terça-feira, 30 de junho de 2015

As Sacerdotisas de Afrodite


A perda da nossa Deusa do amor, de seus templos, suas sacerdotisas, tornou a arte de amar uma manifestação tão particular que, geralmente, nos esquecemos que essa arte, como todas as outras, é aperfeiçoável. O peregrino que se dirigia ao templo de Afrodite em Corinto, provavelmente aspirava a esse grau de perfeição, quando celebrava os mistérios da Deusa com uma das inúmeras sacerdotisas em serviço ali.
Por várias razões sabemos muito pouco sobre essas sacerdotisas, muitos estudiosos especializados em Civilizações Antigas, recusam-se a transformar seus valores, e mencionam "prostitutas" ao invés de "sacerdotisas", algumas mulheres que abandonavam os afazeres domésticos para dedicarem-se ao Templo realizando atividades consideradas sagradas, incluindo o prazer e união sexual. Essas sacerdotisas não correspondiam, absolutamente, a idéia que eles tinham de sacerdócio. Em vez de modificarem seus preconceitos, preferiram traduzir "sacerdotisas" por "prostitutas".
Outros grandes colaboradores para sabermos tão pouco sobre essas sacerdotisas foram os cristãos fanáticos que exibiram um ardor especial em destruir os templos, as estátuas e os textos que nos possibilitaria entender e apreciar esse tipo de sacerdócio.
A Grécia (das civilizações antigas, a que mais se mantém próxima do mundo moderno) foi um dos locais mais agraciados pelas sacerdotisas de Afrodite, no entanto, sabemos do intercâmbio de influências e culturas que enriqueceram os gregos.
Afrodite era a versão grega da Deusa Ishtar dos babilônios, ou da deusa Inana dos sumérios, ou Astarte dos fenícios. Todas tinham em comum a preservação do princípio central e divino da vida: a união do macho com a fêmea através do desejo.
Canto, dança, música, contadores de estória, reza e atividade sexual, para essas civilizações e algumas anteriores a essas, eram atividades de caráter sagrado por manterem seus participantes em estados além do ego ocupando igual importância na vida do indivíduo.
Estas atividades além de garantirem o treinamento e conhecimento do corpo, da criatividade, da intuição também proporcionavam alegria, prazer e comunhão espiritual.
As mulheres, nessas civilizações anteriores, embora voltadas aos afazeres do campo, da cerâmica, da tecelagem, podiam oferecer-se a Deusa em rituais exclusivamente femininos.
A posição social e o desenvolvimento de cada atividade estavam pouco ligados com as distinções de sexo.
No entanto o cultivo do corpo, o aprimoramento sexual e as danças pélvicas eram atividades que pertenciam às mulheres porque preparavam-nas para a fertilidade, gestação e parto - já que naquela época as mulheres não contavam com antibióticos e nem assistência hospitalar. Assim não havia a alienação que há hoje quando acreditamos que o sucesso de um parto depende do serviço médico e de hospitais equipados.
As Sacerdotisas de Afrodite da Grécia Antiga, embora mais modernas, menos camponesas e talvez com uma instrução intelectual maior, foram possíveis pelo legado transmitido desde os tempos anteriores de uma mulher para outra por gerações inteiras...
A união portanto, permaneceu como analogia mais poderosa da Unidade Fundamental ou Divina, sem a qual existe somente a morte, desolação e hostilidade entre homens e mulheres. Essa união era a cerne desses cultos. Depois da repressão ao culto de Afrodite, que acabou sendo compreendido, pelos cristãos, como a mesma coisa que as hostis orgias de algumas regiões daquele período, sua arte não mais foi transmitida de uma mulher para outra, de uma sacerdotisa para uma peregrina ou de Safo para suas discípulas.
Para a maioria de nós hoje, a sexualidade é, certamente, um dos maiores prazeres da vida, mas não necessariamente uma forma de experiência espiritual. Todavia, para a mulher que cultua Afrodite, sua vida espiritual está ligada à sua vida sexual. Para esse tipo de mulher o encontro sexual é a mais profunda das experiências humanas, uma revelação de sua própria profundeza. É portanto, não apenas uma fonte de alegria, mas também um veículo para o conhecimento de seu íntimo. Para essas mulheres o discurso de abstinência sexual, não faz o maior sentido, pois elas vêem o mundo de outra forma. O encontro com o sagrado e com a pureza não está na abstinência, mas na união sexual profunda com o parceiro, seja ele casual ou não. Nos dias atuais, com tantos fetichismo, fantasias, pornografias e etc... é preciso coragem para render-se ao desejo sexual e entregar-se ao ato com uma dedicação e disposição verdadeiramente em sintonia com os atributos de Afrodite, pois para isso requer maturidade, refinamento, sensibilidade e treinamento diários.
" O ato de fazer amor é um ritual que convida a deusa do sexo estar presente. O amor é a afeição que podemos sentir por nossos parceiros, as preparações que fazemos para o ato sexual, as palavras evocativas, os toques, o ambiente e as preliminares visam evocar a ninfa do sexo, de modo que o que ocorre com as pessoas é inspirado e incutido por esse espírito. Sem a presença da ninfa o sexo se torna mecânico. Falta-lhe alma, porque a alma exige que tratemos do aspecto temporal, bem como do eterno. Se deixarmos de lado nossa dimensão vertical, nossos sentimentos profundos e nossas maiores aspirações durante qualquer atividade, inclusive a sexual, a alma ficará de fora e teremos uma experiência funcional que parecerá vazia." - A alma do Sexo

Bibliografía: Meditações Pagãs; Dance e Recrie o Mundo; A Alma do Sexo; Todos os Nomes da Deusa; Tantra Culto a Femininlidade .

