sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Uma pátria que chora por si mesma...


Muito além de partidos, que logo o nome já lembra uma segregação que cada vez mais divide cidadãos que deveriam lutar juntos por um país melhor. O que nos falta é alimentar a base...a base chamada sociedade.

Em uma reflexão um tanto complexa, diante de tudo o que vem ocorrendo em nosso país algo me deixou um tanto receosa.
Nem de direita, nem de esquerda, o propósito dessa escrita é falar como brasileira, como cidadã. Renato Russo indagando insistentemente que país é esse em que vivemos, me faz pensar que nem nós mesmos sabemos onde moramos, o que nosso país simboliza, não para o resto do mundo, mas para nós mesmos.
Digo isso por diversas causas, e a corrupção é apenas a ponta do iceberg de tudo isso que chamamos de “Tinha que ser brasileiro” ou “Se não tiver zoeira não é Brasil”. Muito maior que algo chamado Governo, os erros estão aqui entre nós cidadãos, e nessa fala tomo a liberdade de generalizar, e logo salientar que obviamente não são todos que agem da mesma forma.
Mas nesse caos que vivemos nos dias de hoje cabe a reflexão: O que você tem feito para tornar o Brasil um país melhor?
Somos uma mistura de diversas raças, diversas culturas, diversas misérias e diversas riquezas. Todas distribuídas desproporcionalmente, que mostradas na sua mais profunda clareza evidencia o quanto somos diferentes, o quanto deveríamos tentar começar as mudanças aqui embaixo.
Ando pelas ruas, na minha cidade e em viagens, e a segregação é nítida. E você passa a pensar que sorte teve na vida por conseguir ter um emprego, por conseguir ter uma família e até por conseguir ter algum lugar para dormir. Em algo que deveria ser natural, deveria ser um direito de todos.
Mas como já ouvi em algum lugar “A pobreza gera lucro”, pensamento mesquinho de quem está no poder atualmente, mas que daqui a um tempo pode ser aquele cara que faz malabarismos pelos sinais para conseguir seu sustento, aquela criança que vende goma de mascar nos semáforos para ajudar a criar seus irmãos.
Nós não sabemos o dia de amanhã, e não sabemos como será a vida dos nossos filhos, filhos de uma pátria um tanto esquecida. Que entre tantas mentiras, tantos roubos escandalosos, tantos desvios, mas também entre tantos papéis jogados no chão, tantas filas cortadas por falsas gravidas, entre tantos xingos à senhores de idade que batalharam sua vida toda para uma mísera aposentadoria, tornou-se um país sem respeito consigo mesmo.
Me pergunte de novo Renato Russo, afinal que país é esse? Que sai às ruas, brada, tira selfies para mostrar que estavam lá, mas quando chega em algum estabelecimento cultural tenta passar sua carteirinha de estudante falsa? Que país é esse, que nação é essa? Que quando tem a oportunidade de ajudar alguém, dividindo seu pão, prefere acumular mais e mais para si?
Quem são essas pessoas que bradam por um país melhor enquanto continuam pagando propina à guardas quando são paradas em uma madrugada qualquer por estarem dirigindo embriagadas?
Acho totalmente válido tudo o que está ocorrendo em nosso país, até posso dizer que realmente saímos da nossa zona de conforto e estamos começando uma luta por nós cidadãos, mas enquanto a hipocrisia ainda reinar em nossas mentes, enquanto nós ainda cobrarmos os outros antes de nos olharmos, nada vai mudar.
O problema não é partidário, vai muito além da direita ou da esquerda. O nosso problema é aqui, entre nós, entre a falta do bom dia e a necessidade da cobrança à outros. Há uma gama de significados sobre o que é errado, depende de quem está à frente disso tudo, de quem está investigando tudo isso.

E acho que realmente só poderemos transformar um Brasil em um país de orgulho, de brio, quando acordarmos todos os dias pensando em ser melhor, para si, e principalmente para o outro.
Nós somos a base do que está lá no poder, aquilo lá é só o reflexo do que acontece na nossa sociedade há tempos e diariamente. A responsabilidade é unicamente nossa, não só por tê-los colocado lá, mas por criarmos esse pensamento enraizado de que o brasileiro é "zoeiro", de que não nos importamos, de que temos sempre um jeitinho para as coisas darem certo.
Comece com o pensamento, depois aja, e verá que as coisas vão se transformar aos poucos e que daqui um tempo você vai perceber que é possível ser honesto, é possível ser preto no branco, é possível evitar a corrupção.