quarta-feira, 15 de maio de 2019

Quando a Bruxa Desperta

Quando a bruxa desperta, dizemos que a mulher encontrou o caminho de volta ao seu próprio poder. Isso significa que a reconexão foi feita.
Ao longo dos anos, a menina, que absorveu a programação de base dos pais e da sociedade, precisou suprimir certos aspectos de seu ser para que se adequasse e fosse bem aceita no meio em que vivia e, assim, quebrou a conexão consigo mesma.
Considere que o maior medo de toda criança é o da não aceitação pelo grupo do qual depende sua sobrevivência.
Para garantir afeto, proteção e alimento, ela pode aprender muito cedo que é preciso fazer o que eles dizem e ser como eles desejam.
O problema é que o poder pessoal está diretamente vinculado a quem se é, num firme contrato de autenticidade.
Sabemos que toda magia, processo criativo ou "cura", só são feitos quando o humano e o divino se tocam, como na famosa obra de Michelangelo. Precisamos dessa reconexão se quisermos manifestar nosso potencial plenamente.
Mesmo que se leve anos, sempre chega certa altura da vida em que uma mulher pode esbarrar em algo dentro de si mesma que seja extremamente desconfortável. É como o fecho de um sutiã que incomoda, estando lá há tanto tempo, que é surpreendente como aquilo pôde ser suportado.
É o incômodo de saber que há um manancial de energia interior muito maior do que lhe permitiram expressar.
Agora é preciso descobrir como alcançá-lo, já que este caminho não é trilhado há muito tempo.
A boa notícia é que caminhos abandonados costumam ser tomados pela vegetação. Eles não se vão por completo, mas ficam encobertos pela relva, como se a natureza se encarregasse de protegê-lo enquanto a mulher está ausente.
Uma vez que se decida relembrar o trajeto para dentro de si mesma, todo o sistema da mulher se põe em ação para auxiliar. Mas, assim como nos mitos e contos de fadas, é preciso que o processo seja feito a partir de uma decisão tomada de todo o coração.
Assim, inúmeros recursos começam a ser mobilizados. Interna e externamente.
Dentro, manifestam-se forças psíquicas e viscerais. Fora, as sincronicidades começam a trazer pessoas, criar situações e sinalizar que se está no rumo certo.
Haverá muito trabalho pela frente, com toda certeza. Mas esse esforço despendido tem sabor diferente do esforço que se fez ao longo de toda a vida para a adequação. Desta vez, o esforço tem um tom de obra alquímica, ou uma espécie de ato epopéico, onde se é ao mesmo tempo a heroína e a mocinha a ser resgatada.
Quando se alcança a mão da donzela perdida, e ela lhe olha diretamente nos olhos, sua face muda para a de uma bruxa extremamente velha e sábia.
O poder pessoal nesse momento é re-integrado.
Perceba que nesse processo não há luta externa contra inimigos convenientes, como o patriarcado, os próprios pais ou a religião. Qualquer que seja a sua luta, esta deverá ser feita internamente, para que seja efetiva e definitiva em termos de transformação pessoal.
Para obter apoio e motivação nos momentos em que a missão fica mais difícil, podemos contar com psicoterapia, círculos femininos, constelação familiar, livros maravilhosos sobre o sagrado feminino e muitas ferramentas de autoconhecimento que hoje estão bem disponíveis.
O importante é trilhar esse caminho com coragem, no sentido mais puro da palavra: agir com o coração.
Numa busca sincera, novos patamares são sempre atingidos, porém a jornada não tem fim. Há sempre mais a descobrir sobre si mesma. E é maravilhoso que seja assim.
Uma bruxa sabe que, unida ao Grande Mistério, seu poder é infinito.... Adriana Schier

terça-feira, 14 de maio de 2019

Blue Moon - Lua Azul



Entrada de Lua cheia 18 maio 2019 às 18:11:36 -  Full Blue Moon 

Para você entender melhor, essa expressão é utilizada para nomear a segunda Lua Cheia que acontece no mesmo mês. Em média uma vez a cada 2 anos e 7 meses podemos presenciar isso, e em uma análise mais profunda: 7 vezes a cada 19 anos, e 36 vezes em um século.