Soraya Mariani

Culto aos Ancestrais


“Eu vivo, porém não viverei para sempre.
Somente a Mãe Terra vive eternamente” - Canção dos índios Kiowa
A morte faz parte do ciclo da vida, assim como o dia alterna-se com a noite, a luz com a sombra. A sombra da proximidade da morte nos permite compreender e respeitar o delicado equilíbrio da vida. Assim, seremos capazes de aceitar a continuidade da vida nos nossos descendentes, pois nós também somos a continuação da linhagem ancestral. As gerações nascem, crescem, florescem, amadurecem e decaem, feito frutos de uma mesma árvore, transformando-se no adubo rico necessário para a próxima colheita. Venerar os nossos ancestrais mantém viva a conexão entre as gerações, os vivos reconhecendo e agradecendo àqueles que trilharam antes os caminhos,abrindo portas e deixando o legado das suas experiências e realizações.
De uma forma ou de outra, todas as antigas culturas do hemisfério Norte reverenciavam os mortos, com celebrações e oferendas realizadas no final do outono, quando a própria natureza entrava em declínio. Festejavam-se ao mesmo tempo a última colheita, o abate dos animais para garantir a sobrevivência humana durante os meses de inverno e a lembrança daqueles que tinham passado para o mundo dos espíritos, ao longo do ano. Homenagear aqueles que viveram antes de nós era uma maneira de agradecer e perpetuar o legado ancestral. O termo geralmente usado de “ancestrais” inclui além dos antecessores na nossa linhagem familiar biológica (materna e paterna), as pessoas que representaram mestres, amigos e anciãos do nosso caminho espiritual. Mesmo desconhecendo os nomes dos nossos ancestrais podemos honrá-los, pois somos ligados a eles pelos laços de sangue, sofrimentos, desafios, aprendizados, esperanças e realizações. Nenhuma linhagem é melhor do que a outra - comemorar os que viveram antes de nós é a maneira como reconhecemos e agradecemos seus sacrifícios, sua luta, coragem, sabedoria e suas conquistas. Honramos seu trabalho de plantio e dedicação, cujos frutos estamos colhendo e aproveitando para nós mesmos, ou para aprimorá-los e expandi-los como uma dádiva para os nossos descendentes. Todos nós somos interconectados pelos sutis fios da teia cármica, pelos ciclos de vida, morte e renascimento, determinados e regidos pelas Senhoras do Destino. O nosso poder, força, resistência e sabedoria vêm das raízes ancestrais, todos nós sendo interligados pelos galhos, folhas e frutos da Árvore da Vida, Cósmica e Telúrica.
Os nomes das comemorações dos ancestrais variavam de um país para outro – Pitra Visarjana Amavasya, na Índia; “O Dia das almas errantes”, no Tibet; “Festival Obon”, no Japão; e “A festa dos fantasmas famintos”, na China. Na África, em Daomé (atual Benim), celebrava-se “colocar a mesa”; na Sicília, na festa dos I Morti as mesas eram postas comarmuzzi– “as mãos do morto” modeladas em massa de pão, enquanto no resto da Itália os doces de clara de ovo com amêndoas e açúcar eram chamados de ossi di morti. No México, até hoje, os familiares fazem piquenique nos cemitérios, levando para os túmulos- que são enfeitados com guirlandas de calêndulas - os pratos e as bebidas preferidas dos falecidos. O Dia de Los Muertos mexicano não é uma comemoração macabra ou grotesca, mas uma maneira alegre, divertida e espontânea de reconhecer a inevitabilidade da morte. Ela aparece nos brinquedos das crianças (representada como soldado, herói, policial, médico, dentista, jogador de bola, professor, noivo ou noiva), nos enfeites de açúcar e nos doces, modelada como caveira ou esqueleto e nas calaveras –cartões e imagens de caveiras coloridas com dizeres engraçados trocados entre os amigos. Todos têm um esqueleto, todos vão acabar no cemitério, portanto, é melhor se acostumar desde criança com esta realidade.
As datas dos festivais de comemoração dos mortos também diferiam de uma cultura para outra. No Egito, a baixa do Rio Nilo, em novembro, marcava o início de Isia, a celebração de seis dias que lembrava a morte do deus Osíris. Procissões, drama sagrado, cânticos e danças reencenavam a sua morte e ressurreição,bem como a celebração do retorno das almas para visitar seus familiares. Lamparinas iluminavam suas antigas moradias e os caminhos para orientá-las, os templos e as casas eram enfeitados com flores e oferendas de comidas e bebidas. Do Egito, este costume se espalhou pela Europa e foi preservado e adaptado pelos povos celtas. Por serem povos pastoris, os celtas dividiam o ano em duas estações – o verão, quando o gado era levado para os pastos - e o inverno, quando era trazido de volta.
Na Tradição Nórdica, o mundo dos mortos era associado a seres sobrenaturais femininos, que apareciam como emissárias das divindades, condutoras dos espíritos ou regentes do além. A deusa da morte não era confinada apenas ao mundo subterrâneo, nem era separada da deusa doadora e mantenedora da vida, ambas representavam os ciclos biológicos e sazonais da eterna roda de nascimento, crescimento, vida, decadência, morte, renovação e renascimento. Existiam vários tipos de ancestrais, os Idises eram os guardiões das casas e dos seus moradores, enquanto as guardiãs da linhagem feminina - as Disir - eram espíritos que decidiram não mais encarnar para poder cuidar dos seus descendentes. Elas apareciam em tríades denominadas de Matres ou Matronas, cujas esculturas foram encontradas em vários lugares na Europa e Escandinávia. O festivalDisirblot era celebrado em 14 de outubro com ceias de carne de porco, hidromel e maçãs (acreditava-se que estas refeições eram servidas também para os guerreiros mortos emValhalla); durante a ceia faziam-se brindes para as Disir pedindo suas bênçãos para o próximo ano. Os povos nórdicos acreditavam que a sorte era transmitida pela linhagem feminina, passando de uma geração para outra, o que explica a importância do culto dasDisir. Os ancestrais masculinos se chamavam Alfar, mas devido à semelhança desta palavra com o termo que designava os elfos moradores do reino sutil Alfheim, as referências aos ancestrais incluem tanto os femininos, quanto os masculinos, mas com a devida ênfase nas Disir. Muitas das sagas islandesas e das lendas expressam certo medo dos mortos, considerados seres hostis e invejosos em relação aos vivos, como no caso dos draugar, os “mortos vivos ou zumbis”, que podiam ser destrutivos, vingativos ou ferozes. A única forma de lidar com eles era vencê-los a força, decepar suas cabeças e cremar os corpos (como foi comprovado pelas escavações arqueológicas, onde foram encontrados corpos decapitados com as cabeças ao seu lado). Porém, além destes medos arraigados em relação aos “mortos vivos” (equivalentes aos strigoi romenos), existia o respeito pelos ancestrais ou alguns falecidos ilustres (como reis, magos, xamãs, sábios), que podiam agir como espíritos guardiões, auxiliando e protegendo suas famílias e comunidades. As colinas mortuárias eram consideradas habitações dos mortos, quando alguém morria, dizia-se que ”ele viajou para as colinas”. Pernoitar sobre o túmulo de um ancestral ou personagem famoso era uma prática que favorecia o recebimento de visões e mensagens para cura, solução de problemas ou inspiração poética. Denominada deutiseta, esta prática permaneceu mesmo após a cristianização, enquanto a crença nos sonhos como premonições ou mensagens dos ancestrais para auxilio e cura é valorizada até hoje, os sonhos sendo considerados como um elo importante entre os mortos e vivos.
 Os ancestrais consanguíneos representam os elos com a terra, enquanto os parentes, seres amados, amigos, namorados ou cônjuges falecidos são ancestrais do coração, ligados à água. Os ancestrais do elemento ar são os mestres, escritores e professores, cujos ensinamentos foram importantes ao longo da vida,por expandir a mente e auxiliar no aprendizado. Finalmente, os ancestrais do elemento fogo, são aqueles que despertaram a nossa chama sagrada, que nos encaminharam para uma senda espiritual e nos orientaram ao longo dela, ensinando como fortalecer o espírito e ampliar a conexão com o plano divino.  Nesta conexão entram os xamãs, instrutores espirituais, dirigentes, curadores, pais de santo, sacerdotes ou conselheiros, que foram relevantes na nossa caminhada espiritual pelas suas vidas, lições, exemplos e obras.
