quinta-feira, 25 de julho de 2019

Homem Lua


A maior parte dos homens pertence ao sol. Gosta de absorvera sua luz e usá-la para dominar a espécie e aclamar-se como Deus. O sol representa a masculinidade no âmbito simbólico. Na sua representação astral. Ele domina (ou acredita que domina). Brilha em torno de si mesmo e não tende para brilhos mais discretos, que igualmente brilhantes são mais distantes.
Mas existe um tipo de homem que fascina mais do que o tipo solar: o homem lua ou lunar.
Este homem não se mostra, não tem prazer em receber os sons dos aplausos porque ele pertence ás mãos que batem palmas. Ele contempla e valoriza ao invés de se valorizar e “narcissizar”. Por ser lunar está diretamente ligado á feminilidade, e por sua vez vê o brilho subtil da lua, a sua silenciosa melodia e a influência que este elemento tem na roda dos dias e das vidas.
Altea a mulher sem querer possuir ou resgatar o poder da mesma. Ama-a verdadeiramente e de forma igual, pois aprendeu com os rumos próprios que o amor vale mais do que as conquistas provisórias e temporárias.
Este lunar essencial da nossa espécie, vê a terra com os olhos de um mago. Celebra-a! E quer, incansavelmente, cumprir os anseios e propósitos da Mãe que o cria e alimenta. Ele fecha os olhos de pés descalços enfiados no todo e sente as suas raízes, cuida-as com o respeito e amor próprio que o fazem caminhar.
Mas ser um homem lua é tão ou mais difícil do que ser mulher, porque, nos termos de sociedade estereotipada, ele cai na tendência de não cumprir o que lhe é exigido e a desmotivação criada pelos dogmas fazem com que as suas asas se recolham e que fique, por tempos, incapacitado de sobrevoar e de espalhar o tanto amor que guarda pela existência.


Ele é, sem dúvida, um sensitivo.  Ser brilhante que guarda na intuição os segredos do Mundo e das mulheres.


Ele sabe ser pai e ser mãe, ele sabe viver encantado com uma concha partida, com passeios em dias de chuva e com momentos simples – até mesmo silenciosos – porque ele sente o essencial que é invisível aos olhos carnais. E sabe retribuir em energia a essência de cada segundo com o seu respirar.
O homem lua é um homem de amor e um homem de amar.
Ele sabe, por consciência nata que os corpos são órgãos que morrem e que o que é eterno se transporta com esse amor e a simplicidade do dar e do receber.
Ele oferece-se sem esperar a possibilidade de retorno. Vê-se no riso das crianças e no choro das mães. Espelha se nos afetos e corre com eles como missão.
Viaja para se encontrar, mas essencialmente para se perder. Ele sente-se. Encontra conforto na solidão e paixão nos ventos cruzados.
Por vezes esconde-se com medo de naufragar nas ilusões que lhe impõem, por isso fica difícil de o encontrar.
Mas ele existe! Algures nas estradas simples de terra ou nos jardins dos castelos, onde fica em admiração da lua que tanto lhe conta coisas que nenhum homem solar vê ou quer saber.
Ele brilha redondo e desce do altar para o próximo brilhar… E não se incomoda porque ele… ele é o homem lua!