domingo, 30 de outubro de 2016

A Religião Wicca



O que é a Religião Wicca?


A Arte (como é chamada a religião Wicca) é uma religião de amor e alegria, também é uma religião xamânica, pois prega a existência de mundos paralelos ao nosso e a possibilidade de contato com os seres deste outros mundos , ao contrário do cristianismo não prega a felicidade unicamente após a morte.

A simpatia pela natureza se deve a um sentimento arraigado de pertencermos a ela e não a idéia de que Deus criou a natureza para ser dominada e explorada pelo homem. Um animal é um irmão, assim como uma pedra ou uma árvore. A mulher tem um papel muito importante na Bruxaria pois como mãe ela é uma personificação da Grande Mãe Natureza.

Devido a civilização o Homem moderno perdeu grande parte de sua conexão com a Terra, mas este não é o caso do bruxo, mesmo neste mundo mecanizado e sofisticado o Wiccanianos mantêm seu vínculo e culto a Mãe Natureza, pois reconhecem seu poder e percebem sua alma (Anima Mundi).

Filosofia

A pedra angular da Bruxaria e seu credo é:

1- Praticamos uns ritos para nos colocar em harmonia com o ritmo natural das forças naturais marcadas pelas fases da Lua e das Estações.
2- Temos consciência de que nossa inteligência nos outorga uma responsabilidade única em relação ao meio ambiente Pretendemos viver em harmonia com a Natureza, num equilíbrio ecológico e respeitando a vida dentro de um conceito evolucionário.
3- Reconhecemos um poder maior do que o detectado pela pessoa comum, tão forte que pare sobrenatural, porém que encaramos como algo que pode ser alcançado por todos.
4- Cremos num poder criativo do Universo que se manifesta através da polaridade- como masculino e feminino e, este mesmo poder reside em todas as pessoas e opera mediante a interação do masculino e feminino. Valorizamos a ambos por igual, sabendo que cada um é o apoio do outro. Valorizamos o sexo como prazer, como o símbolo e manifestação da vida .
5- Reconhecemos tanto o mundo externo como o interno ou psíquico, às vezes conhecido como mundo espiritual , O Inconsciente Coletivo, ou Planos interiores, vendo a interação entre estas duas dimensões como base para os fenômenos paranormais e exercícios mágicos. Prestamos igual atenção às duas dimensões, considerando ambas necessária para nossa realização.
6- Não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos os que nos ensinam, respeitamos os que compartilham seus conhecimentos e sabedoria e respeitamos os que valentemente se dedicam a serem mestres.
7- Consideramos que a religião, a magia e a sabedoria nos unem em nossa forma de contemplar e viver dentro do mundo e identificamos esta filosofia e visão mundial com a bruxaria o caminhos dos Wiccanianos.
8- O chamar-se bruxa/o não constitui uma bruxa, nem a herança em si, nem a coleção de títulos, graus ou iniciações. Uma bruxa pretende controlar as forças vitais dentro de si mesmo a fim de viver sabiamente, em harmonia com a Natureza e sem prejudicar ninguém.
9- Afirmamos nossa crença na vida, no progresso da evolução e no desenvolvimento do conhecimento , os quais dão significado ao Universo conhecido por nós e nosso papel dentro dele
10- Nossa única rixa com outras religiões é quanto a serem o único caminho, privando a liberdade aos demais e suprimindo outras práticas e crenças religiosas
11- Não nos preocupamos com debates sobre a história da Arte, origens e legitimidade de diferentes tradições, interessamo-nos só pelo presente e futuro.
12- Não aceitamos o conceito de mal absoluto, nem adoramos nenhuma entidade maligna. Não buscamos o poder através do sofrimento dos demais.
13- Cremos que devemos buscar dentro da Natureza para nossa saúde e bem-estar.

Verdades e Mentiras


Existe uma enorme diferença o que é visível e o que a Wicca realmente é; porém, como é difícil traduzir  seja em palavras ou algo perceptível e palpável, também é compreensível sua banalização, como forma de popularizar ou introduzir os interessados neste tema, mesmo que, algumas vezes, esta forma cause equívocos ou traga consequências negativas, pois mesmo esta é uma forma de aprender; afinal também se aprende com os próprios erros.

Tentando dissolver as brumas que encobrem o assunto: a Wicca é o nome dado para antiga religião praticada pelos povos Celta, também conhecida como bruxaria ou a “Arte”.

Como sua origem é europeia não tem relação, exceto algumas similaridades, com práticas de povos orientais, africanos ou indígenas, muito embora coexista tranquilamente com estas, pois respeita o que de melhor cada povo desenvolveu.