Em um altar dedicado aos ancestrais, podem ser feitas as ligações específicas com os ancestrais, colocando seus nomes associados com o respectivo elemento e simbolismo. Não existe um modelo padrão para um altar aos ancestrais, mas ele precisa ser separado do altar dedicado às divindades. Uma simples prateleira é suficiente, sobre a qual podem ser colocadas imagens de divindades ligadas à morte (como Ereshkigal, Hel, Hécate, Ísis, Morrigan, Perséfone, Anúbis,Hades, Samhain, Odin, Osíris, Orixás), fotos dos ancestrais, objetos herdados ou ligados às suas vidas Acrescentam-se velas, flores, incensos, pedras semipreciosas ou cristais, terra e galhos secos de lugares sagrados. Ocasionalmente, nas datas tradicionais (Samhain, Finados ou outras ligadas às suas raízes nativas), nos aniversários de nascimento ou morte dos ancestrais podem ser colocadas oferendas de comidas tradicionais ou típicas nos altares, túmulos ou na natureza, que serão depois entregues em alguma água corrente ou doadas para um asilo. Outra forma de honrar os ancestrais é: visitar seus túmulos, dedicar cultos em sua memória, caminhar nos cemitérios enviando orações para todos os que fizeram sua passagem (mesmo sem serem seus parentes), realizar rituais de perdão para aqueles com que teve desentendimentos e que não foram resolvidos durante sua vida, participar de iniciativas que contribuam para diminuir a violência (assaltos, atentados, crimes), os massacres e as guerras no mundo.
Na tradição romana os espíritos guardiões benevolentes eram os Manes, que zelavam sobre os descendentes enquanto vivos e os auxiliavam na sua passagem. Eles recebiam sacrifícios de ovelhas negras e leitões, cujo sangue era coletado e derramado sobre os túmulos dos recém-falecidos, pedindo sua proteção. Sua comemoração era feita entre os dias 18-20 de fevereiro com oferendas e orações. Nas casas havia altares permanentes para eles, bem como para os Lares e Penates, os espíritos guardiões dos lares, cujo festival era celebrado em janeiro. Acreditava-se que os Lares moravam sob as casas, em esconderijos escuros por temerem a luz solar, que os petrificava; de lá saiam de noite e cuidavam dos seus protegidos. Os Penates viviam acima das casas ou em árvores e deviam voltar para lá antes do pôr-do-sol, cuidando dos seus deveres durante o dia. Para receberem sua proteção as pessoas lhes ofertavam pão e vinho e acendiam velas nos seus altares domésticos; realizava-se uma cerimônia familiar para honrá-los com libações no dia 8 de janeiro. Começando em 13 de fevereiro celebrava-se Parentalia preparando casinhas de madeira para os espíritos que iam vir e permanecer durante o festival.  Havia comemorações conjuntas que incluíam Lupercalia e Feralia,  quando se honravam os mortos e os ancestrais com oferendas e purificações dos seus altares. O festival deSaturnalia celebrado entre 17-24 de dezembro honrava os ancestrais e no dia do solstício de inverno,os familiares trocavam presentes em memória daqueles que tinham morrido ao longo do ano.
  Na Romênia, Sântandrei era uma celebração com data fixa (30 de novembro), dedicada a um antigo deus dácio, protetor dos lobos, transformada pela igreja ortodoxa no dia do Apostolo André. Antigamente, esta data coincidia com a Brumalia romana e as Dionisíadesgregas, festas com muitas comidas, danças e bebidas. Sântandrei era considerada “a Noite dos Strigoi” (vampiros), tanto dos vivos – os espíritos que saiam dos seus corpos durante o sono - como dos mortos, que abandonavam seus túmulos, visando criar sofrimentos aos seres humanos e animais. Acreditava-se que durante esta noite, os mortos vivos, strigoi e almas errantes podiam perambular à vontade, tirando o leite dos animais e a virilidade dos homens, espalhando doenças e malefícios ou brigando entre si. Os strigoi vivos eram espíritos de pessoas que nasciam com um defeito físico ou característica estranha (rabo, placenta colada na cabeça, manchas escuras no corpo, dedos a mais ou menos, corcova). Eles saiam dos seus corpos e se esgueiravam pela porta ou chaminé, depois davam três cambalhotas assumindo o corpo de um animal (gato, cachorro, galo, porco, carneiro, cavalo, sapo), montavam sobre uma vassoura, barril ou roda de fiar e iam se encontrar com os strigoi mortos nas encruzilhadas, florestas distantes ou lugares ermos. Lá, eles reassumiam a forma humana e começavam a brigar e lutar entre si, até que um deles vencesse e se tornasse o condutor de todos durante um ano. Em seguida, curavam milagrosamente suas feridas e voltavam antes da meia-noite pelo mesmo caminho e maneira como tinham vindo. Os strigoi mortos eram espíritos que não tinham alcançado o além após seu enterro, ou que não mais quiseram voltar para lá depois dos dias de visitar seus parentes nas datas especiais como Natal e Sântandrei.Tendo saído da realidade comum e sem ter alcançado o “outro mundo”, eles se tornavam muito perigosos para os vivos, trazendo doenças e pragas, prejudicando a terra, as colheitas, o gado e as abelhas, manipulando de forma mágica fogo e água. Diferente dasIele (um tipo de fadas) que flutuam no ar, cantando, tocando instrumentos e descendo ao chão para dançar, os strigoi mortos viajam sobre terra e água, gritando ou chorando e usando vassouras, barris ou rodas de fiar para se locomover. Eles se originaram dosstrigoi vivos quando eles morreram, de outros mortos que não receberam ritos adequados de enterro ou oferendas nas datas adequadas, ou que não traziam consigo as moedas necessárias para pagar o “pedágio”exigido na transição de um mundo para outro. Por isso, a “moeda do morto” era amarrada num lenço preso no seu pulso ou enfiada na sua boca.
 Para identificar a presença de um strigoi no cemitério, usavam-se cavalos; o túmulo que o cavalo não queria saltar era o sinal de que o seu morador era um strigoi. Ao abrir o respectivo caixão, o morto era encontrado em posições estranhas (de bruços ou de lado, com arranhões no rosto e o cabelo e as unhas crescidas). Para evitar qualquer possibilidade de enterrar alguém em estado de coma ou morte aparente (que ia se transformar depois em strigoi), o cadáver era “morto” em definitivo, enfiando um fuso, foice, tridente ou pedaço de aço em brasas no coração, retirando o coração para incinerá-lo ou mesmo dando um tiro nele. Depois, o caixão era fechado numa caixa com tranca, eram quebradas quatro vasilhas de barro com oferendas colocadas nos cantos do caixão ou era feita a cremação do cadáver, salpicando depois suas cinzas no rio. Estas práticas de defesa contra os strigoi foram usadas até a metade do século XX. O que se percebe - além da crueldade e bizarrice dos métodos usados- é a crença firme dos romenos na sobrevivência do espírito após a morte. As práticas são reminiscências dos ritos funerários neolíticos, usadas até a aparição do cristianismo e continuadas depois às escondidas na área rural em caso de necessidade. Como defesa contra os strigoi, na noite deSântandreias pessoas comiam alho e esfregavam com ele as portas e janelas das casas, dos estábulos e depósitos de cereais, bem como as tetas das vacas e das ovelhas, para que os strigoi não se alimentassem do leite, nem prejudicassem pessoas ou animais. Paradoxalmente, Sântandrei também era uma noite favorável aos encantamentos de amor e às magias de proteção contra fantasmas e lobisomens, já que os lobos recebiam dons especiais de seu padroeiro nesta noite. Eram feitos vários encantamentos, predições oraculares para fins meteorológicos e orientações agrárias,feitiços de amor e talismãs de proteção.