A Lua Azul possibilita um momento de reflexão e oportunidade para intensificar a espiritualidade, intuição e principalmente potencializar os poderes psíquicos. E acredite! Apesar do nome ser lua Azul, ela não possui essa coloração. É possível que o brilho seja emitido com cores azuladas, mas isso acontece devido a nossa atmosfera.

A influência da Lua Azul

Lembrando que a Lua também representa o sagrado feminino e por isso ela influencia diversas coisas como as colheitas e principalmente nossos sentimentos e emoções. Esse período é um momento muito importante para concretizar, realizar e buscar todos os sonhos, planos e desejos.
Quando algo é iniciado na Lua Azul tem grandes chances de se concretizar, por isso é tão importante neste momento o foco em nossas mais sinceras intenções.

“Lua azul, tu que és a Mãe
de todas as transformações,
guardiã de ciclos que envolvem o universo,
Permite às criaturas terrenas
Terem a clara visão da realidade,
sem se deixarem ofuscar por falsas e vãs ilusões.
Tu que brilhas soberana no céu de Maio,
e que provocas um mágico encantamento,
mexendo com as emoções mais profundas,
trazei a paz aos corações humanos
E às almas em evolução, um grande contentamento.
Assim Es Lua e Assim Seras através da sua energia.”

Durante a Lua Azul você encontrará o momento perfeito para conquistar tudo aquilo que deseja através de sua forte energia. É como se todos da terra tivessem uma segunda chance no mesmo mês para pensarem em todas as decisões e usufruírem de uma forte vibração capaz de auxiliar as conquistas.

Juliana Viveiros Tonin

domingo, 12 de maio de 2019

A Anciã


A sociedade moderna, pelo seu foco no corpo físico e na manutenção da juventude de um ponto de vista estético, intenta postergar cada vez mais a fase do desenvolvimento humano a qual chamamos de “velhice” ou “terceira idade”.
Temos receio de falar ou perguntar a idade de alguém, com medo de ofender, como se envelhecer fosse o prenúncio do fim da vida, ou o luto de uma juventude supervalorizada e vista como a fase mais relevante da nossa vivência. Tememos todos os prejuízos relativos ao corpo, a suposta ociosidade, a inatividade sexual, a redução dos recursos materiais e o retorno à dependência, como se fôssemos novamente nos tornar crianças.
Se olharmos para além da produtividade e do consumo, do material e do perecível, veremos caminhando serenamente na profundeza dos mistérios a Anciã, a face arquetípica da psique feminina que incorpora não o fim de um processo, mas a integração de toda a vivência.
A Anciã não busca pela verdade; ela se torna a própria verdade. A Anciã não busca por sabedoria; ela se torna a própria sabedoria. Ela é a sábia, que age acima de tudo com ética e justiça, pois ela entende que a verdade universal está além do visível aos olhos do corpo e do palatável à mente dos desejos. Ela transita entre realidades, pois sabe que o seu espírito não tem limites. Por isso, também, não teme a morte; ela a tem como uma importante mestra, que em seu vislumbre no horizonte a ensinou, ao longo de sua jornada na vida encarnada, que apenas levaremos para além desta vida mundana o que está integrado ao SER. Tudo o que possuímos – seja um corpo, bens materiais, desejos impetuosos – não perdurarão.
A Face Anciã da psique feminina saudável carrega em si a ingenuidade e a curiosidade da Donzela, pois sabe que há diversas outras realidades a explorar; sustenta o ímpeto amoroso e doador da Mãe, pois sabe que o seu despertar implica na responsabilidade de nutrir toda a criação, e de manter o incessante movimento da vida-morte-renascimento.
A Anciã não é o fim, nem o começo.
Ela é o próprio ciclo infinito da existência.
Wofiira Morrigan

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Bruxaria de Cozinha

Hoje vamos falar novamente de Bruxaria de Cozinha mas abordando um tema que nos preocupa e nos interessa a todos: Prosperidade! Todos queremos ter uma vida financeira e material equilibrada e sem preocupações. Grande parte das preocupações modernas estão ligadas a dinheiro e à necessidade de obter dinheiro e estabilidade financeira, por isso, hoje vamos falar um pouco sobre como podemos ajudar-nos a nós próprios e a outros com a Bruxaria de Cozinha. 