É uma religião, filosofia e estilo de vida, transmitida por tradição oral, muito embora possuíssem escrita, os Celtas não usavam a escrita para registrar ou fixar seus procedimentos, pois consideravam que escrevendo limitavam o desenvolvimento desta religião, que tendo uma linha diretriz poderia ser maculada pelas contingências, valores, conceitos e até mesmo interesses de uma época.

Esta falta de um código escrito possibilitou a ocorrência de duas coisas; uma muito positiva, a sua evolução e atualidade, pois tendo crescido em células familiares se desenvolveu sem grandes pretensões de atingir o grande público, mantendo também sua essência. Outra consequência foi que se criasse e atribuísse a Wicca conceitos, práticas que não lhe pertenciam, o que é bem óbvio para quem entende o seu cerne e sabe que muitas vezes colidem, mas que para o grande público passa imperceptível, incorporando práticas de outras tradições, talvez com intuito de completá-la, só que ela é completa.

É difícil aceitar como positiva esta miscelânea, pois cada tradição é o substrato filosófico e espiritual de uma cultura, liga cada povo à sua Egrégora, ou melhor, explicando, quando praticamos as tradições de nosso povo reforçamos os laços de identidade cultural, vínculos com o plano espiritual correspondente e com nossos mentores. O ecletismo forma uma cultura homogênea que nivela por baixo, para ter aceitabilidade, mutila conceitos e valores de suas tradições de origem transformando-as em meras práticas para o alcance de objetivos bem distantes do conteúdo espiritual a que se destinavam primordialmente, não promovendo, portanto, nem crescimento, nem equilíbrio e nem espiritualidade.

A propósito deste tema, esta miscelânea espiritual, o filósofo americano Ken Wilber denominou este processo de adoção seletiva de alguns valores e conceitos de uma filosofia para a sua aplicação fora de contexto, de “Boomerite” para ele este fenômeno apareceu com a geração pós guerra ( os Baby Boomers) , que pretendendo entender os valores orientais, adotaram práticas como a meditação budista buscando a iluminação e transcendência que as religiões do Ocidente não promoviam, só que desconsiderando o fato de que estas práticas vem de um contexto de valores e costumes de um povo que são impraticáveis no mundo ocidental, praticas assim fora de contexto criam um falso verniz de consciência e evolução sem desatar nós internos.

De modo que sendo a Wicca uma tradição ocidental é uma fonte mais fácil de ser assimilada por ocidentais.

Não que isto signifique que seja superior, ou melhor. A Wicca não é uma religião de massa, seu caminho é para os buscadores individuais que estejam dispostos a desenvolver a consciência, a identidade e a conexão com a própria alma.

A Arte é frequentemente associada a feitiços, ritos para a obtenção de algo, como se sua finalidade fosse exclusivamente esta, uma interpretação errônea do fato de utilizarmos materiais e o auxilio de força elemental de plantas, pedras, fogo etc. em rituais, por que desenvolvemos a capacidade de acessar a consciência presente em tudo, interagimos com ela podendo, também pedir o auxílio.

A prática da magia é uma consequência de longos anos de treino para o desenvolvimento da consciência, a percepção de universos paralelos e a criação do que chamamos de personalidade mágica, um senso de identidade ampliada que suplanta a comum. Assim, a mera execução de feitiços descritos em livros ou sortilégios não são operações de magia é preciso estar habilitado para executá-las, aliás, quando se está habilitado nem é  preciso executa-las.

O desenvolvimento da percepção nos habilita a lidar com experiências de limiar ,ou “entre mundos”(momentos ou situações de transição como fases da Lua, as estações do ano e seus quartos, chamados festivais entre outros incluindo transições pessoais, fases de crescimento etc.). Esta percepção traz consigo a capacidade de avaliar com reverência o poder contido nestes momentos como portais.

O desenvolvimento da consciência é um tanto parecido, pois através da consciência acessamos estes portais. A consciência não se forja senão com empenho, não se pula etapas, não se acessa um determinado portal com a exceção de um rito se não houver desenvolvido a consciência  necessária para assimila-lo , quanto muito, o que pode acontecer é que se  tenha impressões distorcidas, maculadas pela própria ignorância e dificuldade em interpretá-las, não trazendo nem crescimento, nem  evolução, pelo contrário pode causar desequilíbrio psíquico, como no caso de alucinações, medos etc., resultados comuns em praticantes inexperientes que querem alçar voos mais altos sem a devida competência.

