois tipos de mitos sobre o caldeirão: o caldeirão do renascimento e o caldeirão da abundância. Dagda, pai de todos os Deuses, possuía um caldeirão proveniente da cidade de Múrias. Ao provar dele, ninguém passava fome, (Ellis, 1992:77). Já Matholwch recebera o caldeirão do renascimento do Deus Bran e com ele era possível ressuscitar um morto, mas que perderia a capacidade de falar. (Mabinogion, 1988:31).
O caldeirão, mais tarde, deu origem ao mito do Graal, inicialmente nas obras de Chrétien de Troyes. Com a sua cristianização em fins do século XII, o conteúdo do cálice passou a ser o sangue de Cristo. Simbolizando o conhecimento e o alimento da alma. A propósito da temporalidade do Outro Mundo, representada pela "Insula Pomorum", Ilha Paradisíaca, onde a passagem do tempo não é percebida pelos humanos que para lá vão, como pode ser visto nos relatos sobre Bran. (Le Goff, 93).
A ilha sagrada de Avalon não existe nas dimensões de tempo e espaço conhecidos por nós. Ao longo dos séculos, as pessoas tentam localizá-la, em locais como: o País de Gales, a Irlanda, a Cornualha e a Bretanha.
A cidade de Glastonbury, em Somerset na Inglaterra, é particularmente associada a Avalon, através dos seus mitos e lendas locais, relacionando a colina do Tor como sendo a entrada do Annwn, lar de Gwynn ap Nud, o rei das fadas e guardião do submundo. Descendo a colina, em meio aos carvalhos, chega-se a "Chalice Well Gardens", os Jardins do Cálice Sagrado, fonte de água avermelhada com propriedades curativas, reforçando o mito do Santo Graal.
Invisíveis aos olhos descrentes, as brumas revelam seus mistérios apenas aos que servem ao princípio maior, junto aos Deuses. A lenda se torna realidade, mas o medo, como sempre, é o grande desafio daqueles que estão na travessia deste portal mágico, prestes a desvendar os segredos do Outro Mundo.
Avalon é o templo do mundo interior, terra da eterna magia e saber que oferece iniciação e esclarecimento a todos que iniciam nessa jornada. E, somente, aqueles que compreendem que a vida é infinita em suas possibilidades poderão abrir as portas deste mundo.
O universo nos coloca, sincronicamente, em caminhos que irão modificar não apenas a nossa existência, mas toda a realidade que nos cerca.
Avalon se apresenta nos corações daqueles que são sinceros e seguem o que lhes foi traçado pelos Deuses, mas, somente nós somos os responsáveis por tecer o fio do nosso destino.
A Luz da Deusa é a divina inspiração que nos chama, a todo instante, ao seu sagrado caminho.
A espiritualidade é a energia presente em todos, a essência da vida que nos leva ao equilíbrio e a plenitude. Através da sensibilidade e da intuição começamos a discernir aquilo que é melhor e o que realmente faz a nossa alma feliz.
Avalon é a lenda que nos desperta para essa nova realidade!
A Lenda e o Mito
São as lendas e os mitos que tornam os nossos dias mais reais e cheios de magia!
Sabemos que muitas lendas sobre o famoso Rei Arthur, foram inventadas, além do seu fim misterioso, bem como, a existência do livro, "As Brumas de Avalon" de Marion Zimmer Bradley, romance envolvente, mas que poucas verdades nos traz sobre os povos celtas.
Os primeiros registros sobre Arthur, diz que ele viveu entre os séculos V e VI e liderou os bretões contra o avanço saxão no cerco da Colina de Badon (não há certeza sobre o local exato, provavelmente na Inglaterra). Alguns textos históricos datados entre os anos de 400 - 550 d.C, e que o descrevem, são:
- De Excidio Britanniae (A Destruição da Bretanha), de Gildas.
- Historia Brittonum (Histórias dos Bretões), de Nennius.
- Annales de Cambriae (Anais de Gales), de autoria desconhecida.
O folclore também é repleto de referências sobre as civilizações perdidas, como o povo ancestral dos Reinos do Mar da Atlântida, as ilhas submersas de Ys e Lyonesse, supostamente os ancestrais de Avalon. E, segundo as lendas artutianas, a terra natal de Tristan e o local da batalha final entre Arthur e Mordred.
Glastonbury e o Caminho Espiral de Tor nos remete, novamente a Avalon, Camelot, aos Cavaleiros da Távola Redonda e a busca do Santo Graal. O Graal relacionado-se à Pedra Filosofal, à Fênix e ao Caldeirão do Renascimento. Nesse ponto existe uma linha muito tênue, onde dois mundos tão distintos se encontram.
Avalon é o despertar natural da consciência. A fonte inesgotável de sabedoria da tríplice divina da Deusa: a Donzela, a Mãe e a Anciã. O reencontro dos Deuses dentro do nosso templo sagrado. Que assim seja!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Nossa jornada se inicia na busca interior dos segredos adormecidos dentro de nós. A mente é o começo, nossas atitudes o resultado final e a percepção, que vai além da lenda e do mito, os elementos fundamentais para a nossa evolução espiritual. Nosso objetivo é resgatar a espiritualidade dos druidas, através dos antigos mitos arturianos, lendas, história e cultura dos povos celtas. Avalon, conhecida como a ilha das maçãs, a ilha mística que separa o mundo profano do mundo divino...
Uma analogia aos arquétipos dos mitos arturianos que facilitam o nosso caminhar rumo aos Deuses, juntamente com o ciclo da natureza que percorre as estações do ano, concluindo assim, sua trajetória de morte e renascimento. O verdadeiro código elemental. Apesar das controvérsias entre fato e ficção, rudes guerreiros da tradição celta são transformados em nobres cavaleiros e as heróicas buscas de testemunhos druídicos tornam-se aliados ao poder do mito e da lenda em busca da verdade, divulgando o paganismo e a mitologia céltica com seriedade e bom-senso. Miticamente, a colina do Tor, em Glastonbury, representa a entrada do Outro Mundo, Annwn ou Portal de Summerland, Terra do Eterno Verão, da magia e do Awen sagrado, a inspiração divina. Misteriosa ilha, cantada em verso e prosa por trovadores medievais, inspirados na beleza dos antigos costumes celtas. Através da Arte Antiga, que o poder dos bosques da ilha sagrada renove as energias e reavive a esperança, outrora perdida em nossos corações.
Não como uma lenda morta, mas como um ideal vivo e realizável. Pois a magia está na sabedoria de cultivarmos apenas aquilo que queremos de volta para nós.
Peço então, que as brumas dêem passagem aos conhecimentos e ao saber dos Antigos, o real caminho da verdade, do bem e do belo, abençoados pela terra, o céu e o mar... Que assim seja!