quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Faça as pazes com o masculino


Um dos pontos mais difíceis, e profundos, do processo de cura do Feminino é fazer as pazes com o Masculino, fora e dentro de nós. Requer tempo, paciência, desapego, sabedoria e amor. Muitas vezes nossos problemas nos relacionamentos (com homens ou mulheres) são reflexos de traumas emocionais de nossa infância... Um pai ou mãe ausente, um abuso sexual, um sentimento de abandono ou carência... Enfim, tudo isso marca nossa psique, nossa mente, emoções e comportamentos.
E nossa relação com o outro e com nós mesmas(os) é um reflexo disso. A partir desse conhecimento é que podemos iniciar o processo de cura e transformação, começando por dentro, por nosso interior, e se expandindo para fora, para nossas relações. É mais difícil fazer essa jornada sozinha(o), muitas vezes precisamos do auxílio de um(a) terapeuta, mestre(a) e/ou um caminho firme de autoconhecimento e espiritualidade que nos ajude a olhar para nossa alma e reconhecer seus aspectos de luz e sombra.
Nossas relações são, além de outras coisas, verdadeiras oportunidades de crescimento e autoconhecimento. Se estamos em uma relação (de amor ou amizade) com aquela pessoa, sem dúvida é porque nossas almas se atraíram, e temos algo a ensinar para ela, assim como temos algo a aprender também, sobretudo sobre nós mesmas(os). Nossas sombras ou feridas se refletirão em algum momento naquela pessoa, e é aí que precisamos estar conscientes para curar o que precisamos curar dentro de nós.
'Por que tal comportamento me irrita naquela pessoa? Por que sinto tanta insegurança? Por que tenho tanto medo de ser traída(o) ou abandonada(o)? Por que minto, ou fico com outras pessoas, ou busco motivos para brigar quando tudo está indo bem na relação? Por que estou com essa pessoa mesmo que ela me trate tão mal? O que busco nessa relação? E o que ofereço? Quem eu sou? Quem eu quero ser?....' Essas são algumas reflexões que devemos fazer quando nos deparamos com um momento de 'crise' ou de transformação em uma relação.
Enquanto não buscarmos essas respostas ou a solução para essas questões, os problemas retornarão... Como em ciclos, se repetindo às vezes por gerações ou vidas até que sejam quebrados ou finalmente curados. Algumas mulheres buscam nos homens ou em suas parcerias o 'príncipe encantado' ou a 'pessoa perfeita', quando não, vêem todos como 'sapos' ou 'não confiáveis', 'todos iguais'. Nada mais que reflexos... Espelhos quebrados, de uma alma quebrada, que precisa urgentemente se recompor, se regenerar.
Não existem pessoas perfeitas, príncipes nem princesas, tampouco apenas sapos ou dragões. Temos todos um pouco dos dois. A diferença é se temos consciência disso, e o que estamos fazendo para melhorar... O que estamos fazendo para curar a nós mesmos e as nossas relações? Não espere que alguém de fora, uma paixão, um amor ou que seja, preencha o vazio que habita em ti, ou que cure suas feridas mais profundas. Elas podem te ajudar, ser uma companhia na longa caminhada, mas só você pode preencher seu vazio... Apenas você pode curar suas feridas. Não podemos mudar ninguém, a não ser nós mesmas(os). Então, minha irmã (meu irmão), perdoe e se perdoe, liberta e se liberte, deixa ir embora tudo o que precisa ir, deixa o rio correr, a vida fluir...
Se permita ser feliz, amar e ser amada(o). Ame-se! Descubra sua força interior. Você é forte, mais do que imagina. Como disse antes, esse processo requer tempo, paciência, sabedoria... É difícil, sim. Mas é necessário. Por fim, faça uma prece por todos os seus ancestrais masculinos, conhecidos e desconhecidos. Pai, tios, avôs, bisavôs... Abençoe-os, perdoe-os, reconheça o caminho que eles fizeram e que te trouxe até aqui. Eles erraram, eles também acertaram... Assim como todo mundo um dia. Somos todos aprendizes nessa vida e não nos cabe julgar ou maldizer ninguém. Cabe à nós seguir nosso caminho, expressando nossa essência, semeando amor o máximo possível, honrando nossas lágrimas de alegria e tristeza, honrando o Sagrado feminino e masculino (dentro e fora de nós), curando a nós mesmas e todas as nossas relações... Esse é o caminho.

Mayra Faro