Tal como todo o tipo de Magia, a Bruxaria de Cozinha também requer um mindset específico e necessita que nós próprios arranjemos espaço na nossa vida para aquilo que queremos. De nada vale fazer uma dieta em torno da prosperidade e magia para prosperidade mas não abrir espaço na nossa vida para que essa prosperidade venha ou não nos esforcemos para ir ao encontro dessa fonte de prosperidade. É como fazer um ritual para conseguir um emprego mas não procurar empregos... É necessário que alteremos a nossa forma de estar e pensar, de forma a atrair a prosperidade que queremos. 

Para isso, seguem algumas dicas: 

  • Faça uma gestão apropriada do dinheiro: Faça uma lista com os gastos mensais que tem (compras, contas, comida, etc) e entenda para o onde o dinheiro vai. Ter noção de onde estão a ser feitos os gastos é uma boa forma de saber o que pode, ou não, cortar e assim poupar. 
  • Mude a forma de pensar: Deixe de ter pensamentos como "estou tão pobre", "nunca tenho dinheiro" e substitua por pensamentos positivos. Abra espaço na sua mente para que a prosperidade ganhe raízes. Se achar necessário, faça algumas afirmações diárias em frente do espelho para ajudar a manifestar esses pensamentos. 
  • Entenda qual o propósito de ter dinheiro: O dinheiro não vai resolver todos os seus problemas e é preciso entender que apesar do dinheiro sem útil e resolver muita coisa, poderá ainda haver problemas que não serão resolvidos por ter mais dinheiro. 
  • Crie objectivos realistas: Não pense que por fazer magia para atrair dinheiro que vai ganhar o euromilhões ou a lotaria de um dia para o outro ou encontrar dinheiro perdido no chão. Tenha objectivos realistas de como esse dinheiro pode entrar na sua vida (melhor emprego, promoção no trabalho onde está, vendas na sua loja, etc). 
  • Esteja preparado para se esforçar: O dinheiro não vai cair do céu, nem com magia. A magia é a ajuda, não a solução. Vai ser necessário esforço e trabalho. Não pode apenas fazer os rituais ou as refeições e esperar que as coisas surjam sem acção sua.
  • Dê algo em troca: Quando vir que existe um aumento estável dos rendimentos, não se esqueça de devolver como agradecimento, contribuindo para alguma associação ou organização. Se estiver a fazer o trabalho com alguma divindade, até pode fazer a doação em nome da divindade e fazer como oferenda e agradecimento pela ajuda. 

A nível da alimentação, e da Bruxaria de Cozinha, pode fazer alguma dieta voltada para a Prosperidade, por exemplo, uma semana por mês. Durante uma semana faz uma alimentação com alimentos associados à prosperidade e ao dinheiro e focas as suas energias nessas mudanças que pretende ver na sua vida. Associando este trabalho com as dicas anteriores, acredito que terá excelentes resultados!

Ao cozinhar não se esqueçam também da parte mais importante da Magia: Visualizar! Enquanto mexem a comida (preferencialmente no sentido dos ponteiros do relógio) visualizem o objetivo, enquanto partem os legumes ou enquanto estão a adicionar as especiarias no tacho. E, também, quando estão a comer! A visualização é a chave para o sucesso de uma Bruxa ou Bruxo!