     Samhain (pronunciado “souen”) era o festival celta dos mortos, celebrado no dia 31 de outubro, considerado o primeiro dia de inverno e marcando o início do Novo Ano. Neste dia, os véus entre os mundos se tornavam mais tênues, as almas transitavam mais facilmente de um lado para outro. Além dos familiares mortos, outros seres se manifestavam nesta noite – fadas escuras, elfos, almas perdidas, espíritos zombeteiros. Para se protegerem deles, os celtas usavam máscaras de animais e acendiam fogueiras nas colinas para guiarem os espíritos dos seus ancestrais de volta para suas antigas casas, enfeitadas com lamparinas de abóbora ou nabo colocadas nas janelas e nas portas. Durante séculos, o cristianismo tentou, em vão, suprimir os festejos ancestrais de três dias do Sabbat Samhain, profundamente enraizados nos costumes e almas celtas. Por não conseguir, apelou para o sincretismo religioso, dividiu a data e criou duas comemorações: o“Dia de Todos os Santos” e o “Dia de Finados”, sobrepondo assim as datas cristãs ao antigo festival pagão.
    Os milhões de emigrantes europeus (principalmente irlandeses que estavam sem meios de sobrevivência após a grande fome de 1846) levaram para sua nova pátria – os EUA– seus costumes folclóricos e práticas ancestrais. Surgiu, assim, a festa profana deHalloween, pela metamorfose dos significados antigos (máscaras, fantasmas, lanternas, comidas), disfarçados em apresentações caricaturais (bruxas, magos, duendes,chapéus pontudos, perucas coloridas, vassouras, lanternas de abóboras, caça aos doces – este costume sendo uma reminiscência do hábito antigo de dar esmolas aos pobres e comida para as almas). O comércio e Hollywood contribuíram, em muito, para tornar o antigo festival Samhain em uma festa folclórica infantil ou em um simples baile de máscaras. Mesmo assim, grupos neo-pagãos, eco-feministas e tradicionalistas preservam e perpetuam de forma autêntica as tradições dos seus ancestrais.
 Os nativos norte-americanos celebram até hoje, na primeira lua cheia após o solstício de inverno “o retorno dos Kachinas”– os espíritos dos seus antepassados -, com o FestivalSoyal, que inclui danças com máscaras, fogueiras e oferendas. Os Kachinasse instalam nos altares construídos especialmente para eles e ficam até o final do inverno e o começo do novo plantio, protegendo seus descendentes e suas atividades agrícolas. Na última lua cheia antes do solstício de verão eles retornam para o “Outro Mundo” e são honrados com o festival Nimman Kachina.
 No Havaí, os mais antigos espíritos ancestrais foram divinizados e denominados deAumakua, que eram procurados e honrados para interceder perante as divindades em benefício dos seus descendentes. Eles eram cultuados como protetores das famílias e recompensavam as condutas corretas com bênçãos ou, pelo contrário, puniam os erros de conduta, falsos valores e atitudes imorais com infortúnios.
Na África, muitas tribos acreditam que os espíritos dos seus ancestrais cuidam dos seus familiares e que podem ser feitos pedidos a eles para atuarem como intermediários com as divindades. Para as questões comunitárias, os chefes e xamãs realizam rituais, pedindo a proteção e orientação para as respectivas questões.
Na China são preparados altares para os ancestrais e feitas peregrinações anuais aos seus túmulos, com a intenção de mantê-los a par da situação dos seus descendentes e fazendo oferendas para obter suas bênçãos. A lua nova de novembro é conhecida como a “Lua dos Ancestrais”, quando são feitas peregrinações para os túmulos deles e partilhadas refeições familiares, além de oferendas de moedas, roupas e mechas de cabelos. À meia noite são colocadas lanternas de papel ao longo dos rios e entoadas canções, para que os espíritos dos recém-falecidos sigam as correntezas com suavidade e proteção, levando agradecimentos dos vivos aos moradores do “Mundo dos Mortos”.
No Japão, onde a tradição pagã do Shintoismo ainda é seguida, o Festival Obon é celebrado durante 18 dias em agosto, requerendo uma esmerada preparação prévia dos templos, jardins, casinhas e altares para a recepção dos shugoray – os espíritos dos ancestrais. As famílias se reúnem, acendem inúmeras velas e lamparinas e invocam os espíritos com danças circulares chamadas bonn odori, que induzem a um estado de transe, facilitando percepções paranormais e manifestações de ectoplasmiae telecinésia. Antes do começo de Obon, os familiares vão fazer uma peregrinação para os cemitérios, onde limpam os túmulos,altares dos ancestrais e toda a área ao redor, plantam flores e deixam oferendas de comidas, peixes vivos (representando nova vida), bebidas e imagens de cavalos (os animais que ajudam o deslocamento dos espíritos entre os mundos). No último dia do Festival, os ancestrais estão sendo encorajados para voltar para a “Terra dos Mortos” e enormes fogueiras são acesas para lhes iluminar o retorno. Uma celebração menor é Hina Matsuri ou o “festival das bonecas” em que as meninas vestem suas bonecas com trajes representando suas ancestrais. É feita uma comemoração coletiva em que são acesas cem velas; para cada uma, antes de apagá-la, é contada pelos parentes uma história da vida dos ancestrais, até que se extingue a última vela e na escuridão as pessoas oram em silêncio para os seus entes falecidos.
Deste amálgama de informações e costumes, cada pessoa pode criar uma homenagem pessoal para seus antepassados, seja criando um pequeno altar na sua casa (colocando fotos, objetos, lembranças no canto especificado pela filosofia do Feng Shui), seja preparando um pequeno altar externo (como na Tailândia), usando uma miniatura de casa (como uma gaiola de pássaros), pintada com símbolos que propiciem o renascimento, para “recepcionar” os visitantes do Além. Uma alternativa é seguir o costume vigente, levando flores para seus túmulos, encomendar um culto, orar agradecendo pelo seu legado e visualizá-los envoltos pela Luz Maior.
Para evoluir espiritualmente precisamos do legado dos nossos ancestrais, seja a qual tradição espiritual eles ou nós pertencermos. Eles têm a sabedoria para nos auxiliar na nossa caminhada, revelando ensinamentos ocultos e necessários ao nosso crescimento interior e evolução espiritual. Por sermos seus herdeiros, eles querem nosso progresso e realização, por isso, se devidamente honrados e cultuados, eles podem nos oferecer auxílios inesperados. Porém, para merecermos sua ajuda, devemos ter uma conduta ética e moral apropriada, seguir um caminho espiritual com dedicação e afinco e honrar os seus ensinamentos e tradições. Uma casa não pode ser construída sem tijolos e cimento, homenagear os ancestrais simboliza o barro do qual são feitos os tijolos e nossa ligação com eles será o cimento que permite a solidez da construção. Muitas vezes surge a dúvida ligada ao culto dos ancestrais quando se sabe de familiares com comportamento indigno, valores errados, vícios, agressões, sem ter nenhum vínculo, caminho ou fé espiritual. Devemos lembrar que aprendemos tanto dos acertos, quanto dos erros dos antepassados; não precisamos honrar os familiares indignos, mas aqueles cujos atos e valores podem nos auxiliar no nosso aprendizado e crescimento. Por outro lado, emanar luz e perdão para antepassados agressivos, raivosos, revoltados e sofredores, irá ajudá-los na sua redenção, elevação, cura e transformação.
Os ancestrais são reconhecidos e honrados atualmente nas diversas vertentes neo-pagãs e nos grupos da Senda da Deusa. Cada vez mais é resgatada a antiga tradição que os honra por terem sido eles os responsáveis pela nossa vida atual, pelos conhecimentos, conquistas e realizações a nos legados, pelos valores éticos, culturais e morais, pela tradição e fé espiritual que moldaram nossas crenças atuais. Honrando a memoria ancestral celebramos a corrente existente entre o passado e o futuro, a continuidade da linhagem e a transmissão da sabedoria ancestral.
Independentemente da época em que viveram nossos antepassados, das suas dificuldades, costumes, erros e realizações, o importante é reconhecer e honrar o seu legado benéfico, reverenciar a nossa linhagem maternal, preservar as tradições e crenças antigas e agradecer a sua sabedoria, lembrando a frase de Kahlil Gibran: “Todos os que viveram no passado vivem em nós agora. Que possamos honrá-los como hóspedes valiosos”.

