segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Como surgiram os nomes dos meses do ano?


Nosso calendário é regido por Deuses, imperadores e números romanos.

Antes de Roma ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o ano em períodos nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa estrutura. De acordo com alguns pensadores, como Plutarco (45-125), no princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C.

Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas também para alguns dias especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e significava "dia de pagar as contas" - daí a origem da palavra calendário, "livro de contas". Idus marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes de Idus. E essa era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.

Até Júlio César (100 a.C.-46 a.C.) reformar o calendário local, os meses eram lunares (sincronizados com o movimento da lua, como hoje acontece em países muçulmanos), mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas estações. O descompasso, de dez dias por ano, fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado.

Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra, Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte calendário solar: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December. Quase igual ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sextilis deram origem ao meses de julho e agosto.

Divisão do ano é basicamente a mesma há 20 séculos.

Janeiro - Janeiro é o primeiro mês do ano. É o mês que os romanos consagraram ao deus Janus. É representado com duas faces, símbolo da capacidade de olhar tanto para o futuro como para o passado e de exercer poder sobre o céu e sobre a terra. As suas estátuas representavam-no tendo na mão direita o número trezentos e na esquerda o número sessenta e cinco, para exprimir a duração do ano.
Deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregado de iniciar o inverno e o verão. Seu nome vem daí: ianitor quer dizer porteiro, aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo.
Antes dos romanos, havia o calendário grego que tinha apenas 10 meses. Os romanos acrescentaram o 11.º e o 12.º, a que deram o nomes de janeiro e fevereiro.

Fevereiro - Apesar da existência de um deus chamado Februs, o nome fevereiro vem do latim Februarius que significa purificação e o seu nome teve origem no festival de expurgação dos romanos.
O nome se referia a um rito de purificação, que em latim se chamava februa. Logo, Februarius era o mês de realizar essa cerimônia. Nesse período, os romanos faziam oferendas e sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a primavera vindoura trouxesse bonança.
A primeira amputação do seu número de dias, que era de trinta, foi feita por Júlio César que lhe tirou um dia para o acrescentar ao seu próprio mês: julho. Mais tarde Augusto faria o mesmo em relação ao mês de agosto, pois também se considerava com direito a ter um mês com 31 dias. Daí que fevereiro tenha nos anos comuns só 28 dias.

Março - É o mês dedicado a Marte (Rómulo, fundador de Roma, dizia-se descendente do deus). A homenagem justificava-se pelo facto de ser um dos meses com maior número de tempestades e ventos fortes.
Marte era representado vestido de guerreiro, segurando a lança e o escudo; mas também era invocado como o protetor das sementeiras dos lavradores. Por isso é que este mês lhe era dedicado.
É em março que começa a primavera. Daí o dito popular de “março, marçagão, manhãs de inverno e tardes de verão”.
Dedicado a Marte, o deus da guerra. A homenagem, porém, tinha outra motivação, bem menos beligerante. Como Marte também regia a geração da vida, Martius era o mês da semeadura nos campos.

Abril - Na antiguidade romana, tem origem na palavra aperire, que significa abrir. De fato, é no mês de abril que a natureza se revela, que se abre na sua beleza florida, depois das chuvas de março.
Os romanos consagravam-no a Vénus, Deusa do amor e da beleza, o que aliás já acontecia com os gregos, que o dedicavam a Afrodite. Este lindo mês da primavera era ligado à deusa representativa da beleza.
Pode ter surgido para celebrar a deusa do amor, Vênus. No primeiro dia do mês, as mulheres dançavam com coroas de flores. Outra hipótese é a de que Aprilis tenha se originado de aperio, "abrir" em latim. Seria a época do desabrochar da primavera.

Maio - Foi a deusa Maia que deu o nome ao mês de maio. Maia era filha do gigante Atlas que aguentava o Mundo sobre os ombros e mãe do deus Mercúrio divindade do comércio e da eloquência. É o mês do tributo à deusa da terra e das flores, responsável pelo crescimento das novas plantas que surgem na primavera.
Homenagem a Maia, uma das Deusas da primavera. Seu filho era o deus Mercúrio, pai da medicina e das ciências ocultas. Por esse motivo, segundo escreveu Ovídio na obra Fastos, Maius era chamado de "o mês do conhecimento".

