terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Natal e a Origem nas Antigas Crenças



Papai Noel e o Xamanismo

O Natal sempre marca o solstício de inverno no hemisfério norte. É nesse período que os xamãs, até hoje, realizam rituais de passagem para um novo ciclo anual.
Muitos povos xamânicos também comemoravam a cerimônia da árvore, representando a "Árvore do Mundo". Será por isso que levamos uma para dentro de nossas casas e a enfeitamos?
Partimos da crença de que a lenda do Papai Noel nasceu na Sibéria. Existia uma tribo na antiga Sibéria chamada O Povo das Renas.

As renas eram para os siberianos o que o búfalo representa para os nativos americanos; eram também consideradas a manifestação do Grande Espírito Rena, invocado pelos xamãs para resolver os problemas do povo. Nas suas jornadas xamânicas, ele viajava, em transe, em um trenó de renas voadoras.
Existe na Sibéria um enteógeno poderoso chamado Amanita muscária, um cogumelo vermelho com manchas brancas. É o sacramento de seus trabalhos espirituais. A Amanita muscária é um cogumelo enteógeno, que proporciona visões e introvisões de profundo significado. Esse cogumelo contém elementos que permanecem intactos em sua passagem pelo organismo, por isso os xamãs siberianos guardavam e consumiam a própria urina para ser bebida no inverno, quando não havia o cogumelo.
Não eram só os xamãs que usavam amanita, as renas também comiam. Eles até conseguiam atrair renas com a urina, que chegavam a brigar para tomá-la e as laçavam enquanto bebiam.
Alguns caçadores davam pedaços de amanita para as renas para aumentar a sua força e resistência física, e assim suportarem melhor as longas distâncias. Se as renas fossem abatidas por alguém nesse momento, quando estavam na manifestação do enteógeno, os efeitos do amanita passariam para quem comesse a sua carne.
Caçadores, ao se alimentarem de renas que haviam ingerido amanita, tiveram uma visão coletiva de um homem vestido de vermelho e branco (cor do cogumelo), um xamã que levava presentes para a população.
Eles viram o xamã voando em um trenó de renas.
Daí, conta-se que Papai Noel foi uma visão de homens que se alimentaram das renas que consumiram amanita.
A roupa do Papai Noel, por sinal, é de origem lapônica.
Tradicionalmente, os xamãs siberianos eram conduzidos em suas viagens extáticas (jornadas xamânicas) aos mundos profundos (transe) por um trenó de renas. Isso explica a origem de Papai Noel viajando por um trenó de renas. Os habitantes sentiam que os xamãs sempre lhe traziam presentes espirituais. Além disso, a fumaça do fogo onde faziam seu trabalhos saía por uma abertura nas casas (chaminés ), e era por ali que entravam e saiam os espíritos, o que também explica a origem de Papai Noel entrando pela chaminé.
O que quero dizer, na verdade, é que nosso doce e querido Papai Noel nasceu na Sibéria e tem sua origem no xamanismo. O que acham ? Coincidência?

Uma lenda siberiana

Uma lenda do koryak (Sibéria) conta que o herói da cultura, Grande Corvo, numa passagem , ele capturou uma baleia, que estava à sua frente, e queria soltá-la para traz no mar, mas era incapaz de devolvê-lo ao mar por ser tão pesado.
O deus Vahiyinin (existência) disse-lhe que deveria comer espíritos do wapaq para ter a força. Vahiyinin cuspiu em cima da terra e as plantas brancas pequenas - os espíritos do wapaq - apareceram: tinham chapéus vermelhos, e o cuspe de Vahiyinin congelado como os flocos brancos de neve. Ao comer o wapaq, Grande Corvo tornou-se excepcionalmente forte e conseguiu atirá-la ao mar.

A partir daí o cogumelo crescerá para sempre na Terra, e os povos podem aprender o que ele ensina. Wapaq é a mosca Agarica, um presente diretamente de Vahiyinin - plantas dos deuses.
Nas biografias legendárias de alguns adeptos do budismo, há alguns indícios que podem ser interpretados para revelar que eles consumiam o cogumelo Amanita muscaria para conseguir a iluminação.
Eles mantinham o voto de manter o segredo dessas práticas, tanto que sua identidade foi escondida atrás de um jogo de símbolos.
Alguns pesquisadores acreditam que ele é o soma, dos Vedas (a mais antiga literatura sagrada da humanidade).
Soma era mais do que uma bebida, e seu sumo expressa um deus. Sugere-se o deus Agni, deus do fogo. O soma é simbolizado pelo touro, o símbolo do rig veda (hino aos deuses) da força.
Nas pesquisas, o uso do amanita aparece também em tradições da Ásia do Norte e do Sul, nas tradições germânicas ligadas a Odhin, em usos xamânicos mais adiantados nas florestas da Eurásia do Norte. Visto também, por muitos anos, no distrito de Kanto, no Japão; no Norte da Europa; Índia; e na América Central por muitos anos.
Também identificado como o Haoma, dos Persas. Esses cogumelos sagrados foram utilizados por xamãs para a cura espiritual; era a entrada para incorporar o reino dos deuses.
O cogumelo sagrado Amanita Muscaria, segundo alguns pesquisadores, é o mesmo citado por Lewis Carroll em "Alice no País das Maravilhas" Teria Lewis ingerido o enteógeno para escrever seu livro ?
Relata-se também efeitos analgésicos significativos, para curar males da garganta, feridas cancerígenas, artrites.
O amanita contém os princípios ativos muscazon, ácido ibotênico, muscimelk e bufoteína. Os efeitos começam entre 20 e 30 minutos após a ingestão e duram de 6 a 8 horas.
Geralmente, o usuário experimenta visões semelhantes aos sonhos.
O Amanita muscaria, em suma, é um dos cogumelos mais bonitos, com um encanto misterioso.


Autor: Léo Artése, publicado em www.terramistica.com.br