Por Mirella Faur

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dicas sobre Ervas



Alecrim - Planeta Sol, elemento fogo, usado em encantamentos de proteção e para nos ajudar nos estudos.
Açafrão  - Planeta Sol, elemento fogo, usado em rituais de prosperidade e cura.
Alho - Planeta Marte, elemento fogo, erva extremamente protetora e também usada para fazer exorcismo.
Angélica - Planeta Sol, elemento fogo, a raiz dessa erva guardada num saquinho azul funciona como talismã protetor.
Anis-estrelado - Planeta Júpiter, elemento ar, protetor contra olho gordo.
Arruda  - Planeta Marte, elemento fogo, para afastar todo tipo de mal.
Açafrão - Planeta Vênus, elemento fogo, estimula a vida sexual e amorosa.
Avelã  - Planeta Sol, elemento ar, a madeira é apropriada para fazer bastão para magia.
Basilico - Planeta Marte, elemento fogo, usado em rituais de riqueza e prosperidade, atrai dinheiro.
Baunilha - Planeta Júpiter, elemento fogo, usado para encantamento de amor, pois seu óleo é afrodisíaco.
Benjoim - Planeta Sol, elemento ar, usado para purificação.
Camomila - Planeta Sol, elemento água, encantamento em rituais de prosperidade e estimula o sono.
Canela - Planeta Sol, elemento fogo, usado para cura, clarividência, vibrações espirituais. Usado também em rituais de prosperidade.
Cânfora - Planeta Lua, elemento ar, age purificando e energizando, também é usada para assegurar fidelidade.
Carvalho - Planeta Sol, elemento fogo, as folhas purificam, sua madeira é usada para bastões mágicos, seu fruto para fertilidade e cura. Aumenta também o poder sexual.
Cebola - Planeta Marte, elemento fogo, rituais de proteção e cura.
Cipreste - Planeta Saturno, elemento terra, a fumaça proveniente pode ser usada para consagrar instrumentos.
Coentro - Planeta Marte, elemento fogo, usado em feitiços do amor.
Cominho - Planeta Mercúrio, elemento ar, usado para atrair a pessoa amada.
Cravo-da-índia - Planeta Sol, elemento fogo, na época da Inquisição, as bruxas carregavam essa iguaria para não serem percebidas e capturadas.
Espinheiro - Planeta Marte, elemento fogo, usado como talismã de proteção. Se queimar, produz uma energia de dinamismo.
Eucalipto  - Planeta Lua, elemento ar, ótimo para rituais de cura. Coloque folhas em álcool e, depois, umedeça-as com um lenço e coloque em volta do pescoço para gripes.
Freixo - Planeta Sol, elemento água, colocado no travesseiro induz sonhos psíquicos e suas folhas servem para fazer talismã para atrair fortuna.
Gardênia - Planeta Lua, elemento água, rituais para atrair o amor.
Gengibre - Planeta Marte, elemento fogo, ótimo potencializador de encantamentos e feitiços. Seu pó é usado para afastar inimigos.
Girassol - Planeta Sol, elemento fogo, traz bênção ao lar, além de prosperidade.
Hera - Planeta Saturno, elemento água, guarda e protege a casa onde está a planta.
Hortelã  - Planeta Vênus, elemento ar, usada em encantamentos de cura.
Íris - Planeta Vênus, elemento água, planta consagrada de Osíris e são ótimas para rituais de amor e estimula a clarividência.
Jasmim  - Planeta Júpiter, elemento terra, para feitiços do amor.
Louro - Planeta Sol – elemento fogo – atrai vitalidade, prosperidade, sucesso, conhecimentos psíquicos e purificação.
Manjericão  - Planeta Vênus, elemento ar, rituais para expandir consciência, alegria, paz, dinheiro.
Noz-moscada  - Planeta Júpiter, elemento fogo, atrai energia mágica, prosperidade, expansão.
Rosas  - Planeta Vênus, elemento água, atrai amor em todas suas manifestações.
Sândalo  - Planeta Lua, elemento ar, está ligado na conquista de todos os desejos.
Verbena  - Planeta Mercúrio, elemento ar, atrai o amor e também quebra os feitiços.
Vetiver - Planeta Vênus , usada em feitiços amorosos.