Junho - O nome do mês é proveniente da Deusa romana Juno, mulher de Júpiter (o mais importante de todos os deuses romanos), que representava simbolicamente o amor, encarnado no casamento e na maternidade e protegia os partos e os recém-nascidos; passeava-se num carro puxado por pavões.
Se havia uma entidade poderosa no panteão romano, era ela, a guardiã do casamento e do bem-estar de todas as mulheres.
Representa o começo do verão, os dias longos, as noites curtas e suaves e as festas populares.
 

Julho - Foi um dos meses cujo nome resultou de pressões políticas. A sua designação original era Quinctilis por ser o quinto mês do antigo calendário romano. No ano 44 a.C., o Senado romano alterou-o para Julius, em homenagem a Júlio César, o célebre general das campanhas da Gália. É também a Júlio César que se deve a reforma do calendário “Juliano”.
É um mês sempre alegremente esperado pelos jovens estudantes, que assim vêem chegar as suas férias de verão.

Agosto - É um caso parecido com o de julho. O seu nome era Sextilis, o sexto mês. A 27 a.C., o Senado renomeou-o em tributo a Augustus Caeser, o Imperador que recebeu o título de Augusto depois de ter vencido a rainha Cleóptara do Egipto. É, pois, em sua honra que o oitavo mês do ano recebe o nome de agosto, sendo-lhe também, para o engrandecer, acrescentado um dia retirado ao mês de fevereiro.
É um dos meses preferidos para férias e, em Portugal, especialmente no Norte, sucedem-se as romarias e as festas populares. É um mês de descanso e de alegria.

Setembro - No primitivo calendário romano, que começava em março, septem era o sétimo mês e daí o seu nome. Apesar de ter passado a nono mês, depois da reforma introduzida por Júlio César, manteve a designação de sétimo.
Setembro é o mês que faz a passagem do verão para o outono. A temperatura torna-se mais suave, colhem-se os frutos de fim de verão e começam as vindimas.
É uma das mais belas e agradáveis alturas para se viver no campo.


Outubro - Octo era o oitavo mês do calendário, quando o ano começava em março. Daí lhe vem o seu nome, que manteve no calendário “Juliano”.

É um mês muito cantado pelos poetas românticos, pela sua melancolia doce. A temperatura é macia, as folhas caem das árvores, começam as primeiras chuvas.

O ciclo da vida continua no ritmo que as estações lhe imprimem.
Na antiga Europa era chamado de Lua de Sangue, pois os preparativos para o inverno atingiam seu ápice, onde a caça garantiria um farto período.
Os povos nativos chamavam de Lua dos mortos.
No calendário druídico a letra Ogham correspondente é Ngetal e a planta sagrada é o junco.


Conhecido como o mês das Bruxas.

Novembro - É assim chamado por ser o nono mês do primitivo calendário romano – novem.

Geralmente chuvoso e cinzento, apresenta, no entanto, belos dias luminosos, o “verão de São Martinho”. É o mês das castanhas e dos magustos, da abertura da água-pé, das primeiras noites frias. As árvores despedem-se das folhas, que vão atapetar as ruas e os campos. Adivinha-se o inverno.


Dezembro - Neve, chuva, o aconchego da lareira, longas noites, reuniões de família, tudo isto sugere o mês de dezembro. O seu nome deriva de ser o décimo – decem – mês do primeiro calendário romano.

É em dezembro que se celebra a festa da família e se comemora o nascimento da Criança da Promessa. Trocam-se presentes, saúdam-se os amigos, há mais fraternidade e alegria.

 
E o ano bissexto?Dia extra a cada quatro anos corrige distorção.

Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César criou o ano de 365 dias e um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro anos era necessário atualizar as horas acumuladas com um dia extra. O problema do calendário juliano é que, na verdade, um ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se estimava. Por isso, em 1582, o papa Gregório XIII (1502-1585) anulou dez dias do calendário e determinou que, dos anos terminados em 00, só seriam bissextos os divisíveis por 400. E o nome "bissexto" tem uma explicação curiosa: em Roma, celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era contado duas vezes.

Fonte - Aventuras na História