Alguns dos ingredientes associados à Prosperidade são:

Especiarias: Pimenta da jamaica, manjericão, canela, gengibre, cravinho-da-índia, salsa e endro.
Vegetais: Feijão, feijão-frade, alface, abóbora, espinhafre, tomate, couve, beringela, sementes de alfafa.
Frutos e Sementes: Banana, amoras, figos, pêras, kumquat, ananás, uvas, romãs, millet, arroz, aveia, farelo, cevada, trigo sarraceno, amêndoas, castanha do brasil, amendoins, sementes de sésamo, caju, macadâmia, pinhão e noz-pecã.

Algumas sobremesas que também estão ligadas à Prosperidade são chocolates, bananas cobertas com chocolate, chantilli, doces, tartes de banana ou de frutos vermelhos, pão de gengibre, maçapão, gelados com os frutos secos indicados anteriores. E também temos outros alimentos como brandy de frutos vermelhos, leite de chocolate ou de cacau, leite, bolos de aveia, sal, chás, etc. 

Quando estiverem a cozinhar para Prosperidade tentem que os alimentos tenham formatos quadrados. Façam tartes quadradas ou fruta partida em pedaços em formatos de quadrados ou cubos, dado que este formato é associado ao elemento Terra e, como tal, associado à posse material. Como repararam em cima uma das coisas mais associadas à prosperidade são sementes e frutos secos, como tal, aproveitem para colocar um pouco em várias refeições diferentes! Sementes de sésamo são excelentes para colocar em pratos vegetarianos e dão todo um novo aspecto, façam sobremesas à base de fruta e não tem medo de comer gelado (porém é necessário recordar que o objectivo é sempre ter dietas equilibradas, sem abusos!). Se possível, tentem usar grãos, pães, massas e arroz integral. Ultimamente com a expansão da alimentação vegetariana e vegan, os ingredientes integrais estão a tornar-se cada vez mais comum e a preços acessíveis. Não só são saudáveis como também são ideias para refeições voltadas para a Prosperidade. 

- "Cunningham's Encyclopedia of Wicca in the Kitchen" by Scott Cunningham
- Sob o Luar, Alexia Moon 

A Origem do Dia das Mães


História do Dia das Mães

As mais antigas celebrações do Dia das Mães remontam às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Deusa da fertilidade, era uma titã filha de Urano e Gaia, se casou com seu irmão Cronos, mãe de Deméter, Hades, Poseidon, Hera, Héstia e Zeus. Devido ao seu forte instinto maternal, a Deusa se tornou um símbolo para todas as mães que assumem um papel de amor incondicional e fraternidade perante seus filhos.

Em Roma, as festas comemorativas do Dia das Mães eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimônias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.
Durante o século XVII, a Inglaterra celebrava no 4º Domingo de Quaresma (40 dias antes da Páscoa) um dia chamado “Domingo da Mãe”, que pretendia homenagear todas as mães inglesas. Neste período, a maior parte da classe baixa inglesa trabalhava longe de casa e vivia com os patrões. No Domingo da Mãe, os servos tinham um dia de folga e eram encorajados a regressar a casa e passar esse dia com a sua mãe.

À medida que o Cristianismo se espalhou pela Europa passou a homenagear-se a “Igreja Mãe” – a força espiritual que lhes dava vida e os protegia do mal. Ao longo dos tempos a festa da Igreja foi-se confundindo com a celebração do Domingo da Mãe. As pessoas começaram a homenagear tanto as suas mães como a Igreja.

Nos Estados Unidos, a comemoração de um dia dedicado às mães foi sugerida pela primeira vez em 1872 por Julia Ward Howe e algumas apoiantes, que se uniram contra a crueldade da guerra e lutavam, principalmente, por um dia dedicado à paz.
Outro fato da criação de um Dia das Mães. Anna Jarvis, que em 1904, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1907, foi celebrado o primeiro Dia da Mãe, na igreja de Grafton, reunindo praticamente família e amigos. Nessa ocasião, a sra. Jarvis enviou para a igreja 500 cravos brancos, que deviam ser usados por todos, e que simbolizavam as virtudes da maternidade. Ao longo dos anos enviou mais de 10.000 cravos para a igreja de Grafton – encarnados para as mães ainda vivas e brancos para as já desaparecidas – e que são hoje considerados mundialmente com símbolos de pureza, força e resistência das mães.