Márcia Fernandes

Cozinha da Bruxa


As Bruxas adoram reuniões! E nessas reuniões procuram servir drinks e guloseimas que tenham encantamentos para alegrar, conquistar, emagrecer e muito mais.
Tudo é muito interessante e começa com um encantamento. Todos nós podemos transformar nossos alimentos por intermédio de bruxaria. Comece com o encantamento de sua cozinha e alguns alimentos.
Coloque o sal grosso em um pote e reserve. Em outro pote, coloque açúcar e reserve. Em noite de Lua Cheia, posicione um pote ao lado do outro e entre eles, uma vela branca. (Veja um lugar onde tenha a luz do luar). Posicione uma mão posicionada com a palma virada ao lado de cada pote e diga:

“Senhora e amada deusa,
 peço a sua presença e benção,
 cercada de elementais e guardiões,
 consagre estes elementos para que tenham poderes e energias.
 Assim na energia da lua,
 se transformaram em pó Encantado
 E ao alimento acrescentado
 Por eles o poder será dado!
 Que assim seja e assim será!”

Ao usar estes dois temperos, ao salpicá-los na comida, diga as palavras “mágicas” que você deseja, por exemplo: saúde!, paixão!, prosperidade!, usando a entonação de magia. Com certeza, seu alimento estará emanando este poder.
Deixe um vaso de Aloe Vera junto à janela, um local ensolarado e converse com a planta diariamente. Se acontecer alguma queimadura, peça permissão, retire uma folhinha, macere e espalhe na região.
Cultivar vasinhos de pimenta na cozinha protege energeticamente o ambiente. Use sempre elementos frescos e sempre tenha seu caldeirão para poções mágicas.

Márcia Fernandes

A Bruxa Cozinheira



Cor : Branco
Elemento : Ar
Ervas : Canela, cravo, noz moscada.
Linha : Criatividade

Ela traz o néctar da Vida, mas pede que não esqueçamos de buscar nosso próprio alimento, que não é somente para alimentar o corpo, como também, trata de nutrir a Alma e o Espírito.

Adora estar na cozinha, mas também gosta de estar nos atelieres de artesanato, ou salas de costura, ou na própia maquina de costura, ou qualquer lugar onde se criam coisas.

Quando cozinhar pães com farinha de trigo ou alimentos com aveia, convide-a a cozinhar com você, colocando um pouco de ambas farinhas em seu altar ou no jardim da casa.

Ela lhe devolverá cada grão, aumentando de forma exponencial sua criatividade.

Quando precisar de  sua ajuda, ofereça-lhe uma colherada de farinha de trigo, no jardim, diretamente sobre a terra, se esta ventando melhor, pois suas ajudantes, as Fadas, transformarão a farinha com as ráfagas de ar, numa chuva de idéias criativas sobre sua mente.

Encanto de sintonia:

“Eu crio e recrio todo tipo de coisas,
com aromas e sabores
de grandes amores.

Eu planto sementes de pensamentos,
para que germinem
regadas com a água de teu desejo.

Os grãos que me ofereces, e
que moerei a Luz do Luar,
serão a base, com a qual
executarás tua obra prima,
para que tua vida seja plena,
e fértil de idéias, novas e originais.

Alegra-te e bate palmas,
dança a melodia da Vida,
porque sem alegria, nada
pode ser criado”


Recitar o encantamento, enquanto ouve uma musica que nos faça feliz, algo com movimento; se desejar pode dançar; também coloque algo de grãos no altar ou no jardim durante este encanto.

Se cozinhar com ela, terá pequenas sugestões em sua mente, sobre como condimentar a comida, e coisas pelo estilo.

Cozinha Mágica da Bruxa

domingo, 7 de junho de 2015

O Silêncio dos Lobos

a-mulher-e-o-lobo


Pense em alguém poderoso.
Essa pessoa briga e grita como uma galinha ou olha em calmo silêncio, como um lobo?
Os lobos não gritam.
Eles têm uma aura de força e poder. Observam em silêncio.
Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.
Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.
Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.
Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.
Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia e continua a trabalhar mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.
Olhe… sorria… silencie… vá em frente.

Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar.
Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.
Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) ideia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.
Não é verdade. Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.
Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal.
Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.
Você pode escolher o silêncio.
Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenócrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar:
“Arrependo-me de coisas que disse, mas jamais de meu silêncio.”

