terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Carnaval: Uma festa pagã



"Os povos antigos faziam rituais mágico religiosos para controlar certos fatores que poderiam representar reveses em suas vidas. O tempo passou, os desvios foram se sucedendo e hoje em dia esses rituais aparecem, bem deturpados, em várias festividades cristãs." - Elsie Dubugras

O Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos séculos 600 a 520 antes da era comum. Através dessa festa, os gregos realizavam realizavam seus cultos em agradecimento aos Deuses pela fertilidade do solo e pela produção.

Nessa época, celebravam-se as Saturnálias , festas em homenagem ao Deus do Tempo, Saturno. Elas aconteciam nos meses de novembro e dezembro, e todos os segmentos da sociedade participavam. Dos membros da nobreza aos escravos, todos se misturavam nas ruas para as comemorações, que incluíam muita comida, bebida, música e dança, nada muito diferente do que ocorre hoje.

Nos primeiros séculos a Igreja Católica não tinha expressão dentro do mundo greco-romano. Somente no século IV, o imperador Constantino publica o Edito de Milão (313 depois da era comum), que torna o catolicismo a religião oficial do Império e proíbe a perseguição de cristãos. A partir do século IV, a Igreja cria uma estrutura mais forte e elabora um cronograma oficial para as festas litúrgicas – Natal, Quaresma e Páscoa – dentro do calendário Juliano.

Como a Igreja pautava-se nos padrões éticos e morais, não permitia uma série de excessos na Quaresma, como a realização de Bacanais e Saturnálias. Então, as pessoas passaram a aproveitar o último dia antes do início da Quaresma para fazerem tudo a que “tinham direito”. O Carnaval é realizado justamente neste período e remonta às características das festas pagãs.

Assim essas festividades pagãs foram movidas para antes do início desse período - a mesma data atual - e ganharam o nome de “carnem levare”, que em latim significa "adeus à carne", ou seja, uma despedida dos chamados prazeres carnais, dos tais excessos que caracterizavam as Saturnálias e eram, como ainda são, reprovadas pela Igreja.

É importante ressaltar que antes das Saturnálias (Romanas), no Egito, no período da estação do outono, realizava-se a festa do boi Apis (animal sagrado). Escolhia-se o boi mais belo e todo branco, o qual era pintado com várias cores, hieróglifos e sinais cabalísticos (branco = pureza, então, pintar o boi significa torná-lo impuro). O boi era conduzido pelas ruas e levado até o rio Nilo, onde era afogado. Em procissão, sacerdotes, magistrados, homens, mulheres e crianças, fantasiados grotescamente, iam atrás dele (o boi) dançando, cantando em promiscuidade até seu afogamento.

Frise-se que na mitologia Grega, Júpiter se fez passar por um boi, seduziu a princesa Europa e a conduziu para o mar até uma praia deserta onde a possuiu. É fato que esses relatos estão entrelaçados, pois o inimigo sempre atuou no mundo de forma discreta e às vezes até imperceptível para levar as almas à perdição.

No entanto, a Saturnália iniciava-se com César e eram protegidas por Baco, o deus do vinho (daí o termo Bacanal). Nos dias de folia, tudo se invertia e ao participar dessa inversão, as pessoas representavam papéis, e fingiam ser o que não eram. Tanto que o rei da festa, o Rei Momo, era um escravo (da classe mais baixa de Roma) e podia ordenar o que quisesse durante as festividades. Durante seu reinado, era praticado, sobre o seu comando, todo tipo de orgia, bebedeira e lasciva. No término das festividades, ou seja, no final do quarto dia, o rei Momo era sacrificado de forma brutal no altar de Saturno. Mas quem afinal é a entidade Momo?

Momo era o Deus da irreverência, segundo os léxicos, é sinônimo de desrespeito, profanação, sacrilégio, ofensa, desconsideração, desculto, desveneração e relaxo.

A própria Mitologia Grega relata que, por ser irreverente e profanador, Momo teria sido expulso do Olimpo (local onde os gregos acreditavam morar os Deuses da sua mitologia). Mas porque afirmar que essa entidade era cultuada em Roma se a sua origem é Grega? Momo é uma das formas de Dionísio, o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo (para os Romanos), daí também se origina o termo Bacanal que significa festas orgísticas.

Frise-se que Saturno (Deus cultuado nas Saturnálias) também é conhecido como o Deus Sol e isso nos retrocede bem antes da época dos reinados Romano, Grego e Egípcio.

Marisa Petcov