A personalidade mágica é o resultado de um processo de autotranscedência e é pressuposto para que ocorra a iniciação, quando se recebe um novo nome com o qual passa a se apresentar diante do plano espiritual que o recebe como iniciando o caminho. A iniciação não é conferida pela bruxa/o mais experiente, ela é confirmada num rito onde o iniciado sela seu compromisso, mas depois da autorização do plano espiritual .

O treinamento mágico inclui não apenas um conhecimento teórico, o desenvolvimento espiritual, o autoconhecimento, o desenvolvimento de habilidades psíquicas, como também uma prática de  desenvolvimento integral, por isso envolve assuntos tão díspares como culinária, sexualidade , uso medicinal e mágico de plantas, ervas, cristais, exercícios entre outros; acreditamos que a evolução só se dá se todos os aspectos evoluírem, pois desenvolver a mente  sem desenvolver o emocional, ou psíquico e o espiritual descompassa e dissocia o indivíduo  de sua natureza e ritmo e da Natureza, o desenvolvimento deve ocorrer em seus múltiplos aspectos, só se alcança outro nível quando todas as partes de si mesmo alcançaram este nível.

Os estados alterados usados na bruxaria devem ser alcançados naturalmente, caso contrário não há desenvolvimento da consciência, mas da inconsciência.

A Wicca também é confundida com movimentos culturais e modismos adotados pelos jovens. De um lado as novas gerações vêm de encarnações onde esta prática foi difundida, mas nascendo no contexto de hoje, os jovens podem misturar coisas que não correspondem ao estilo de vida wicca.

Um exemplo é o uso da roupa preta símbolo de introspecção e recolhimento não é nem uniforme de bruxo, nem uma forma de ser reconhecido como tal.

O mesmo se dá com os amuletos e pentagrama que embora possam ser de grande beleza, não são meros adornos.

Quais são os valores wiccanos? O estilo de vida natural, vital, primordial. Acreditamos que a formação dos valores atuais tornou a alimentação artificial, os relacionamentos artificiais e papéis artificiais.

Como no caso no essencial masculino e feminino a homogeneidade dos papéis violou a essência sob a égide de uma causa aparentemente nobre, a igualdade de direitos e deveres, perdeu-se a noção de que antes era preciso reconhecer as desigualdades. Assim como no caso do budismo Boomerite os ocidentais estavam desacostumados demais em respeitar os direitos femininos, não souberam realizar o processo de recuperação destes direitos de forma sábia, provocando profunda desorientação nos relacionamentos.

Como wiccanos buscamos o feminino e masculino primordiais traduzidos em nossas divindades, mas reconhecemos que houve conquistas no movimento feminista, inclusive o próprio ressurgimento da Wicca , já que a imagem da bruxa, não a velha feia e má, mas a mulher madura ,dona de si e sábia condizia muito com o papel que as feministas pretendiam ter, o seriado a feiticeira dos anos 60  é uma confirmação deste fato.

Mais tarde no movimento hippie outro valor wiccano veio à tona, a liberação sexual, com consequente mais liberdade no vestir e lidar com o corpo.

Nos anos 80 a busca por formas alternativas de cura e o aparecimento do movimento ecologista, resgatou a ideia de que a Natureza e nós fazíamos parte de um grande organismo vivo Gaia (conceito de James Lovelock), que precisávamos lutar pela vida, movimento que mobilizou indivíduos em todas as nações e pressionou governantes a mudarem o enfoque da exploração de recursos, a bruxaria sempre considerou a Terra uma Deusa e sempre considerou os seres vivos colegas.

A ideia superior e mais abrangente sobre a sacralidade do Planeta também  foi tratada por Ruperti Sheldrake em Renascimento da Natureza, onde apresentava o conceito de campos mórficos (alma) de plantas e lugares,algo como uma consciência que transmitia informações a indivíduos da mesma espécie, e incentivava a que mais do que preservar ou conhecer os lugares voltássemos a realizar peregrinações e realizar rituais em locais conhecidos como sagrados, centro de força (limiares, entre mundos), para que a nossa atitude reverente agregasse ainda mais poder a estes locais, conceito que justifica todo empenho de bruxos em realizar as celebrações em locais abertos na Natureza, agradecendo e abençoando a fertilidade da Terra.