Responda com o silêncio, quando for necessário.
Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais, use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não ter que responder em alguns momentos.
Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.
E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Aldo Novak

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A Magia dos Chás

Chá de Uva Ursi – Poderes Ocultos e Função Fitoenergética

CHÁ – Duas Funções Básicas

Toda erva, sem exceção, possui algum tipo de propriedade. Em geral, nos acostumamos com aquelas características ensinadas pela sabedoria popular, que sempre nos oferece muita informação útil. Mas genericamente podemos destacar dois tipos de características ou funções dos chás de ervas, flores, frutas, folhas, sementes, cascas ou raízes:

CHÁ E SUA FUNÇÃO FITOTERÁPICA

Aborda o princípio químico ativo presente na planta, que irá atuar na fisiologia humana, ou seja, no corpo físico. Para você usar a Fitoterapia, é importante que você saiba usar as plantas certas, nas quantidades corretas porque, embora esteja tomando algo natural, você irá tomar um remédio, e como tal, exige cuidados.

CHÁ E SUA FUNÇÃO FITOENERGÉTICA

É a função do chá relacionada ao poder oculto, ou à energia sutil da planta que atua na alma humana, no campo dos pensamentos, sentimentos, emoções e até no campo espiritual.
Para usar a Fitoenergética, você também precisa saber combinar as plantas de acordo com as suas faixas de frequência e montar um composto com a polaridade correta. Contudo, uma simples oração no momento do preparo já será suficiente para que a fitoenergia seja ativada.
A outra grande vantagem é que, se você usar exatamente como o método da Fitoenergética recomenda, você não terá qualquer tipo de contraindicação e poderá usá-la associada a qualquer outro tipo de tratamento que você ou alguém que você queira ajudar esteja recebendo.

Chá: Um ritual

O chá é uma bebida que concentra a energia e o poder das plantas e ervas. O ritual de preparo, além de aumentar a potencialidade energética do composto, pode ajudar a aumentar nossa conexão espiritual, portanto é muito importante termos atenção na hora do preparo.

Como Preparar chá

 PASSOS:

  • Prepare seu chá conforme as técnicas da Fitoenergética. Pegue a xícara de chá e sente-se em um local confortável. Evite interrupções, desligando o telefone, a campainha, etc. Coloque uma música suave e relaxante a seu gosto.
  • Com uma mão, segure a xícara de chá e repouse a outra mão sobre seu coração. Acalme seus sentidos, feche os olhos, respire profundamente até ir se tranquilizando por completo. Quando você conseguir sentir plenamente as batidas do seu coração em sua mão, concentre-se nelas.
  • Imagine que a outra mão que segura o chá acompanha essa mesma pulsação. Sinta que todo o líquido pulsa na mesma frequência do seu coração.
  • Agora imagine, sinta, ou visualize que a cada pulsar do seu coração, o chá muda de cor, intercalando entre um verde brilhante e um prata cintilante. Mantenha essa sintonia, imaginando, ou acreditando nesse pulsar verde e prata, na frequência do seu coração.
  • Ainda com olhos fechados, beba pequenos goles do líquido.
  • Sinta que o pulsar verde e prata se transfere totalmente para seu corpo, que começa a vibrar nessas duas cores: verde e prata.
  • Continue tomando o chá lentamente. Quando terminar o conteúdo, mantenha-se em silêncio e em relaxamento por alguns minutos, só então desperte lentamente, sem pressa ou correria.

Benefícios do chá

SOBRE A PRÁTICA:

  • Essa prática pode ser realizada também antes de dormir, de manhã cedo ou em qualquer momento de meditação ou reflexão. Produz efeitos positivos que equilibram as emoções, reorganizam os pensamentos, conectando-nos em sintonias superiores.
  • Faça para qualquer tipo de chá.
  • Faça sempre e você se beneficiará de incríveis e profundas transformações em sua vida.

CHÁ: TRATAMENTOS NATURAIS – CONCEITOS ESSENCIAIS

Sobre todas as circunstâncias e aspectos citados aqui, NÃO HÁ ABSOLUTAMENTE NADA MAIS IMPORTANTE do que entender realmente COMO A DOENÇA SURGE NA ALMA para depois se manifestar no corpo, ou seja, compreender a verdadeira causa. E não se trata apenas de doenças físicas, mas de comportamentos difíceis, hábitos nocivos, sentimentos negativos e muitos outros.
Se você entende a causa, você também pode tratá-la com uma aplicação correta da energias.

Atenção:

- Nunca ferva a água com as ervas, pois a evaporação faz perder o sabor e o poder medicinal do chá.
- Se o ingrediente for algum tipo de raiz, casca ou semente, aí então você pode ferver tudo junto para extrair os componentes do material.
- Nada de aproveitar chá feito no dia anterior. Depois de 24 horas o chá já está em processo de fermentação.
- As propriedades do chá são melhores conservadas se você evitar usar utensílios de metal na preparação.

Vai aqui algumas de chás terapêuticos:

-Alecrim: O chá feito dessa erva é muito indicado para solucionar o esgotamento físico que as pessoas sentem como sintoma de gripes e febres.

-Folha de Amora: O chá dessa folha pode servir como um tratamento alternativo para as mulheres que fazem reposição hormonal. Ele ajuda a aliviar os sintomas da menopausa, mas não substitui o tratamento indicado pelo ginecologista à base de hormônios.

-Chá de Melissa: É ótimo para quem anda tendo problemas de insônia. Tomar uma xícara do chá antes de dormir pode garantir uma noite sem aquelas reviravoltas pela cama.

-Chá de Boldo: Chá digestivo bom para ser tomado após as refeições e ótimo para problemas hepáticos também.

-Erva-mate: Estimulante neuro-muscular. Possui entre seus componentes vitaminas do complexo B, C, E, além de sais minerais como cálcio, manganês e potássio. Ideal para ser consumido em situações que exijam muito esforço fisico e mental, pois aumenta a resistência à fadiga.

-Camomila: Calmante. Eficaz no tratamento de cólicas do estômago, intestino e útero e nas menstruações difíceis e dolorosas. Também é muito utilizado na cosmética como calmante para a pele e para avivar o dourado dos cabelos loiros.

-Capim Cidreira: Antiespasmódico. É considerado um excelente tônico para o sistema nervoso. Acalma, sendo muito eficiente em insônias e dores de cabeça.

-Chá Verde: Protege o sistema gastrointestinal de bactérias nocivas, auxilia nos processos digestivos, controla a pressão arterial, ativa o sistema imunológico, promove a longevidade saudável. No processo de emagrecimento, o chá verde atua como importante auxiliar, pois tem ação desintoxicante, digestiva e diurética, entre outros benefícios.

-Chá de Hibisco: Essa planta possui propriedades nutricionais capazes de auxiliar a perda de peso. O hibisco ajuda no processo digestivo, reduz o nível de gordura no organismo, melhora o funcionamento do intestino e diminui o acúmulo de líquido no corpo. É o queridinho da vez!

