A Bruxa não é boa nem má, é humana!
Ela foi temida, odiada, perseguida; sofreu todo tipo de torturas, conheceu o escárnio, o medo e a intolerância; inúmeras vezes passou pela morte na forca, queimou na fogueira, e amargou o afogamento. Ainda assim, com toda sua divina rebeldia, continua a dançar nua diante da fogueira evocando os deuses d'outrora, a alegria no hoje e a liberdade de sempre.
A bruxa é, acima de tudo, a encarnação da resistência!
Para além de toda campanha difamatória ao longo dos séculos, da desconfiguração inocente ou premeditada, da ofensiva dos púlpitos eclesiásticos, a figura da bruxa permanece como legítimo ícone da mulher que não se sujeita e não se conforma.
A bruxa, em sua mais elevada essência, é a sacerdotisa da natureza. Como receptáculo, canal e ministra da Grande Mãe, ela celebra o Divino Feminino, conserva a tradição, espalha o prazer, refina a intuição e sintetiza a vida.
Sim, ela é benzedeira, vidente, necromante, adivinha, maga, feiticeira, mandingueira, curandeira, macumbeira e estriga! Ela é Wicca, Muçulmana, Budista, Cristã, Judia, Africana, Indígena, Eclética! Mas é também sedutora, carismática, fascinante, misteriosa, filha, avó, esposa, irmã, mãe e mulher.
A bruxa não é boa nem má, é humana!
Por vocação, a bruxa é aquela que mergulha nas sombras de si, corre solta na escura floresta de seus próprios deamons e voa velozmente sob o pleno luar da imaginação.
Por natureza, é ela quem se contrapõe ao frio patriarcado, equilibra a difícil balança entre o institucional e o natural, entre o rígido e o fluido, entre o sol e a lua.
Por destino, é a bruxa quem preserva o Sagrado Feminino em todo seu mistério, em toda sua mística, em toda sua Magia.
Caciano Camilo Compostela