Na Europa estes locais sagrados, os nemetons e fontes sagradas onde os druidas realizavam seus rituais deram lugar à construção de igrejas, mantendo ainda assim o seu poder. Para a bruxaria a Natureza  intocada é por si só um templo, tendo a abóbada celeste como limite, ideia da prática da magia dos lugares é por que neles a energia telúrica e astral é maior, fator que colaboraria com a intenção desejada, semelhante ao que no oriente chama-se Feng Shui.

Mas não só as florestas de carvalho possuíam a força da natureza, mas o ser humano também, em seu corpo, mais precisamente na área sexual, justamente por sua função criadora. Aí então chegamos a um dos valores wiccanos mais polêmicos, pois enquanto outras filosofias consideram o sexo e a matéria em si como inferiores ao espírito, os wiccanos consideram-na o espírito corporificado e sem uma sexualidade saudável não há desenvolvimento integral e mais, esta sexualidade integrada abarca todas as orientações. Já seria controverso atribuir poder ao feminino e a Natureza frente as filosofia patriarcais, mas a ideia de uma sexualidade sagrada, tendo o corpo como templo, com ritos envolvendo sexo, eram valores audaciosos demais e até hoje sofremos preconceitos por isto.

Para os bruxos algo só é superior se puder abarcar ou transcender o que é inferior, nunca excluir, assim se possuímos um corpo tudo nele é natural e passível de ser um fator que contribua a nossa evolução.

Outro valor igualmente polêmico dentro da bruxaria é a possibilidade de contato direto com as divindades, por ser uma religião xamânica e sacerdotal é pressuposto que seus praticantes se desenvolvam a fim de obter contato com plano espiritual, não há fiéis, ou seja, leigos que obtenham orientação por meio do sacerdote. Esta comunicação pode ser realizada pela via xamânica, por sonhos e ainda complementada por oráculos, presságios e observação astrológica.

Pode parecer superstição para as mentes mais racionais ou céticas, mas para alguém com percepção ampliada é possível “ler” a vontade de Deus em tudo, por que a vida esta em perfeita comunicação com quem sabe ouvir. Daí muitos bruxos terem sido considerados profetas.

Outro valor importante é o de respeito a crença e filosofias diferentes da nossa, não queremos converte ninguém, cada qual deve seguir o que seu entendimento considera melhor, mas que não misturemos tradições o que nos afastaria de nossa família espiritual.

A bruxaria nunca foi “anti” alguma coisa, existe muito trabalho interno de que se ocupar para haver preocupação de se opor a algo.

Quanto muito, nos dedicamos a escrever e esclarecer usando dos meios disponíveis para retirar as brumas que séculos de perseguições nos envolveram e que praticantes mal informados acrescentaram, resgatando o tesouro espiritual do Ocidente da marginalidade, pois cedo ou tarde, as pessoas gostarão de reencontrá-lo para saciarem sua sede de espírito.

O Chamamento


A bruxaria é o caminho de viajantes, de buscadores antigos que respondem a um chamamento interno.

Esse chamamento se manifesta de diferentes maneiras. Pode ser através de um profundo e inexplicável interesse por História ou por Mitologia, por uma intensa necessidade religiosa e espiritual, que as crenças mais acessíveis não conseguem satisfazer, ou por uma marcada atração por livros e filmes que abordam o tema.

Mas, talvez, o caminho mais comum que traga as pessoas à Antiga Religião seja a tentativa de compreender o medo. O medo de não sei bem o quê, misto de interesse, preconceito e curiosidade que não se consegue apagar e, embora incômodo, permanece como uma forte tentação na qual se teme cair. Esse medo também pode se manifestar através de alergias a incenso, medo de facas ou de fogo. Pode soar estranho que um chamamento venha através do medo, mas, se lembrarmos as perseguições que durante séculos os adeptos da Antiga Religião já sofreram talvez a presença do medo se torne mais compreensível.

Existe, ainda, outro tipo de chamamento que podemos nomear como cármico. Se em outras vidas o trabalho espiritual que vinha sendo feito foi interrompido por alguma razão e permaneceu incompleto, ele retorna cobrando a finalização. É como se o tema que estava sendo trabalhado retornasse insistentemente até que o conhecimento necessário fosse alcançado.

Há, também, chamamentos que acontecem a partir de situações inesperadas tais como sonhos ou o reencontro com parceiros de alma ou sensações de déja vu.

Mas, seja qual for o caminho através do qual o chamamento se manifeste, sua principal característica é que, quando o acolhemos, a alma se aquieta e é inundada pelo sentimento de que, finalmente, estamos retornando para casa.

Treinamento em bruxaria para quem? Para os que estão sendo chamados.

Fonte - Wicca Cia das Bruxas