É isso aí, as ervas podem fazer parte de uma nutrição holística, nos possibilitando viver de uma forma ainda mais saudável, com maior longevidade e qualidade de vida.
Existem várias formas simples de usar esses produtos que acabam aliviando sintomas, além de acalmar a mente.
 

Fonte: GIMENES, Bruno J. Fitoenergética – A Energia das Plantas no Equilíbrio da Alma.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Fundo do Poço é o melhor local para fazer um Retiro Existencial


Temos medo do fundo do poço.

Temos medo de chegar ao fundo do poço e, mais do que isso, temos medo de ficarmos estagnados no fundo do poço. Vivemos tentando evitar chegar nele porque existe uma consciência comum de que quem o alcança não sairá dele tão facilmente. Será?

Mas o que é o fundo do poço?

Temos tanto medo dele que até evitamos pensar nele. Para mim, chegar ao fundo do poço pode ser uma desistência em massa. Uma parada brusca, uma desaceleração. Um intervalo. Uma necessidade de voltar ao ponto zero e ficar ali por um tempo.
Chegar ao fundo do poço pode ser um cansaço que vem se acumulando na alma e cavando um buraco fundo onde são depositados aqueles sentimentos que não tivemos tempo de encarar e lidar na nossa alucinada maratona de matar um leão por dia.
O fundo do poço é um depósito de nós mesmos, um porão que nunca entramos, onde vamos jogando tudo aquilo que ainda não pudemos nos desfazer e desapegar, tudo aquilo que deixamos pra pensar e resolver depois. Todos aqueles sentimentos ‘inúteis’ e ‘feios’, que se ficarem habitando cotidianamente nossa alma, nos travam o rápido caminhar. Então tomamos a decisão mais fácil, tira-los da vista. Vão para o porão da alma, vão para o fundo do poço.
Ninguém quer chegar ao fundo do poço, ninguém quer passar um bom tempo no fundo do poço, ninguém quer mostrar ao mundo seu fundo do poço. A vida é tão curta, queremos mostrar ao mundo o que em nós é jardim e casa arrumada, os ambientes sorridentes, bem iluminados e arejados, festivos. Aprendemos desde cedo a cimentar os nossos próprios porões, a trancar a sete chaves e esquecer o acesso. Temos vergonha de dar qualquer pista de que estamos perto do fundo do poço e temos pavor de pensar em perder algum tempo de vida nesse lugar mofado, escuro, cheio de entulhos e fantasmas.
Se por qualquer motivo, a vida traz à tona nosso fundo do poço, nossa primeira reação é querer disfarçar e sair dali o quanto antes. Queremos pegar impulso e voltar para a nossa incessável engrenagem diária, voltar a nos encaixar, voltar a sermos bonitos, bem resolvidos, como todo mundo. Queremos recuperar o equilíbrio.

Por que temos tanto medo do fundo do poço?

Temos medo do desconhecido, queremos percorrer apenas as estradas mapeadas. Ao invés de tentarmos sermos mais humanos, empáticos, profundos com esses nossos lados, fingimos que eles não existem. Marginalizamos o que em nós é obscuro e insólito. Tudo que é desconhecido nos causa medo. Não queremos sentir medo e nem causar medo. Então seguimos nas nossas velhas estradas rasas e pavimentadas.
Temos medo também do nosso próprio silêncio. Falamos muito de tudo e de todos o tempo todo para não deixarmos nosso pensamento escutar os ecos de nossa alma. Sabemos falar sobre tudo, mas não sabemos expressar o que em nós é grande e misterioso. E no nosso fundo do poço, o silêncio grita. E temos medo de escutá-lo. Temos medo das verdades que nossos silêncios trazem.
Além disso, temos medo de mostrar ao mundo que estamos no fundo do poço. Não aceitamos admitir que não queremos mais participar da maratona de matar um leão por dia, que fraquejamos, que perdemos, que estamos frustrados, que precisamos de um bom tempo sozinhos para processar e limpar o velho porão cheio de sentimentos mofados e mal cheirosos que se não forem organizados em algum momento, deteriorarão nossa alma. Temos vergonha social de admitir nosso fundo do poço.
E, finalmente, temos medo também de nunca mais sairmos dele. Temos medo de não conseguirmos voltar, de não termos forças para enfrentar tudo, temos medo de ficarmos para trás, de perdermos tempo, e de perdermos a vida. Presos e estagnados num porão que parou no tempo.
Temos tantos medos!
Engraçado, temos medo de perder tempo e de perder a vida. Mas, perder um pedaço do que somos realmente, mesmo que feio, mesmo que sombrio, é viver por inteiro?
Queremos seguir a vida apenas com nossas vitórias estampadas na nossa fachada.
Ao encobrir nosso fundo do poço, enganamos o mundo, mas ele continua grande e profundo em algum esconderijo de nós mesmos.
É… mas e se aceitamos ficar um tempo no fundo do poço?
E se olharmos para os medos e aprendermos a encarar a nós mesmos de frente? E se concordarmos em permanecer quietos e silenciosos despois que tudo se esgotou (amor, trabalho, dinheiro)? E se ao invés de sairmos correndo procurando outro amor, trabalho, dinheiro, esperarmos um pouco, escutarmos o silêncio?
E se ousarmos usar o fundo do poço para fazer um retiro existencial? Quase como um templo de meditação, fecharmos as janelas para o mundo e tentarmos ouvir essas versões clandestinas de nós mesmos.
E se aprendermos a aceitar o que em nós parecia inaceitável?
Já que o fundo do poço é onde tudo se esgotou, não temos mesmo nada mais a perder. Então nos demoremos um pouco nele!
Pode ser que percebamos que o que eram fantasmas aterrorizadores são, na verdade, uma grande parte do que nos constitui.
Sair rapidamente do fundo do poço pode significar voltar para o mesmo velho caminhar. E tudo pode tornar a ficar razoavelmente bem, na medida em que continuarmos nos equilibrando entre cavar e camuflar buracos.
Ficar um tempo no fundo do poço pode significar encontrar riquezas escondidas, mapas de tesouro, caminhos alternativos e verdades ocultas. E aí poderemos voltar a superfície sem ajuda de escadas e esforços de impulsos, porque teremos desenvolvido asas.

Por Clara Baccarin

Escritora, poeta e redatora. Autora do romance poético CASTELOS TROPICAIS
(Ed. Chiado), trabalhando no segundo livro, MESA DE BAR