Segundo Anna Jarvis seria objetivo deste dia tomarmos novas medidas para um pensamento mais activo sobre as nossas mães. Através de palavras, presentes, atos de afeto e de todas as maneiras possíveis deveríamos proporcionar-lhe prazer e trazer felicidade ao seu coração todos os dias, mantendo sempre na lembrança o Dia das Mães.

Face à aceitação geral, a sra. Jarvis e os seus apoiantes começaram a escrever a pessoas influentes, como ministros, homens de negócios e políticos com o intuito de estabelecer um Dia da Mãe a nível nacional, o que daria às mães o justo estatuto de suporte da família e da nação.

A campanha foi de tal forma bem sucedida que em 1911 era celebrado em praticamente todos os estados. Em 1914, o Presidente Woodrow Wilson declarou oficialmente e a nível nacional o 2º Domingo de Maio como o Dia das Mães.

Hoje em dia, muitos de nós celebram o Dia das Mães com pouco conhecimento de como tudo começou.

E é o que fazem praticamente todos os países, apesar de cada um escolher diferentes datas ao longo do ano para homenagear aquela que nos põe no mundo.

Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas atualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio, em homenagem a Maria, Mãe de Cristo
No Brasil a  introdução desta data se deu no RIO GRANDE DO SUL, em 12 de maio de 1918, por iniciativa de EULA K. LONG, em SÃO PAULO, a primeira comemoração se deu em 1921. 
No Brasil, o Dia das Mães é comemorado no segundo domingo do mês de maio, tal qual nos Estados Unidos, Japão e Itália.

A oficialização se deu por decreto no Governo Provisório de Getúlio Vargas, que em 5 de maio de 1932, assinou o decreto nº 21.366.

Em 1947, a data foi incluída no calendário oficial da Igreja Católica por determinação do Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Jaime de Barros Câmara. 

Com isso, a data se popularizou pelo mundo sendo celebrada com troca de presentes, almoços familiares, surpresas para as mães.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

A Primeira Bruxa


Contam as nossas lendas que as bruxas sempre existiram. Desde a primeira mulher que olhou para a lua e descobriu nela uma companheira no seu caminho de sangue, comprovando como ela se enchia e se esvaziava como ela. Desde que observou o mundo que o rodeava e se viu refletida na mudança das estações. Desde que viu passar diante de si não só as estações que atravessava todos os meses durante as mudanças hormonais e que a tornavam quatro aspectos de si mesma, mas também um reflexo da sua própria vida nas mudanças da natureza: as promessas e vitalidade do seu Juventude na primavera. A plenitude e a fertilidade do verão quente em seu próprio ventre inchado pela gravidez. A calma cheia de frutos que chega com o outono na idade madura. E a sabedoria e introspecção do silêncio do inverno na compreensão que chegava em sua própria velhice.
Desde que soube ser parte de um ciclo muito maior do que ela mesma, ligada com tudo o que a rodeava, parte importante de um grande mistério do qual era centro e observadora. Desde que decidiu que viveria para descobrir esse mistério e no processo descobriu muitos dos segredos da terra. Segredos que os outros chamaram de magia.
Ela descobriu que tudo o que a rodeava tinha uma alma. Uma vibração que se ligava com a sua. E cada vibração lhe falava de propriedades especiais. Cada planta vibrava de uma forma e experimentando descobriu que algumas curavam e que outras matavam, e algumas faziam as duas coisas de acordo de como eram usadas. E com elas descobriu que a vida e a morte são apenas as duas faces de uma mesma coisa. Descobriu plantas e cogumelos que lhe faziam viajar até o outro lado do véu que separa a ambas e que, se não as usava na sua justa medida, essa viagem poderia não ter retorno. Ela descobriu que as pedras que cobriam o solo do seu mundo lhe falavam de poderes de cura. Descobriu o poder transformador do fogo, física e emocionalmente. Descobriu que se ouvia o vento, este lhe contava histórias que ela tinha sabido desde sempre, e só tinha que lembrar. Ela descobriu que os seus sonhos eram mais do que imagens sem sentido que morriam quando ela acordava. Descobriu que havia um "algo" vivo por trás de cada coisa, uma batida que partia desde o mais profundo da terra e que sentia na planta dos seus pés nus em cada passo. Descobriu que podia sentir essa mesma "alguma coisa" nas gotas de chuva que deixava deslizar pelo seu corpo, no barulho da água de rios e oceanos, na brisa e no vento que lhe acariciaram como um amante, nos trovão e nos raios. , no calor do sol e no frio da noite. Aprendeu que esse "algo" estava presente no dia quente, mas também mostrava um caminho para o interior de si mesma na escuridão da noite. Ele percebeu que esse " algo " era o espírito que animava o mundo que lhe rodeava, que lhe proporcionava alimento, refúgio, sua vida... e a esse " algo " lhe colocou nome. Ela chamou-lhe "Mãe".
Tornou-se a sua filha, sua mensageira entre a humanidade e ela. Na mulher sábia da tribo que curava. Que trazia as crianças valiosas ao mundo ajudando assim a perpetuar uma espécie frágil. Que viajava para o mundo dos espíritos e trazia mensagens dos que tinham partido há muito tempo. Tornou-se conselheira e amiga. Em guia e confidente.
E quando se soube preparada começou a ensinar as outras a lembrar quem elas eram. Porque contam as nossas lendas que nós, as bruxas, somos diferentes, um grupo de almas com uma missão especial. E quem é bruxa em uma de suas vidas o tem sido sempre, em todas as anteriores e o será nas que venham depois. Que já viemos com todos os conhecimentos escondidos dentro de nós, como um tesouro, e que só temos que nos lembrar como chegar até ele.
Contam as nossas lendas que chegou um tempo de medo e ódio, e a palavra bruxa perdeu o seu significado e foi trocado por outro imundo, sujo, falso. E a humanidade tentou acabar com a gente enforcando e queimando muitas mulheres sábias, rebeldes, independentes, com voz própria e que os homens desejavam silenciar. Muitas bruxas morreram. Muito mais do que é falado.
E nos escondemos. Mas nunca esquecemos.
E quando os tempos do ódio se acalmaram em alguns lugares do mundo, regressamos vida após vida. E nos nossos sonhos lembramos. Em muitos deles eu me vejo andando de noite por um caminho que atravessa uma floresta antiga, densa e escura. Eu vou em uma fila portando uma bandeja de oferendas, água, flores, frutos... na minha frente outra mulher leva uma tocha acesa mostrando o caminho, atrás outras levando cada uma suas respectivas oferendas. Chegamos até um círculo de pedras, e cada uma sabe para qual dirigir-se e depositar sua oferenda em frente a ela. Depois estamos nos aproximamos do centro, onde há um altar em que repousa uma flor murcha que uma de nós substitui por outra fresca. Olhamos para o céu e a vemos, a lua. Cheia, grande, dirigindo o seu olhar triste para nós. Elevamos os braços chamando por ela. Reivindicando a sua presença entre nós. Dentro de nós. Um cântico surge das nossas gargantas enquanto o ritmo da terra penetra pelos nossos pés e começamos a dançar... Sabemos que o que fazemos é proibido, nós somos proibidas, mas celebramos a lua como já fizeram antes as nossas mães, as nossas avós, as nossas antepassadas que todos os meses vieram a honrá-la e a si mesmas entre estas pedras.
Quando eu acordo na minha cama neste século XXI sorrio ao lembrar quem eu sou. Eu sorrio ao saber que eles não puderam acabar conosco.
Contam as nossas lendas que a primeira bruxa vive em cada uma de nós que viemos mais tarde. Que continuamos a vir vida após vida.
Contam as nossas lendas, que todas as bruxas somos uma...
Witch Wolf